64ª Reunião Anual da SBPC
E. Ciências Agrárias - 3. Recursos Florestais e Engenharia Florestal - 2. Manejo Florestal
Sobrevivência e crescimento de mudas de Dinizia excelsa Ducke (angelim-vermelho) plantadas em clareiras causadas pela exploração de impacto reduzido no município de Paragominas na Amazônia brasileira
Sabrina Benmuyal Vieira 1
João Olegário Pereira de Carvalho 2
Ademir Roberto Ruschel 3
1. Estudante de Engenharia Florestal - Universidade Federal Rural da Amazônia – UFRA
2. Professor/Orientador - Universidade Federal Rural da Amazônia - UFRA
3. Pesquisador - Embrapa Amazônia Oriental
INTRODUÇÃO:
Os tratamentos silviculturais são práticas utilizadas para aumentar a produtividade da floresta, favorecendo as árvores selecionadas para as futuras colheitas de madeira. As principais técnicas utilizadas são: corte de cipós, liberação de copas para maior captação de luz, limpeza e desbaste, e plantio de enriquecimento. Em relação ao plantio, há a necessidade de se conhecer a capacidade da espécie em se adaptar ao ambiente e que espécies podem ser plantadas com sucesso. Algumas espécies vêm sendo testadas na prática pelo setor de base florestal, outras estão sendo experimentadas, como é o caso de Dinizia excelsa, objeto deste estudo. Esta espécie pertence à família Leguminosae-Mimosoidae e é popularmente conhecida como angelim-vermelho. Na região de Paragominas, onde a pesquisa foi realizada, sua madeira possui alto valor comercial e é utilizada principalmente na construção civil e naval, na produção de dormentes, portes torneados, vigamentos, móveis, calçamentos de ruas e implementos agrícolas. Fez-se uma análise da sua sobrevivência e crescimento em plantio de seis anos de idade em clareiras causadas por exploração florestal de impacto reduzido na Amazônia brasileira.
METODOLOGIA:
O estudo faz parte do “Projeto Silvicultura Pós-colheita na Amazônia” (UFRA-Embrapa-Cikel-CNPq) e tem o apoio do “Projeto Manejo Florestal na Amazônia – MFA” (Embrapa Amazônia Oriental). O experimento foi instalado na Fazenda Rio Capim, pertencente à Cikel Brasil Verde Madeiras Ltda., localizada no município de Paragominas, no Estado do Pará. A área experimental é de 200 ha, representativa da Floresta Ombrófila Densa de Terra Firme da Amazônia brasileira, onde foram selecionadas 400 clareiras, causadas pela exploração florestal de impacto reduzido, para o estudo de enriquecimento com plantio de espécies de valor comercial. As clareiras foram classificadas em: pequenas (200–400 m²), médias (401–600 m²) e grandes (>600 m²). Dinizia excelsa foi plantada, em apenas 50 clareiras. Foram plantadas, aleatoriamente 44 mudas em clareiras pequenas, 24 em clareiras médias e 11 em clareiras grandes. No momento do plantio, em 2005, foi realizada a primeira medição da altura das mudas. As outras medições foram realizadas em 2006, 2008, 2010 e 2011. Foram calculadas as Taxas de Sobrevivência e o Incremento Periódico Anual em altura das mudas.
RESULTADOS:
Após seis anos de monitoramento a taxa média de sobrevivência de Dinizia excelsa foi de 48% em clareiras pequenas e 46% em clareiras médias. Não houve sobrevivência em clareiras grandes. O Incremento Periódico Anual, em altura, da espécie, em seis anos (2005-2011), foi de 7,5 cm ano-1. O incremento nas clareiras pequenas foi de 9,9 cm ano-1 e nas clareiras médias foi de 14,5 cm ano-1. No período 2006-2008 observou-se o maior crescimento das mudas, nos três tamanhos de clareiras: nas pequenas foi de 36,0 cm ano-1, nas médias foi de 64,7 cm ano-1 e nas grandes foi de 42,8 cm ano-1. É interessante notar que as taxas de sobrevivência da espécie nas clareiras pequenas (48%) e médias (46%) foram bem semelhantes, porém as taxas de crescimento foram muito diferentes (9,9 cm ano-1 e 14,5 cm ano-1 respectivamente). O que teria influenciado tanto o crescimento das mudas? Certamente o período de seis anos ainda não foi suficiente para se tirar conclusões confiáveis sobre a adaptação e crescimento de mudas da espécie em clareias causadas por exploração florestal de impacto reduzido. Estudos ecológicos envolvendo a flora, a fauna e os solos florestais também poderiam ajudar a explicar o comportamento da espécie em clareiras nessa área.
CONCLUSÃO:
As baixas taxas de sobrevivência e de crescimento das mudas de Dinizia excelsa permitem concluir que a espécie não se adaptou às aberturas causadas pela exploração florestal de impacto reduzido na área de estudo. São necessários estudos complementares em períodos mais longos, tratando tanto da silvicultura como da ecologia da espécie, para se concluir em relação à possibilidade de utilizá-la em plantios de enriquecimento em florestas naturais.
Palavras-chave: Plantio de enriquecimento, Silvicultura pós-colheita, Tratamentos silviculturais..