64ª Reunião Anual da SBPC
E. Ciências Agrárias - 5. Medicina Veterinária - 6. Medicina Veterinária
ATIVIDADES DE MANEJO DESENVOLVIDAS COM JARARACAS RECÉM-NASCIDAS EM CATIVEIRO
Claudio Machado 1
Vanessa Pinho da Matta Novaes 1
1. Divisão de Herpetologia, Instituto Vital Brazil, IVB
INTRODUÇÃO:
As serpentes são muitas vezes citadas como o topo da cadeia evolucionária da classe. De fato, estes animais são os últimos a surgirem na cronologia evolucionária. São animais bastante especializados e cerca de um terço deles desenvolvem uma arma química, o veneno. No Brasil, as serpentes da espécie Bothropoides jararaca são responsáveis por mais de 85% dos casos de acidentes ofídicos ocorridos. Espécie comum da Região Sudeste, habitando desde o Sul da Bahia até o Rio Grande do Sul, medem quando adultas entre 1,0m e 1,6m, possuindo um colorido variável, desde tons castanhos claro até o preto. Encontradas em florestas tropicais e semitropicais, cerrados e savanas, são mais ativas na estação chuvosa e se reproduzem sazonalmente. O acasalamento ocorre quase sempre no início da primavera. São vivíparas e o nascimento se correlaciona com períodos chuvosos e disponibilidade de alimento, ocorrendo entre dezembro e março, em ninhadas compostas de 3 a 35 filhotes. Observações sobre a saúde de um réptil cativo estão relacionadas com o modo em que é criado. Correções de manejos possibilitam que sejam feitas adequações para melhor qualidade de vida dos animais. O presente trabalho relata os processos de desenvolvimento de jararacas recém nascidas em cativeiro no Instituto Vital Brazil.
METODOLOGIA:
Fêmeas adultas de B. jararaca são serpentes vivíparas e parem seus filhotes. Estes por sua vez são separados individualmente em caixas de polipropileno medindo 30cm de comprimento X 20cm de largura, forradas com papel ondulado e contendo bebedouro com água. As caixas dos animais são identificadas com fichas contendo o seu próprio número, o número da mãe, procedência e data de nascimento. Estas ficam alojadas em uma sala da Divisão de Herpetologia (berçário), em estantes de ferro de 240cm de comprimento X 90cm de largura com 6 prateleiras, numa temperatura média de 24ºC, regulada por aquecedores, ou por aparelhos de ar condicionado, sendo seus valores aferidos diariamente, por meio de termômetro. Todos os filhotes são sexados, pesados em balança de precisão GEHAKA BK3000, mensurados com auxilio de placas retangulares de espuma para acomodação das serpentes, placas de acrílicos transparentes, régua milimetrada de 60cm, linha 00 corrente e caneta-marcadora para retroprojeção, num intervalo de 15 dias. A alimentação ocorre quinzenalmente com neonatos de Mus musculus (peso médio de 1g) com auxilio de pinças anatômicas de 45cm, sendo sua aceitação ou não anotada. A manutenção é realizada semanalmente, ou conforme a necessidade, com troca de caixas, papelão ondulado, bebedouro e água.
RESULTADOS:
Foi observada a necessidade do acompanhamento desses animais desde o nascimento até a fase adulta para tentar ao máximo prolongar a longevidade dos mesmos. É de suma importância que a manutenção seja realizada de forma atenciosa, séria e conjunta, para se evitar o estresse dos animais e riscos aos técnicos. As caixas das serpentes devem ser trocadas por pelo menos 2 vezes na semana, ou seja, serem lavadas, esterilizadas e com água limpa fornecida em abundancia aos animais. Quanto ao papel ondulado faz-se necessário para auxiliar na ecdise (troca de pele).
CONCLUSÃO:
A natureza das condições em que os repteis são mantidos em cativeiro é essencial para se manter um animal saudável. No Brasil, apesar de muito recente, o mercado Herpe vem seguindo esta tendência mundial e está crescendo rapidamente. Além da produção de veneno, a criação de serpentes atrai pessoas no mercado pet por serem animais diferentes, por possuírem baixos custos de manutenção e despesas veterinárias quando comparadas à outros animais. Os répteis exigem cuidados bastantes distintos daqueles destinados aos demais animais domésticos, e por isso faz-se necessário a realização de pesquisas que contribuam não somente para o aumento da sobrevida dos animais em cativeiro, quanto para o bem estar dos mesmos.
Palavras-chave: Jararaca, Cativeiro, Desenvolvimento.