64ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 13. Parasitologia - 4. Parasitologia Geral
A INFLUÊNCIA DE FATORES SOCIOECONÔMICOS E DA AÇÃO PÚBLICA DOS SERVIÇOS DE SAÚDE NO CONTROLE DA DENGUE NO MUNICÍPIO DE PICOS
Rafaela Maria Pessoa Nunes 1
Siumara Beserra Dantas 2
Paulo Michel Pinheiro Ferreira 3
1. Depto. de Ciências Biológicas, Campus Senador Helvídio Nunes de Barros (CSHNB), Universidade Federal do Piauí – UFPI
2. Depto. de Ciências Biológicas, CSHNB, Universidade Federal do Piauí – UFPI
3. Prof. Dr. / Orientador - Depto. de Ciências Biológicas, CSHNB, Universidade Federal do Piauí – UFPI
INTRODUÇÃO:
A dengue é a arbovirose de maior incidência no mundo, sendo endêmica em todos os continentes, exceto a Europa. Cerca de dois terços da população mundial vivem em áreas infestadas com mosquitos vetores do dengue, especialmente o Aedes aegypti e, em alguns locais, o Aedes albopictus, onde circulam algum dos quatro sorotipos do vírus (DEN-1, DEN-2, DEN-3 e DEN-4), em alguns casos, simultaneamente (HALSTEAD, 2007). No controle do vetor, a participação da comunidade é extremamente importante para a erradicação de locais com água que sirvam como criadouros, embora a única opção para combater a dengue continua sendo o controle do A. aegypti por meio de inseticidas químicos (TAUIL, 2002). No Brasil, cerca de 721 mil casos foram notificados em todo o país até setembro de 2011. Nessa mesma época, o Estado do Piauí apresentou 10.160 casos, um aumento de 57% quando comparado ao ano de 2010 (6.484 casos) (MS/SVS, 2011). Com base nessa ascensão da dengue no Piauí, o objetivo desse trabalho foi realizar um levantamento de dados sobre os fatores socioeconômicos, epidemiológicos, biológicos e a ação pública do serviço de saúde local no controle e prevenção de doenças veiculadas por mosquitos envolvidos na transmissão da dengue na região urbana da cidade de Picos.
METODOLOGIA:
O levantamento estatístico foi feito na cidade sede do município de Picos, a terceira cidade mais populosa do Piauí, entre maio e agosto de 2011. Os dados foram coletados por meio de entrevistas (700 no total) realizadas de modo sistemático através de um questionário como também a observação das condições de saneamento dos bairros: Junco, Pedrinhas, Centro, Canto da Várzea, Samambaia, Ipueiras e Bomba. O questionário foi composto por perguntas socioeconômicas como também perguntas relacionadas o quanto a população tem conhecimento acerca da forma de transmissão e prevenção da doença. Dentre as perguntas socioeconômicas estavam: sexo, grau de instrução, idade, renda mensal da família, o número de habitante por casa, a existência ou não de água encanada, coleta de lixo e sistema de esgoto, onde provavelmente o entrevistado adquiriu o vírus, onde obteve informações e o que tem feito para se prevenir contra a dengue. Um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) foi aplicado após o aceite de aplicação do questionário.
RESULTADOS:
Foram entrevistados 700 indivíduos: 66,5% do sexo feminino e 33,5% do sexo masculino. A maioria dos entrevistados tinha o ensino fundamental incompleto (20,2%) e apenas 16,2% disseram possuir o segundo grau completo. A maioria das residências tinha até 3 (53,7%) ou até 5 moradores (40%). A distribuição de água encanada, o esgotamento sanitário e a coleta regular de lixo estão presentes em 99,7, 80,1 e 98,6% dos domicílios, respectivamente, variando por bairro. Notou-se que 66,1% possuíam até dois salários mínimos, 26,2% até 5 e apenas 1,4% afirmaram possuir renda acima de dez salários mínimos.
Um número total de 197 possíveis casos de dengue a partir de 2008 foram relatados: Samambaia (42), Canto da Várzea (36), Junco (27), Centro (26), Pedrinhas (24), Bomba (23) e Ipueiras (19). Pesquisas relatam que a infraestrutura dos bairros é um fator de risco para a proliferação de criadouros (OLIVEIRA, 2003). Do total das 197 pessoas que afirmaram ter sido infectada pelo vírus da dengue, 109 procuraram assistência médica e 57,7% destas realizaram o exame laboratorial confirmativo; 34% não procuraram auxílio médico, mas se automedicaram. Dos 109 pacientes, 40,3% foram internados. Observou-se que 48% das residências pesquisadas foram previamente visitadas por agentes de saúde.
CONCLUSÃO:
De acordo com a percepção dos entrevistados, obteve-se uma quantidade de 197 possíveis casos de dengue, embora somente 63 casos foram laboratorialmente confirmados. Dentre os bairros estudados, evidenciou-se que o bairro Samambaia é que possui a maior quantidade de famílias sem rede de esgoto, sendo que este também foi o bairro que apresentou o maior índice de casos auto-referidos (42%).
Palavras-chave: Dengue, Fatores socioeconômicos, Picos.