64ª Reunião Anual da SBPC
A. Ciências Exatas e da Terra - 4. Química - 2. Química Ambiental
ISOTERMAS DE ADSORÇÃO DO CORANTE TÊXTIL AZUL REMAZOL POR PECÍOLO DE BURITI (Mauritia flexuosa L.f.)
Domingos Sérgio Araújo Silva 1
Carlos Alexandre Holanda 1
Celisnolia Morais Leite 1
Sirlane Aparecida Abreu Santana 1
Cícero Wellington Brito Bezerra 1
Hildo Antônio dos Santos Silva 2
1. Depto. de Química – UFMA
2. Prof. Dr./Orientador – Depto. de Química – UFMA
INTRODUÇÃO:
Os resíduos gerados pelas indústrias do setor têxtil causam sérios transtornos à sociedade. Os efluentes dessas indústrias dispõem de um grande conteúdo de corante, que lançados no meio ambiente podem causar problemas graves, principalmente em recursos hídricos, tais como a redução da demanda química de oxigênio, diminuição da penetração da luz, mutações, câncer e outros. Estima-se que existem cerca de 100 mil tipos de corantes e pigmentos em escala comercial, e anualmente são produzidas mais 700 mil toneladas de corantes. No processo de tingimento é perdida de 10 a 20 % da produção mundial de corantes. Entre os métodos usados para diminuir a concentração de corantes em efluentes industriais, a adsorção é vista como a mais eficaz e economicamente viável. Entretanto adsorventes com alto potencial de remoção possuem restrições que impedem sua aplicação em escala industrial, devido sua produção onerosa. Nesse sentido, tem-se direcionada a atenção para utilização de adsorvente de baixo custo, como pseudocaule de bananeira, epicarpo de coco babaçu, mesocarpo de coco verde, casca de arroz. Nesse sentido podemos incluir o pecíolo do buriti como adsorvente alternativo para remover corantes ou outros contaminantes. Seu potencial de remoção pode ser avaliado por estudos isotérmicos.
METODOLOGIA:
O pecíolo do buriti, obtido no município de São Luís - MA, Brasil foi triturado, em moinho de facas, lavado com água destilada até condutividade constante, seco em estufa a 50 °C e peneirado para obtenção da faixa granulométrica compreendida entre 0,088 a 0,177 mm. Com o intuito de encontrar a quantidade máxima adsorvida do corante e a influência da temperatura realizou-se seis isotermas, 5, 15, 25, 35, 45 e 55°C. As isotermas foram obtidas colocando 0,1000 g do adsorvente em contato com 25 mL da solução do corante nas concentrações de 100, 200, 300, 400, 500, 600, 700, 800, 900 e 1000 mg/L, em pH 2, tempo de equilíbrio de 180 minutos e agitação de 120 rpm. Após o tempo de contato o adsorvente foi removido da solução por filtração e determinada a concentração da solução final por espectrofotometria. Os modelos de Langmuir, Freundlich, Temkin e Multicamada foram aplicados aos dados experimentais para prever o processo de adsorção do corante.
RESULTADOS:
Um fator importante a ser analisado no processo de adsorção é a concentração inicial da solução do corante. O aumento da concentração do corante provoca um acréscimo de remoção devido o aumento da força motriz do sistema que gera a transferência de massa por difusão. A formação de outras camadas de adsorção foi confirmada pelo modelo isotérmico de multicamada, que apresentou o melhor ajuste para as temperaturas de 5, 25, 35, 45 e 55 °C, as quantidades adsorvidas na monocamada nessas temperaturas estimadas por esse modelo foram, aproximadamente, 31, 35, 27, 24 e 20 mg/g, respectivamente. A temperatura de 15 °C foi mais bem descrita pelo modelo de Freundlich, como indicam os valores dos parâmetros estatísticos R2 (Coeficiente de Determinação) e χ2 (Qui-quadrado). O efeito da temperatura foi investigado nas dez concentrações utilizadas nas isotermas de adsorção. Observa-se que o aumento da concentração é acompanhado pela diminuição gradual da quantidade removida, indicando que o processo de adsorção do corante azul remazol é exotérmico, ou seja, o aumento da temperatura provoca a redução da capacidade de remoção do adsorvente.
CONCLUSÃO:
Os experimentos isotérmicos evidenciaram a formação de duas camadas de adsorção, como prevista pelo modelo de Multicamada. Os dados de adsorção mostraram que o processo adsortivo do corante azul remazol pelo pecíolo do buriti depende da temperatura, e a capacidade máxima adsorvida é obtida com a diminuição da mesma, o que configura um processo exotérmico.
Palavras-chave: Mauritia flexuosa L.f., Isoterma de adsorção, Corantes têxteis.