64ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 12. Ensino de Ciências
Focos temáticos das investigações relativas à educação em museus e centros de ciências no Brasil
Daniel Fernando Bovolenta Ovigli 1
João José Caluzi 2
1. Mestre em Educação - UFSCar/Doutorando em Educação para a Ciência - Unesp/Bauru
2. Prof. Dr./Orientador - Departamento de Física - Unesp/Bauru
INTRODUÇÃO:
Estima-se que tenham sido produzidas aproximadamente 1600 teses e dissertações relativas à educação em ciências durante quatro décadas de pesquisa na área. Frente a esse quantitativo de pesquisas se fazem necessários estudos de revisão bibliográfica dessa produção. A realização dessas investigações se justifica pela necessidade do estabelecimento de um quadro geral sobre o que pensam os grupos de pesquisa, os caminhos que têm sido percorridos pelos pesquisadores, as linhas teórico-metodológicas empregadas, os resultados encontrados, a relação Universidade-Educação Básica e a efetiva melhoria da qualidade da educação em ciências no país. A esse respeito, pesquisadores interessados na melhoria da educação científica, em suas diferentes modalidades, pouco têm avançado no sentido de compartilhar resultados e contribuições das investigações ou ainda de inferir lacunas e necessidades da área e, por conseguinte, apresentando soluções, ainda que parciais, para alguns problemas presentes no sistema educacional no país. Frente a esse breve panorama, o presente trabalho tem como objetivo levantar e analisar os focos temáticos das pesquisas sobre educação em museus e centros de ciências no Brasil, descrevendo suas principais características e tendências, bem como recomendações para novas investigações.
METODOLOGIA:
O presente estudo apresenta-se como do tipo estado da arte. No campo educacional tais reflexões tomam como princípio que o avanço das pesquisas dessa área nos últimos quarenta anos é fato incontestável. Surge, então, a necessidade de parar e olhar em volta para ver o que já foi feito, por onde se andou e para onde se pretende ir. Estudos desse tipo também são reconhecidos por fazerem uso de uma metodologia de caráter inventariante e descritivo da produção acadêmica e científica sobre o tema que busca investigar, à luz de categorias e facetas que se caracterizam enquanto tais em cada trabalho e no conjunto deles, sob os quais o fenômeno passa a ser analisado.
RESULTADOS:
Compõem o universo de estudo 135 trabalhos, sendo 124 dissertações e 21 teses; 84,4% das pesquisas foram desenvolvidas entre 2001 e 2010. O reduzido número de trabalhos até o ano 2000 se deve à focalização em estudos relativos a Concepções Espontâneas e História e Epistemologia da Ciência, bem como Formação de Conceitos. Como linha emergente, a pesquisa na área apresenta os seguintes focos temáticos: (a) exposição: trabalhos que focalizam os aspectos pedagógicos de estruturação de uma mostra científica extra-escolar, totalizando 46,4% dos trabalhos; (b) aprendizagem na perspectiva do visitante: abordam processos de ensino-aprendizagem na perspectiva do visitante, seja ele escolar ou não escolar, com 34% das produções. Com 13,6% dos textos, destaca-se (c) formação de professores, que aglutina pesquisas que tratam da formação docente para utilização didático-pedagógica dos museus de ciências, bem como programas de formação docente desenvolvidos por estes espaços; (d) TICs: inserção das tecnologias da informação e comunicação como recursos de suporte à educação científica em museus e centros de ciências, incluindo a estruturação de museus virtuais (3,8%) e (e) inclusão de públicos especiais, categoria que agrega pesquisas que discutem as possibilidades trazidas pela experiência museal às pessoas com necessidadades educativas especiais; com 2,2% dos trabalhos. As duas últimas categorias em especial se colocam como possibilidades para novas investigações.
CONCLUSÃO:
No que diz respeito à área de educação científica extra-escolar, constata-se que esse é um campo recente quanto à produção de pesquisas educacionais. Porém, vem acompanhando a produção acadêmica de outras áreas (como a Física e a Biologia), possivelmente pelo aumento do número de mestres e doutores formados em educação científica extra-escolar nos últimos anos, especialmente nos anos 2000. Na análise das linhas de pesquisa em ensino de ciências geral, entende-se que a elevada produção em processo de ensino-aprendizagem em Ciências e sobre a formação inicial e continuada de professores de Ciências pode ser reflexo dos anseios de investigação dos pesquisadores brasileiros em decorrência de determinações legais. Isto resulta na consolidação desses focos temáticos. A educação em espaços não formais em suas mais diferentes vertentes apresenta-se como linha de pesquisa emergente.
Palavras-chave: educação em museus de ciências, estado da arte, pesquisa brasileira.