64ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 7. Educação Infantil
A CONCEPÇÃO DOS PROFESSORES DE EDUCAÇÃO INFANTIL SOBRE A PEDAGOGIA DO MOVIMENTO
Antonio Pessoa Damasio 1
Maria José Nino 1
Paula Fernanda Gomes Silva 1
Luiza Ivana de Araújo 2
1. Graduado(a) em Pedagogia - FAESC
2. Profa.Msc/ Orientadora - Depto do Curso de Pedagogia - FAESC
INTRODUÇÃO:
O objetivo deste estudo é investigar a concepção de professores da educação infantil sobre a Pedagogia do Movimento. Essa pedagogia justifica-se pelas possibilidades quanto ao desenvolvimento infantil nos aspectos cognitivo, motor, afetivo e social da criança. Através do movimento a criança expressa sentimentos, cria e faz descobertas, aprendendo muito sobre si mesma, o outro e o ambiente. Nesse contexto, a criança é vista como um ser integral que para si desenvolver, dentre outras coisas precisa movimentar-se. Documentos legais como as diretrizes curriculares (Brasília, 1999), PNE (Brasília, 2007), RCNEI (BRASIL, 1998), corroboram com as ideias acima, à medida que concebem a ação educativa como um todo, que deve promover uma educação integral. Dessa forma, para que ocorra o desenvolvimento harmonioso é necessário, dentre outras coisas, propor movimentação na sala de aula (BRASIL, 1998). Segundo Weil (2001), o corpo fala e o movimento é a expressão pura do pensamento e comunicação humana devendo, portanto, ser reconhecido como algo que merece atenção especial por parte da escola e dos educadores. A discussão da temática revela que a escola precisa refletir sobre o papel atribuído ao movimento no cotidiano, a fim de potencializar o desenvolvimento integral de nossas crianças.
METODOLOGIA:
O estudo foi realizado em escola pública do Município de Ponte dos Carvalhos, Cabo de Santo Agostinho – PE, que atende crianças da Educação Infantil. A opção por esse nível de ensino justifica-se por considerarmos as práticas de movimento (correr, dançar, pular, saltar) essencial ao desenvolvimento de crianças dessa faixa etária e das mesmas serem intrínsecas as propostas pedagógicas de escolas que atendem a esse público, conforme os documentos oficiais. A metodologia utilizada na pesquisa é de natureza qualitativa (MINAYO, 1999). Participaram da pesquisa cinco professoras que lecionam na educação infantil. Os instrumentos utilizados nesse estudo foram dois: a entrevista semi-estruturada e a observação não participante. A opção pela entrevista justifica-se pelo fato dela permitir informações detalhadas sobre o que se está pesquisando (OLIVEIRA, 2005) e à observação por possibilitar a descrição precisa dos fenômenos (BALLES, 1950). Os dados foram analisados de forma qualitativa e quantitativa. A análise qualitativa incidiu sobre as idéias dos professores, quanto a Pedagogia do Movimento. E a quantitativa sobre o percentual de respostas atribuídas ao mesmo campo semântico de uma categoria.
RESULTADOS:
Os achados revelaram que a prática do movimento está presente na educação infantil, embora seja pobre e se volte ao treino motor dos alunos. Detectamos também que a contenção motora é uma prática comum, divergindo assim da proposta de documentos legais como o RCNEI (BRASIL,1998) que entende o movimento como uma importante dimensão do desenvolvimento e da cultura humana por possibilitar as crianças cada vez mais o controle sobre seu próprio corpo e interações com o mundo. As professoras têm uma visão de que a pedagogia do movimento representa uma articulação entre o trabalho com o corpo e com a aprendizagem (80%) e um mote para o ensino (20%). Elas, em sua maioria, consideram que a pedagogia do movimento possibilita o desenvolvimento da criança em vários aspectos (físico, psíquico, cognitivo), o que é positivo. As professoras também ressaltaram o uso do movimento no trabalho com as crianças e sua importância no processo de ensino-aprendizagem, fato que contradiz com as práticas observadas. 60% das professoras utilizam as brincadeiras como elemento atrelado ao ensino de conteúdo, o que restringe as possibilidades decorrentes delas para o desenvolvimento infantil (BRASIL, 1998). Tal situação é lamentável, já que o movimento contribui para o desenvolvimento da criança como um todo.
CONCLUSÃO:
O estudo revela que o movimento está presente nas escolas, e que ele representa para as professoras a articulação entre o trabalho com o corpo e a aprendizagem. A prática predominante do movimento foi à tradicional, voltada para o treino da coordenação motora (no geral) e à contenção de movimentos. Embora, tenhamos observado de forma incipiente episódios de trabalho com o movimento a partir de jogos e brincadeiras como morto/vivo, seu rei mandou, etc. Os achados nos faz refletir a respeito da criação e efetivação de políticas educacionais voltadas tanto para a formação inicial do professor quanto para a continuada. É urgente, a necessidade de um olhar mais atento das autoridades competentes para que nossas crianças não sejam prejudicadas em seu desenvolvimento, numa etapa crucial que é a educação infantil. Acreditamos que esse trabalho si constitua em um elemento de reflexão por parte daqueles que compõem a escola, professores, pais, alunos, dirigentes, poder público e a sociedade como um todo, a fim de discutirmos e revermos as práticas e de alterarmos o cotidiano das instituições de educação infantil para que possamos propiciar uma educação de qualidade, que contemple a criança em sua integralidade.
Palavras-chave: Pedagogia do Movimento, Educação Infantil, Prática Pedagógica.