64ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 4. Botânica - 8. Botânica
ACOMPANHAMENTO DO CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO DE ESPÉCIES VEGETAIS SOB CONDIÇÕES DE VIVEIRO PARA USO EM MODELOS DE RECUPERAÇÃO DE MATAS CILIARES NA REGIÃO DA BAIXADA MARANHENSE.
Monielle Alencar Machado 1
Claudio Urbano B. Pinheiro 1,2
1. Departamento de Oceanografia e Limnologia - UFMA
2. Prof. Dr./ Orientador
INTRODUÇÃO:
Na região da Baixada Maranhense, as florestas ciliares são importantes em termos ecológicos, hidrológicos e biológicos, sendo essenciais à integridade dos sistemas ribeirinhos regionais. As formações ciliares, além de serem protegidas pela legislação, são de fundamental importância na proteção dos cursos d’água. Sua degradação resulta em um grande número de problemas ambientais. Considerando a importância socioambiental da região da Baixada Maranhense e o avanço do desmatamento nas margens dos corpos d’água, é crucial o avanço dos estudos para a produção de mudas de espécies nativas para fins de recomposição. Ações de recuperação tornam-se necessárias na tentativa de garantir a biodiversidade e sustentabilidade desses ambientes. Entende-se que, desta forma, a produção e a reposição de espécies características destes ambientes nessa região além de promover sua recuperação e a sua conservação, resultarão no incremento da pesca, base da alimentação e da renda da população regional. Portanto fica evidente, assim, a importância de um estudo de acompanhamento de espécies regionais em seu crescimento sob condições de viveiro, para a definição de modelos de recuperação das matas ciliares da região.
METODOLOGIA:
Foi realizado acompanhamento do crescimento de 11 espécies vegetais regionais sob condições de viveiro, tomando-se 10 indivíduos de cada espécie para acompanhamento. As mudas foram produzidas nos povoados Bom Que Dói e Ponta Grande, município de Penalva, Baixada Maranhense. As mudas foram produzidas tanto por germinação de sementes quanto por coleta de plântulas, sendo acondicionadas e acompanhadas em sacos plásticos. As medidas de altura foram tomadas da base do caule até o ponto de lançamento da folha mais nova, sendo realizadas mensalmente, durante um ano. Neste período, foram registradas as medidas e condições gerais de crescimento das mudas em viveiro,as quais foram analisadas ao final do período, aplicando-se os resultados na definição de modelos de revegetação na área de estudo.
RESULTADOS:
Os resultados mais expressivos de crescimento foram registrados para Sumaúma (Ceiba pentranda L. Gaertn.; Bombacaceae) que apresentou 224 cm na média total em período de oito meses. Destaque também, para espécies como a Mamorana (Pachira aquática. Aubl.; Bombacaceae) que atingiu 138,5 cm e para a Janaúba (Himatanthus spp. (Spruce.).; Wood), com 132,4 cm. Estas espécies em geral ocupam a terra firme, onde as condições sazonais de inundação pouco as afetam. Não tem, portanto, mecanismos fisiológicos para diminuição dos seus processos. Na média do período total, os resultados de crescimento menos expressivos foram registrados para Bacurizinho (Rheedia sp.;Clusiaceae) com 35,39 cm; Bacurí Grande (Platonia insignis Mart.; Clusiaceae), com 32,3cm; Quiriba (Eschweilera spp.; Lecythidaceae), com 21,19 cm. Em relação a estas espécies, o Bacurizinho (Rheedia sp.; Clusiaceae) é espécie de sub-bosque, crescendo em condições de pouca luz; as duas outras espécies são de grande porte, presentes nos estágios iniciais da sucessão, atingindo no passo das secundárias tardias, os estágios mais avançados da sucessão. É preciso ressaltar que o viveiro não reproduz as condições da natureza; por essa razão, é esperado que algumas espécies apresentem crescimento irregular nessas condições.
CONCLUSÃO:
Os indivíduos das espécies ciliares apresentaram bom desenvolvimento em condições de viveiro, embora o viveiro não reproduza as condições da natureza, produzindo variações que devem ser consideradas nos modelos a seguir. Em relação aos ambientes de crescimento, as espécies acompanhadas no período podem ser separadas grupos: o primeiro é constituído de espécies de ambientes inundáveis, sendo aquelas mais especializadas em ambientes sujeitos a inundações; o segundo grupo é constituído por espécies de terra firme, ou de transição, com características mais relacionadas com estes ambientes. É importante a separação das espécies segundo suas características de desenvolvimento e seus ambientes de crescimento, aumentando as chances de sucesso nas ações de revegetação nos ambientes inundáveis da Baixada Maranhense.
Palavras-chave: Desenvolvimento, Recuperação, Mata Ciliar.