64ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 11. Ensino-Aprendizagem
O FANZINE COMO RECURSO DIDÁTICO PARA O ENSINO DE GEOGRAFIA
Dionys Morais dos Santos 1
Ariane Lima Almeida 2
Carlos Hewerton Machado Silva 2
Mayara Gomes de Oliveira 2
Washington Soares de Sousa Rocha 2
Maria Regiane da Costa 3
1. Prof. Coordenador - Escola Profissional de Itaitinga - EEEP
2. Escola Profissional de Itaitinga - EEEP
3. Profa. Especialista/Orientadora - Escola Profissional de Itaitinga - EEEP
INTRODUÇÃO:
Não existe uma definição oficial para os fanzines. Barbosa (2007), citando Galvão (2006), diz que os fanzines impressos apresentam algumas características mais gerais em relação a outras publicações: eles são, na maioria dos casos, produzidos por amadores, artesanalmente, xerocopiados e distribuídos entre amigos, parentes ou postos à venda em locais especializados. Esse tipo de mídia alternativa, associada à Geografia, disciplina que apresenta inúmeras possibilidades para um debate acerca da realidade cotidiana vivenciada pelos estudantes, pode responder positivamente na aplicação e compreensão dos conteúdos. Para evidenciar essa proposta foi desenvolvido um projeto na Escola Profissional de Itaitinga, Ceará, Brasil, com alunos dos primeiros anos do Ensino Médio com o objetivo de desenvolver a capacidade criativa, tornar possível a percepção de que eles podem ser responsáveis pela construção do conhecimento ao produzirem seus próprios fanzines, viabilizar a apreensão da importância dos conteúdos apresentados em sala, relacionar esses conteúdos com aspectos próprios ao cotidiano vivenciado pelos estudantes, possibilitar a articulação de ideias e conceitos, através do exercício criativo, e instigar a reflexão acerca da realidade em que estão submersos.
METODOLOGIA:
O projeto contou com a participação dos monitores de Geografia do primeiro ano do Ensino Médio escolhidos por um processo seletivo junto à coordenação escolar e aos professores da área de Ciências Humanas. O trabalho se dividiu em três momentos: na primeira fase, os monitores e o professor responsável realizaram uma discussão teórica acerca das origens, viabilidade e aplicabilidade do fanzine como recurso didático para o Ensino de Geografia, assentados no estudo realizado por Barbosa (2007). Em seguida, cada monitor escolheu um assunto de cunho geográfico, com base no cotidiano e/ou relacionado aos conteúdos que devem ser ministrados em sala de aula, conforme estabelecidos pelos Parâmetros Curriculares Nacionais para o ensino médio. Na terceira fase, cada monitor realizou a confecção do fanzine, mídia alternativa, de natureza independente e que requer motivação, criatividade e pesquisa por parte dos educandos. Após a confecção dos fanzines e a avaliação realizada pelo professor, os monitores de Geografia realizaram uma oficina geográfica. A oficina contou com a participação de um grupo de 24 alunos que, a princípio, se dispuseram a participar do projeto. Os monitores foram divididos em quatro duplas, sendo que cada uma ministrou a oficina para um grupo de três alunos.
RESULTADOS:
Em cada momento da realização do referido projeto foi perceptível à necessidade do educando desenvolver algumas habilidades básicas à compreensão dos conteúdos geográficos ministrados em sala de aula ou que tenham como base o cotidiano dos mesmos. No primeiro estágio, o desenvolvimento da pesquisa científica é inerente ao processo de construção do “novo”, visto que o fanzine é pouco conhecido no meio midiático e pouco utilizado pelos docentes na prática pedagógica. Na segunda etapa, a escolha dos conteúdos pelos monitores permitiu que os mesmos conhecessem melhor os conteúdos a serem tratados nos fanzines, bem como puderam comprovar sua viabilidade em sala de aula como um recurso didático motivador e de fácil compreensão pelos jovens estudantes. O momento da confecção foi considerado o estágio da criatividade, na qual os educandos colocaram no papel seus pensamentos, opiniões, questionamentos e críticas acerca do assunto escolhido e, assim, puderam participar da construção do Saber, algo bastante valorizado pelas novas tendências educacionais brasileiras. Por fim, a finalização do projeto no qual os monitores ministraram suas oficinas, revelou a capacidade dos mesmos de instigar os demais alunos à criticidade e à reflexão geográfica da realidade cotidiana em que estão inseridos.
CONCLUSÃO:
No universo das coisas, aprender Geografia tem – ou deveria ter pelo menos num plano no qual os objetivos não fossem a capacitação técnica ao invés da intelectual – papel de destaque enquanto matéria capaz de evidenciar os fenômenos que produzem o espaço, demonstrando, ao estudante, que ele é sujeito ativo desses processos. Compreendemos, como algo fundamental, a abertura de ambos os lados, professor e educando, para o diálogo e a troca: os estudantes, com seu conhecimento baseado na experiência; e o educador, com o seu conteúdo acumulado e sua forma de ver e desvendar o mundo. Sabemos que esse recurso não será o redentor, como os demais não o são, mas entendemos que esse, assim como os outros, pode ser capaz de facilitar bastante o trabalho de aplicação do conteúdo em sala de aula pelo educador, de maneira a contribuir, enquanto recurso didático, para tornar a aula de Geografia mais atrativa, participativa e dinâmica. Esperamos que as aulas de Geografia que, porventura, sejam ministradas utilizando essa metodologia possam possibilitar aos estudantes maior aproveitamento e compreensão dos conteúdos apresentados em sala, relacionando-os ao seu cotidiano de maneira a articular e reconhecer as ideias e conceitos geográficos.
Palavras-chave: Fanzine, Recurso Didático, Ensino de Geografia.