64ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 1. Antropologia - 8. Antropologia
Abiyéyé Maylô: o nascimento de um bloco afro em um terreiro de Mina no Maranhão
Gerson Carlos Pereira Lindoso 1
1. Profº Msc./Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão-IFMA, Campus São Luís-Monte Castelo
INTRODUÇÃO:
Abiyéyé Maylô, termo em língua africana que significa ‘renascimento do mundo’ é o primeiro bloco afro pertencente e criado por um terreiro de Tambor de Mina no Maranhão, o Ilê Ashé Ogum Sogbô, chefiado pelo babalorixá-vodunon Airton Gouveia. A matriz afro-religiosa Tambor de Mina é uma religião de bases africanas fundada em terras maranhenses, a princípio na capital São Luís, em meados do séc. XIX de culto às entidades espirituais denominadas de voduns (culturas jeje daomeanas); orixás (Nagôs Iorubanos); encantados e caboclos (diversas procedências).
METODOLOGIA:
O presente trabalho tem como objetivo principal fazer um estudo etnográfico do bloco afro Abiyéyé Maylô, refletindo sobre categorias e significados importantes propiciadores da formação e elaboração do grupo em si, a transmissão de conhecimentos e saberes (sociabilidade, socialização, integração); o fortalecimento das identidades e o combate ao preconceito e intolerância afro-religiosa. Utilizamos como métodos de desenvolvimento da pesquisa proposta a observação-participante, onde acompanhamos momentos pontuais do bloco (nascimento ou formalização, ensaios, apresentações, etc.); Pesquisa bibliográfica em material específico (Antropologia Cultural, Religiosa, Dança); Entrevista com membros da diretoria/organização do grupo; Registros fotográficos e imagéticos (vídeos das performances).
RESULTADOS:
Uma de nossas problematizações foi a de analisar como o bloco afro Abiyéyé Maylô na sua proposta social integradora dentro da comunidade-terreiro dialoga com o público externo a ele (pessoas e jovens de fora da religião). Na verdade, tivemos como resultados principais uma acelerada mobilização da comunidade afro-religiosa do terreiro de Ogum Sogbô para que o bloco pudesse sair às ruas da cidade, fazendo uma conexão ampla do religioso (símbolos afro-religiosos do Tambor de Mina, entidades espirituais, histórico das divindades, etc.) com o profano (locais públicos, festas como carnaval e outras de cunho popular). É importante ressaltar que o Abiyéyé Maylô adquiriu uma certa proeminência em uma curta temporada de existência (três anos) em face do trabalho de organização da própria comunidade-terreiro para que o bloco se desenvolva, tendo como uma de suas principais bandeiras o combate a toda sorte de intolerâncias afro-religiosas.
CONCLUSÃO:
Afirmamos de modo conclusivo que o bloco afro Abiyéyé Maylô está conseguindo ao longo de seus três anos de existência trazer alternativas de conscientização, maior aceitação e auto-estima para os jovens integrantes do grupo, despertando o seu interesse para integrar um projeto social de bases culturais e afro-religiosas, onde os mesmos estão se mostrando aptos para conhecer mais os símbolos e história da própria religião de matriz africana.
Palavras-chave: Bloco Afro, Abiyéyé Maylô, Religiões Afro-Brasileiras.