64ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 1. Enfermagem - 1. Enfermagem de Doenças Contagiosas
CÍRCULO DE CULTURA COM ADOLESCENTES EM SITUAÇÃO DE EXCLUSÃO SOCIAL COM VISTA A PREVENÇÃO DA AIDS
Izaildo Tavares Luna 1
Agnes Caroline Souza Pinto 1
Adna de Araújo Silva 1
Kelanne Lima da Silva 1
Lívia Moreira Barros 1
Patrícia Neyva da Costa Pinheiro 2
1. Departamento de Enfermagem - Universidade Federal do Ceára-UFC
2. Orientadora/Departamento de Enfermagem - Universidade Federal do Ceára-UFC
INTRODUÇÃO:
A epidemia da Aids representa um fenômeno global, dinâmico e instável, configurando-se como um dos problemas mais comuns da saúde sexual e reprodutiva dos adolescentes. Desde a identificação do primeiro caso de Aids, na década de 1980, o controle e a prevenção da doença representam um dos grandes desafios enfrentados pelos serviços de saúde, o que vem desencadeando várias discussões entre a comunidade científica e sociedade em geral. De acordo com os dados do Relatório Mundial da Epidemia de Aids 2010, no mundo, em 2009, houve 2,6 milhões [2,3–2,8 milhões] de novas infecções pelo HIV, 1,8 milhões [1,6–2,1 milhões] de óbitos relacionados à Aids, aproximadamente 33,3 milhões [31,4–35,3 milhões] de pessoas vivem com HIV. Deste total, 2,5 milhões [1,6–3,4 milhões] são de crianças com menos de 15 anos (UNAIDS, 2010). Ante o exposto, objetivou-se aplicar o Círculo de Cultura com adolescentes em situação de exclusão social como estratégia para a prevenção da Aids.
METODOLOGIA:
Pesquisa-ação, que teve como referencial teórico–metodológico o Círculo de Cultura, promoveu-se seis oficinas educativas com 19 adolescentes em situação de exclusão social frequentadores de uma instituição vinculada à Secretaria do Trabalho e Desenvolvimento Social do Estado do Ceará. Os instrumentos e as técnicas utilizados para a coleta das informações foram: entrevista, observação participante, registro fotográfico e anotação em diário de campo. As oficinas educativas foram constituídas das etapas a seguir: descoberta do universo vocabular; seleção dos temas a serem desenvolvidos; criação de situações para problematização; utilização de técnicas grupais para problematizar com fundamentação teórica; reflexão teórico-prática (desconstrução dos conceitos); (re) construção coletiva; síntese da vivência e avaliação.
RESULTADOS:
Na realização das oficinas, evidenciou-se que o rompimento do convívio familiar e o vivenciar do ambiente de rua surgem como fatores que proporcionam o aumento da vulnerabilidade destes sujeitos a Aids. Os adolescentes expressaram claramente que a reestruturação de sua família mudaria o rumo de suas vidas, e que o enfrentamento e a superação do luto pelo qual estavam vivendo, tornava-os mais vulneráveis a Aids. Na realidade destes adolescentes, foi possível detectar o uso de drogas injetáveis, fato que muitas vezes acredita-se estar fora da realidade deles. Segundo os dados contidos no Relatório Mundial da ONU sobre Drogas (2010), o uso de drogas injetáveis está presente em todas as regiões do mundo, sendo considerado um fenômeno emergente em vários países. Em 2008, os dados mostraram que o uso de drogas injetáveis foi observado em 148 países e territórios. Percebeu-se que o uso de drogas lícitas e ilícitas por estes adolescentes configura-se como fator condicionante para práticas sexuais desprotegidas, e que a rua como lugar de sexo fácil, de prostituição e meio de disseminação das doenças contribui para o não assumir de um comportamento sexual responsável.
CONCLUSÃO:
Ao final, conclui-se que ao abordar a temática da Aids com adolescentes em situação de exclusão social, o facilitador do processo educativo precisa manter a coerência em garantir a participação ativa e autônoma dos envolvidos por meio de uma escuta sensível aos sentimentos expressos pelo grupo, identificando o contexto cultural dos adolescentes, propiciando a reflexão crítica sobre as questões de risco e vulnerabilidades relacionadas ao comportamento sexual. Diante destas considerações, ratifica-se que as práticas de educação em saúde, necessitam compreender o cenário no qual o sujeito está inserido para que a partir de uma linguagem comum ao meio, desenvolva um espaço dialogal para a discussão de temas, muitas vezes não percebidos pelos adolescentes, cruciais para o bem-estar biopsicossocial.
Palavras-chave: Adolescentes, Círculo de Cultura, Síndrome da Imunodeficiência Adquirida.