64ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 11. Ensino-Aprendizagem
PRECONCEITOS VIVIDOS POR UMA COMUNIDADE QUILOMBOLA
Luciana Pacheco Marques 1,2
Juliana Ramos de Faria 3
Jéssica Mayara Santana dos Santos 3
1. Profª. Dra./ Orientadora-Depto da Faculdade de Educação- UFJF
2. Coordenadora do PPGE- UFJF
3. aluna do curso de pedagogia- UFJF
INTRODUÇÃO:
A partir de um seminário sobre preconceito da matéria Educação e Diversidade I, do primeiro período de Pedagogia da Universidade Federal de Juiz de Fora, fizemos a leitura do artigo de Reis (2008) sobre a Chacrinha dos Pretos, sendo esta uma comunidade remanescente de Quilombo. Fomos em busca de sabermos se existiam outras, já que estas são pouco divulgadas pela mídia. Em pesquisas encontramos dados divulgados pela Fundação Cultural dos Palmares - FCP, apud Reis (2008), que até o ano de 2000, 743 Comunidades Remanescentes de Quilombos já foram identificadas; 42 reconhecidas e 29 tituladas. Com isso, conhecemos a Colônia do Paiol, comunidade quilombola situada em Bias Fortes (MG). Fizemos uma visita no dia 12/10/2011, lá foram feitas entrevistas, filmagens e fotografias para nosso seminário. Se antes foi contra o cativeiro e pela liberdade que os negros lutavam e fugiam para os quilombos, hoje essas comunidades quilombolas são uma forma de resistência e luta para que mantenham as tradições, cultura e o mínimo de qualidade de vida para a comunidade. Com a nossa visita compreendemos as dificuldades que algumas dessas comunidades passam por causa do abandono e preconceito.
METODOLOGIA:
Nosso trabalho foi realizado através de um seminário sobre preconceito para a matéria Educação e Diversidade I, aonde tivemos a oportunidade de trabalhar com o preconceito ao negro. A partir do artigo de Reis (2008), onde a autora fez seu trabalho em uma comunidade remanescente de quilombos, tivemos a idéia e curiosidade de procurar alguma comunidade aonde tivéssemos acesso e pudéssemos fazer nosso seminário. Assim conhecemos a comunidade Colônia do Paiol, situada em Bias Fortes (MG), onde fomos muito bem recebidas com nossa visita no dia 12/10/2011. Através de entrevistas, gravações, filmagens e fotografias montamos nossa apresentação com slides contendo um pouquinho de tudo, para que de uma forma rápida e pratica permitíssemos a compreensão das dificuldades e preconceitos vividos por esta comunidade.
RESULTADOS:
Os resultados foram muitos relatos e desabafos de uma comunidade aonde falta assistência e sobre o preconceito sofrido, que estava nas palavras de todos com quem tivemos contato. A comunidade surgiu, através da doação de terras feita por um fazendeiro para nove de seus ex escravos. Hoje a comunidade é formada por seus descendentes. "[...] Vamos seguir o exemplo de nossos antepassados, ser justos, vamos trabalhar direitinho, vamos ser honestos, eles conseguiram esse pedaço de terra por isso, por ser honesto, trabalhadores, lá com seu senhor, obedientes." (Fala da Sra. Zezé). Podemos constatar que a comunidade, em si, tem tratamento de esgoto, mas suas adjacências não. Médico na comunidade só de 15 em 15 dias, e não tem ambulância, caso precisem tem que esperar vir de Bias Fortes. Não há policiamento na comunidade. Existe uma associação, que foi reorganizada e em 2007 foi registrada a nova diretoria. A escola só vai até a antiga 4ª série, depois o estudo é continuado em Bias Fortes. Segundo relato de moradores a escola na comunidade não trabalha com o material "A Cor da Cultura", um projeto de educação que valoriza a cultura afro-brasileira. Nossa maior discussão foi voltada para o preconceito sofrido por eles, aonde tivemos inúmeros relatos.
CONCLUSÃO:
O que vimos nessa comunidade foi a real luta contra o preconceito que sofrem no dia a dia. Preconceito da população da cidade, deles consigo mesmo e, o descaso das autoridades. Precisamos ter pessoas mais esclarecidas trabalhando nos veículos de comunicação e inclusive nas escolas, para que não se banalize um assunto tão sério e nem o deixe cada vez mais esquecido como se não fizesse parte de nossa sociedade. Já está tão entranhado em nossa cultura que o padrão de beleza é o branco, magro, de cabelos lisos e loiros, que alguns negros têm vergonha e se transformam para se adequarem e aproximarem do padrão. Na comunidade tivemos a oportunidade de conhecer uma negra muito esclarecida que nos contou: “[...] uma mulher me disse uma vez em um encontro da associação que não queria ter o cabelo daquele jeito e que vai se casar com um branco pro filho nascer com o cabelo liso, da vontade de chorar quando escuto uma coisa dessa. Tá tendo preconceito com ela mesma e ta se negando [...]”. Acreditamos que nossa sociedade precisa trabalhar cada vez mais para desconstruir ideias como essa. A educação pode contribuir para o respeito às diferenças, porque todos são diferentes, cada qual com sua cor, cultura, sexo, religião etc.
Palavras-chave: Preconceito, Quilombo, Cultura.