64ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 11. Ensino-Aprendizagem
EXTRAÇÃO DO INDICADOR NATURAL DE Cosmos bipinnatus COMO METODOLOGIA DIFERENCIADA NO ENSINO DA QUÍMICA.
Cintia Aliny Silva de Souza 1
Daniely Florencia Silva de Souza 2
1. Docente/Orientadora – SEDUC/PA.
2. Discente em Agronomia, bolsista CNPQ – UFRA
INTRODUÇÃO:
Uma situação ideal para o Ensino da Química seria o desenvolvimento dos conceitos a partir da observação e participação dos alunos em aulas experimentais, permitindo que eles compreendam as transformações químicas que ocorrem (DIAS, GUIMARAES, MERÇON; 2003).
Os experimentos são uma ferramenta que pode ter grande contribuição na explicação, problematização e discussão dos conceitos com os alunos, criando favoráveis à interação e intervenção pedagógica do professor, de modo que eles possam discutir tentativas de explicação relacionadas aos conceitos.
A história da análise volumétrica nos mostra que os primeiros indicadores utilizados foram produtos vegetais.
O presente trabalho, refere-se ao desenvolvimento de atividades experimentais por meio das quais se procura relacionar conceitos interdisciplinar de Química e Biologia com o tema obtenção de corantes naturais e seu emprego como indicadores de pH.
A espécie vegetal Cosmos bipinnatus da família das Compostas (Compositae) na cor laranja, apresenta extrato alcoólico de suas pétalas frescas e secas.
É de conhecimento dos professores de ciências o fato de a experimentação despertar um forte interesse entre alunos de diversos níveis de escolaridade, principalmente quando estes participam efetivamente em todas as etapas.
METODOLOGIA:
Foram utilizados 400g respectivamente de pétalas de flores recém-colhidas e de pétalas secas em temperatura ambiente, pesadas numa balança de precisão modelo BS3000 A, onde ambas foram imersas respectivamente em 300 mL de etanol diluído a 95%, como solvente extrator. O tempo de extração foi de 48 horas, mantendo-se o material embrulhado em papel alumínio e à temperatura ambiente.
Após este período, realizou-se filtração simples e o extrato alcoólico obtido foi armazenado e conservado em frascos de âmbar sempre ao abrigo da luz e em temperatura ambiente.
Soluções de ácidos clorídricos e acético, bem como hidróxido de sódio e amônio foram preparadas com água destilada (destilador tipo pilsen) em concentrações 1M e padronizadas.
Durante as titulações ácido-base, usou-se como indicador padrão a fenolftaleína e o extrato alcoólico floral para comparação nas respectivas titulações.
Mediu-se também as faixas de pH do indicador floral.
O volume gasto do titulante não foi discrepante em relação às titulações realizadas, mostrando que o indicador floral pode substituir a fenolftaleína. E isso tanto faz para as soluções de caráter forte ou fraco.
As titulações foram realizadas em triplicata onde o titulante foi adicionado a partir de uma bureta de 25 mL e o volume do titulado fixado em 20 mL.
RESULTADOS:
Para o teste como indicador floral de pH, os resultados obtidos foram os mesmos para as pétalas frescas e para as secas em temperatura ambiente, mostrando-nos que a quantidade de água para esta espécie é invariável para tal análise.
Observou-se que o extrato obtido a partir das pétalas secas apresenta uma coloração mais forte/concentrada, e a coloração para ambos os extratos em solução ácida e básica é a mesma.
O indicador floral obtido apresenta coloração amarelo para soluções ácidas e coloração vermelha intenso para soluções básicas. . Sendo a mudança de cor amarelo para vermelho escuro intenso com o intervalo de viragem observado entre pH 11 e pH 12.
Ainda nos ensaios analíticos, medindo-se a escala de pH do indicador alternativo em soluções de diferentes valores de pH, obtemos uma variação da cor da solução bastante perceptível.
Observa-se que o nome taxonômico além da já conhecida desde o nosso plano de projeto Cosmos bipinnatus, encontramos a Cosmos sulphureus Cav. Outro fato observado foi o nome da família, até então era Compositae e agora temos também a atual classificação de Asteraceae.
Outra classificação mais recente encontrada foi a do herbário da Embrapa Amazônia Oriental onde a espécie vegetal Cosmos bipinnatus passa a ser denominada agora por Cosmos caudatus KUNTH.
CONCLUSÃO:
A pesquisa como um todo utilizando como tema os corantes naturais mostrou-se eficiente no seu objetivo de despertar o interesse do aluno do Ensino Médio pela Química/Biologia. Desta forma, alcançou-se uma grande participação dos alunos envolvidos, decorrente de sua maior motivação e interesse.
A comparação dos resultados obtidos na titulação, usando-se fenolftaleína e o extrato de flores mostra o potencial deste material como indicador para titulações de ácidos e bases sejam de caráter forte ou fraco, salvo a maior quantidade diferencial de volume do titulante utilizado quando se faz um sistema ácido ou base fraca com um titulado ácido ou base fraca.
A parte experimental é muito simples, não precisa utilizar um laboratório bem equipado possibilitando o trabalho viável para escolas sem infra-estrutura laboratorial.
Conclui-se que o extrato floral obtido pode substituir de forma eficiente e satisfatória o indicador sintético fenolftaleína que apresenta um alto custo no mercado, geralmente utilizado em ensaios analíticos de titulações ácido-base.
Palavras-chave: Cosmos bipinnatus, Indicador, Titulação.