64ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 3. Saúde Coletiva - 1. Epidemiologia
TEMPO DE PERMANÊNCIA HOSPITALAR POR DOENÇAS FORTEMENTE ATRIBUÍVEIS A FATORES AMBIENTAIS NA CIDADE DE MANAUS NO PERÍODO DE 1998 A 2009.
Daniel Souza Sacramento 1
Marcilio Sandro de Medeiros 2
José Camilo Hurtado Guerrero 3
Ramon Arigoni Ortiz 4
André Luiz Dutra Fenner 5
1. Centro Universitário do Norte - Uninorte
2. Prof. Msc./Orientador - Instituto Leônidas e Maria Deane - Fiocruz Amazônia
3. Escola Superior de Ciências da Saúde, Universidade do Estado do Amazonas - UEA
4. Basque Centre for Climate Change da Spain - BC3
5. Centro Colaborador da OPAS/OMS em Saúde Pública e Ambiental do Brasil
INTRODUÇÃO:
Do ponto de vista clínico, uma internação hospitalar decorre da necessidade que o indivíduo possui de receber cuidados específicos, constantes, sistematizados e gradativos, objetivando progressivamente uma evolução clínica dentro do ambiente hospitalar. O estudo da morbidade por meio das internações hospitalares permite analisar as eventuais perdas econômicas e as perturbações sociais causadas pelas enfermidades. Este presente estudo objetiva estimar o tempo de permanência hospitalar por doenças fortemente atribuíveis a fatores ambientais em Manaus, capital do estado do Amazonas.
METODOLOGIA:
As doenças fortemente atribuíveis a fatores ambientais originou-se do estudo denominado Análise Comparativa de Risco (ACR) realizado em 2002, que baseou-se em uma profunda revisão bibliográfica de mais de 200 títulos e da participação de mais de cem especialistas em um painel internacional que forneceram as melhores estimativas das frações atribuíveis ao ambiente das doenças as quais se dedicam. A classificação baseia-se no estudo da Carga da Doença também proposto pela Organização Mundial de Saúde, em que as doenças e agravos são divididos em 3 grupos: Grupo I - congrega as doenças infecciosas e parasitárias, as causas maternas, as causas perinatais e as deficiências nutricionais; Grupo II – congrega as doenças não transmissíveis e; Grupo III – congrega as causas externas. Os dados secundários foram obtidos dos arquivos reduzidos das guias de autorização de internação hospitalar do Sistema de Informações Hospitalares disponível no sítio do Departamento de Informática do Ministério da Saúde no período de 1998 a 2009. Posteriormente, foram necessárias a criação de arquivos de conversão e definição para tabulação de dados no soft TabWin 3.6b. Os dados foram transportados para planilhas eletrônicas para obtenção do número de internações e estimativa do tempo médio de permanência.
RESULTADOS:
No período foram registradas 385.883 internações hospitalares, o que corresponde 38,0% do total somado por todas as outras doenças e agravos da Carga da Doença. Em doze anos registrou-se incremento de 118,0% no número das internações hospitalares por doenças fortemente atribuíveis a fatores ambientais na cidade de Manaus. As internações hospitalares por infecções das vias aéreas inferiores, doenças cardiovasculares, tumores malignos e infecções intestinais por nematóides representaram 61,5% do total. O tempo de permanência hospitalar média do grupo II das causas de internação foi de 8,7 dias, seguida do grupo I (7,5 dias) e o grupo III (7,1 dias). Entretanto, as internações por hanseníase (21,6), condições neuropsiquiátricas (16,2), HIV/AIDS (14,4), leishmaniose (13,4), tuberculose (12,2), meningite (10,4), grupo de doenças da infância (9,7), doenças cardiovasculares (8,9), condições perinatais (8,5) e leptospirose (8,3) apresentaram maior tempo de permanência, inclusive superior à média total que foi de 8,2 dias. As doenças e agravos que registraram maior tempo de permanência, são aquelas que se conseguiria evitar os desfechos clínicos mais graves e consequentemente a internação com o bom funcionamento das politicas públicas já existentes.
CONCLUSÃO:
Dentre as causas de internação do grupo I, a hanseníase tem grande relevância para a saúde pública da região, sendo que o atendimento clínico-médico da hanseníase é ambulatorial, a internação hospitalar ocorre somente decorrente intercorrência da doença ou por indicação social oriunda de abandono ou preconceito dos familiares, em instituições especializadas, o que se aplica também a tuberculose. A oferta da atenção primária à saúde proporciona um fator de proteção aos desfechos clínicos mais graves e consequentemente, evita-se a internação. O que se estende as doenças psiquiátricas e as doenças cardiovasculares que correspondem às enfermidades do grupo II com maior tempo de permanência. Cabe salientar que as ações preconizadas pelo Sistema de Cadastramento e Acompanhamento de Hipertensos e Diabéticos (HIPERDIA) e pelo programa De Volta para Casa têm como finalidade o rastreamento, prevenção e controle a baixo custo. No entanto, estudos recentes constataram decréscimo na cobertura do Programa de Agentes Comunitários de Saúde e do Programa Saúde da Família em Manaus de 40,1% para 33,7%, entre os anos de 2004 e 2009, somando-se a isto, a cidade conta somente com dois Centros de Atenção Psicossociais (CAPS) para atender a população com necessidade de atendimento psiquiátrico.
Palavras-chave: Internação hospitalar, Tempo de permanência, Economia da saúde.