64ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 14. Zoologia - 6. Zoologia
Acridofauna (Orthoptera: Acridoidea) associada à Área de Preservação Permanente (APP) do Rio Uraim, Paragominas, Pará, Brasil
Carlos Elias de Souza Braga 1
Maria Aparecida Melo da Costa 2
Odinéia Barrozo Teixeira 2
Ana Lúcia Nunes Gutjahr 3
1. Prof. MSc. - Departamento de Ciências Naturais (DCNA/UEPA)
2. Curso de Licenciatura Plena em Ciências Naturais/UEPA
3. Profa. Dra. - Departamento de Ciências Naturais (DCNA/UEPA)
INTRODUÇÃO:
Os gafanhotos pertencem a Ordem Orthoptera, juntamente com os grilos, esperanças e paquinhas, destacam-se por constituírem um dos grupos mais antigos da terra, onde seus primeiros representantes datam do Carbonífero, há 300 milhões de anos (PRICE 1997). No Brasil existem cinco famílias de gafanhotos (Acrididae, Ommexechidae, Pauliniidae, Pyrgomorphidae e Romaleidae) e possuem grande importância ecológica devido serem desfolhadores naturais, contribuindo para o incremento da matéria orgânica no solo, além de compor a base alimentar de outros animais, sendo por isso indispensáveis para a cadeia alimentar juntamente com outros seres vivos (BRAGA & NUNES 2008).
Estudos indicam que os gafanhotos, assim como outros insetos podem ser bons indicadores de qualidade ambiental, uma vez que têm ciclo de vida rápido e são sensíveis a alterações ou perturbações no ambiente (MCGEOCH 1998).
No município de Paragominas a Área de Proteção Permanente (APP) do Rio Uraim tem sofrido perdas significativas de sua cobertura vegetal ao longo dos anos. Diante deste cenário visou-se realizar uma análise faunística dos gafanhotos Acridoidea, na APP do Rio Uraim, considerando aspectos, como a qualidade ambiental e perda de biodiversidade provocada pela diminuição da área da mata ciliar, nesse ambiente.
METODOLOGIA:
O estudo foi realizado em Paragominas, estado do Pará, situado no sudeste paraense (IBGE, 2009), que atualmente tem sua paisagem dominada por ambientes antropizados, matas secundárias e alguns fragmentos de Floresta Ombrófila Densa (IBGE, 2005). O município apresenta rios importantes no contexto regional e local, destacando-se os rios Gurupi, Capim, Uraim, Croantá, Piriá e Surubiju.
As coletas foram realizadas no mês de agosto de 2011, na margem esquerda do Rio Uraim, em três áreas distintas escolhidas tomando como base o Código Florestal Brasileiro de 1965, uma com APP preservada, uma com APP fragmentada e outra com APP desflorestada.
Os pontos de amostragens mediam 10mx50m cada, sendo a coleta através do método de busca ativa por três coletores com auxílio de redes entomológicas e frascos contendo acetato de etila, com duração duas horas. No Laboratório da UEPA, o material foi triado, montado e identificado conforme chave dicotômica de literatura pertinente.
Os dados foram analisados através dos programas DivEs 2.0 (RODRIGUES, 2005), SYSTAT 11 e EstimateS 800 (COWELL, 2005), onde considerou os seguintes testes: ANOVA (α = 0,05), riqueza e curva cumulativa das espécies (Chao 1, Jackkniffe 1 com 95% de confiança) e índice de Diversidade de Simpson (DS: intervalo de 0 a 1).
RESULTADOS:
Durante o período de amostragem foram coletados 372 exemplares, uma família, 4 subfamílias, 8 tribos, 13 gêneros e 18 espécies. As espécies mais abundantes foram Metaleptea adspersa (n = 87), Orphulella concinnula (n = 86) e Abracris flavolineata (n = 85), correspondentes a 69% dos exemplares capturados. Quanto a riqueza e abundância nas três áreas estudadas, as análises indicaram não haver diferenças significativas entre ambas (ANOVA: p > 0,05), sendo portanto consideradas como ambientes de igual biodiversidade de gafanhotos.
Os resultados indicaram, haver perda de biodiversidade nessas áreas, tendo em vista que todas as espécies encontradas neste estudo são consideradas invasoras de ambientes alterados, também por serem conhecidas para a região 56 espécies de gafanhotos (BRAGA 2010). Além do que a curva cumulativa de espécies não atingiu a assíntota, indicando que os valores poderiam chegar até 27 espécies (Chão 1 e Jackkniffe 1), caso aumentasse o esforço de coleta. Também, deve-se considerar como fator de perda de diversidade, o índice de Diversidade de Simpson, cujos valores nas três áreas estudas foram inferiores a 0,8, denotando baixa diversidade, visto que são consideradas como áreas de grande diversidade ambientes que apresentam DS entre 0,9 e 1 (BROWER et al. 1997).
CONCLUSÃO:
Conclui-se que as três áreas estudadas não apresentam diferenças quanto à riqueza e abundância de gafanhotos. Também, que todas as espécies coletadas neste estudo são consideradas como invasoras de ambientes degradados, não havendo gafanhotos típicos de ambientes preservados ou de floresta primária. Os ambientes estudados apresentaram baixa diversidade. Além do que, as três espécies dominantes Metaleptea adspersa, Orphulella concinnula e Abracris flavolineata, encontradas neste estudo são consideradas a classificação do Centre for Overseas Pest Reserarch (COPR), como espécies pragas agrícolas. Portanto, foi notório o desequilíbrio ambiental nas áreas estudas que pertencem a APP do Rio Uraim.
Palavras-chave: Gafanhotos, Perda de biodiversidade, Região Amazônica.