64ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 8. Educação Matemática
MÃOS QUE CRIAM E APRENDEM: CONSTRUINDO JOGOS MATEMÁTICOS
Flávia Renata Farias Pugliesi 1
Valéria da Fonseca Silva 1
1. Prefeitura do Recife – Secretaria de Educação, Esporte e Lazer
INTRODUÇÃO:
Durante o ano letivo de 2011 a Secretaria de Educação do Recife em parceria com o Núcleo de Educação Matemática (NEMAT) da Universidade Federal de Pernambuco promoveu um curso para os professores que abordou a importância dos jogos matemáticos confeccionados a partir de materiais recicláveis. Sabemos que os jogos matemáticos são de extrema importância no processo de ensino-aprendizagem e segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais as atividades com jogos representam um importante recurso metodológico em sala de aula, pois é uma forma interessante de propor problemas devido a ser atrativo para o aluno e também por favorecer a criatividade na elaboração de estratégias durante o jogo. A partir das discussões vivenciadas no curso sentimos a necessidade de trabalhar conceitos e conteúdos matemáticos através da construção dos jogos pelos próprios alunos, proporcionando também uma discussão sobre o reaproveitamento de materiais fazendo uma reflexão junto aos alunos, sobre a redução dos resíduos e a proteção dos recursos naturais. O projeto foi desenvolvido na Escola Municipal Vila São Miguel em Recife/Pernambuco e teve como objetivo vivenciar a construção de jogos estimulando o desenvolvimento do raciocínio lógico matemático, da criatividade e a capacidade de resolver problemas.
METODOLOGIA:
O projeto teve a duração de seis meses e contou com a participação de duas turmas do ensino fundamental I com alunos na faixa etária entre oito e onze anos. Inicialmente apresentamos os jogos aos alunos explicando sua origem, a forma de utilização, as regras e os materiais necessários para a confecção, em seguida partimos para a oficina de construção. Depois de prontos, os jogos eram vivenciados pelos alunos que faziam correlação com o ensino da matemática e até criavam novas regras para os mesmos, gerando novos conhecimentos. Os jogos construídos e vivenciados em sala de aula foram: Jogo da Velha com Figuras Geométricas, Mankala, Jogos dos Polígonos, Bingo dos Números Racionais, Jogos dos Sinais, Jogo do Nim e Bingo das Grandezas e Medidas. Abordamos os seguintes conteúdos: raciocínio lógico; linha, ângulo e vértice; operações matemáticas; sólidos geométricos; grandezas e medidas; estimativas; valor posicional do número; superfície e área; números inteiros; contagem, agrupamento e classificação. Como os jogos foram construídos a partir de sucata optamos por materiais que são mais facilmente encontrados como: embalagens de sorvete, de margarina e iogurte, garrafas pet, papelão, grãos, pedras e caixas, contribuindo de forma lúdica para a adoção de práticas sustentáveis.
RESULTADOS:
Com esta experiência pudemos trabalhar com as turmas o desenvolvimento afetivo, motor, intelectual, cognitivo, social, moral e aprendizagem de conceitos. Os alunos puderam manipular materiais variados, reconstruir objetos, fazer relações com situações reais além de aprender e criar novas regras. Os jogos possibilitaram a produção de uma vivência significativa para as crianças, tanto em termos de conteúdos escolares como do desenvolvimento de competências e habilidades. A confecção dos jogos pelos próprios alunos gerou um sentimento de satisfação, pois eles descobriram que podiam construir e criar ao mesmo tempo em que também aprendiam. Na sala de aula podemos promover a relação entre parceiros e grupos e o respeito dos diferentes pontos de vistas, além de discutimos sobre o reaproveitamento de materiais refletindo dessa maneira na preservação do meio ambiente. Durante o processo observamos a motivação e o interesse dos alunos em conhecer, construir e vivenciar os jogos; percebemos também a empolgação das famílias que participaram desse momento de descobertas dos educandos, já que os mesmos podiam levar os jogos para casa para socializarem. Dessa forma, as aulas tornaram-se mais produtivas quebrando o preconceito de que matemática é difícil e descontextualizada da vida dos alunos.
CONCLUSÃO:
Percebemos que a utilização de jogos na educação matemática, quando bem definidos, promovem um ensino estimulador e desafiante já que os jogos são um instrumento facilitador da aprendizagem, pois mobilizam a dimensão lúdica para a resolução de problemas. Por meio da realização deste trabalho, foi possível observar que houve nas aulas uma maior e melhor interação entre aluno/professor e aluno/aluno, em que um contribuiu com o aprendizado do outro por meio da mediação e troca de experiência. Ao jogar, as turmas tiveram a oportunidade de resolver problemas, investigar e descobrir a melhor jogada, refletir, criar e analisar as regras, estabelecendo relações entre os elementos do jogo e os conceitos matemáticos, além de poderem confeccionar o seu próprio material. Os alunos puderam apropriar-se de diferentes linguagens utilizando palavras, números, símbolos e imagens, construindo e desenvolvendo habilidades matemáticas que possibilitam a aplicação e uso no seu contexto social. A experiência vivenciada contemplou não só o aprimoramento e desenvolvimento dos conteúdos matemáticos, mas também, levou os alunos a pensarem produtivamente, solucionando os problemas na sua vida escolar e no seu cotidiano.
Palavras-chave: Educação Matemática, Jogos Didáticos, Reciclagem..