64ª Reunião Anual da SBPC
H. Artes, Letras e Lingüística - 1. Artes - 4. Educação Artística
UMA EXPERIÊNCIA COM ALUNOS DA EJA NA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL COMO POSSIBILIDADE DE INSERÇÃO NO MUNDO DO TRABALHO A PARTIR DA CRIAÇÃO E MANIPULAÇÃO DE IMAGENS NO CURSO FOTOGRAFIA DIGITAL
Dorisdei Valente Rodrigues 1
1. Doutoranda da Faculdade de Educação -UnB
INTRODUÇÃO:
Este trabalho é uma reflexão acerca da pesquisa-ação desenvolvida no âmbito do Projeto Transiarte na Educação de Jovens e Adultos (EJA) e Educação Profissional (EP). A investigação é coordenada pela Universidade Federal de Goiás, tendo como instituições parceiras a Universidade de Brasília, Universidade Católica de Goiás, o Centro Federal de Educação Tecnológica de Goiás e posteriormente o Instituto Federal de Brasília. O objetivo da pesquisa é integrar a EJA e a EP, conforme sugeriu o Decreto 5.840/2006 e particularmente, a Lei N.º 11.741, de 16/07/2008. O curso Fotografia Digital buscou compreender possibilidades de articular na integração do currículo a linguagem da cultura tecnológica e artística numa perspectiva de emancipação dos sujeitos e integração da educação básica e EP, respeitando as singularidades dos educandos da EJA. O curso teve duração de 80 horas no Centro de Educação Profissional de Ceilândia- DF, com 4 horas semanais no turno matutino, sendo todos os educandos da EJA do segundo segmento (9a ano do ensino fundamental). As competências compreenderam a realização de projetos individuais e coletivos no despertar para as funcionalidades e possibilidades de comunicação, expressão e criação artística da imagem digital, além de promover a inclusão digital e social.
METODOLOGIA:
A pesquisa-ação (BARBIER, 2007) como expressão da pesquisa qualitativa, oportuniza ao participante acompanhar e implicar-se nos desdobramentos da pesquisa. Participaram 16 educandos sem experiência com a utilização de computadores, e-mails ou mesmo redes sociais durante o segundo semestre de 2010. Os instrumentos utilizados foram entrevista, diário de campo, histórias de vida, produções artísticas desenvolvidas no curso de fotografia digital. Somente 10 educandos concluíram o curso e receberam um auxilio do Instituto federal de Brasília no valor de 100,00 reais por mês, que devido às burocracias só foi possível a partir da décima aula o que ocasionou a desistência de dois educandos que não tinham o recurso para freqüentar as aulas. Tendo quatro educandos interrompido o processo tanto no curso de fotografia digital nas quintas feiras no matutino de 8:00 as 12:00, como na escola no turno vespertino devido à inserção no mercado de trabalho. As produções dos alunos foram expostas ao final do curso em formato de banner no Centro de Educação Profissional de Ceilândia-DF, localizada a 40KM de Brasília-DF.
RESULTADOS:
As habilidades desenvolvidas permitiram os educandos: Identificar os elementos da linguagem visual e suas possibilidades na fotografia digital, identificar os equipamentos (câmara fotográfica, memórias, filtros) e suas possibilidades no campo composicional, conhecer e identificar as ferramentas de manipulação de imagens, alterar e corrigir imagens, restaurar uma foto antiga, fazer uma montagem utilizando partes de fotos diferentes, estabelecer diálogo coletivo para a construção do conhecimento com as disciplinas do currículo escolar, entre outros. Os participantes criaram projetos de acordo com as suas necessidades tanto do trabalho formal como informal, como por exemplo, criação de logotipo e cartão de visita para padaria de um educando em sua própria residência, criando alternativas para uma população que se vê marginalizada pela baixa escolaridade e a luta pela sobrevivência que faz com haja uma interrupção no processo de escolarização entre idas e vidas, consideradas como evasão dos educandos da EJA matriculados no Centro de Ensino médio 03 de Ceilândia-DF. As fotografias são possibilidades criativas, realizadas de forma individual e coletiva com uso de softwares de manipulação de imagens e podem ser acessadas no site http://www.proejatransiarte.ifg.edu.br.
CONCLUSÃO:
No cerne da discussão sobre linguagem visual, o contexto educacional, político e cultural nos modelos tradicionais de pensar sobre a cultura digital e as possibilidades e suas ferramentas não respondem aos novos modos de sentir provocados pela sincronia da aceleração tecnológica com as reconfigurações da dimensão estética nos trabalhos artísticos que exploram novas poéticas, as estéticas do cotidiano no ciberespaço influenciam significativamente as relações sociais e de aprendizagem. Assim, a estética digital visual é um elemento chave na era da construção dos saberes, expressão de sentidos na sociedade atual, cuja concentração e convergência têm como suporte o aparato tecnológico e os meios de comunicação. O curso propõe uma proposta de inclusão na medida que intercala elevação da escolaridade com qualificação profissional. Entendemos que estas possibilidades de inserção são importantes e fundantes para que o sujeito tenha condição de se inserir nas práticas culturais profissionais e interpessoais de diferentes culturas, e além de possuir qualificação profissional, tenha autonomia de pensar, criar e redirecionar seus projetos de vida; que compreenda e participe ativamente dos bens culturais e tecnológicos e do sentido emancipador de ser um cidadão.
Palavras-chave: Estética digital, Educação de Jovens e Adultos, Educação Porfissional.