64ª Reunião Anual da SBPC
H. Artes, Letras e Lingüística - 4. Linguística - 2. Linguística Histórica
COMPORTAMENTO DO CLÍTICO “SE” EM TEXTOS PORTUGUESES DO SÉCULO XVI: INTERPOLAÇÃO E ADJACÊNCIA
Eloísa Maiane Barbosa Lopes 1
João Henrique Silva Pinto 2
Cristiane Namiuti Temponi 3
1. Depto. de Estudos Linguísticos Literários - UESB
2. Depto. de Estudos Linguísticos Literários - UESB
3. Profa. Dra./ Orientadora - Depto. de Estudos Linguísticos e Literários - UESB
INTRODUÇÃO:
A investigação sobre o clítico SE é de grande importância, pois, na história do português seu uso tem algumas particularidades que o diferenciam dos demais pronomes clíticos. No Português Clássico (século XVI-XVIII), nos contextos de variação próclise e ênclise, diferentemente dos demais clíticos o SE apresenta-se produtivo em estruturas enclíticas (CHOCIAY, 2003), podendo variar a sua função: indeterminativo, passivo, inerente, reflexivo, inerente e reflexivo ou ambíguo. Na diacronia do português, nos contextos de próclise categórica, o pronome pode variar quanto à adjacência ao verbo e a interpolação de constituintes entre o clítico e o verbo. Considerando a importância do fenômeno da interpolação para se entender as mudanças profundas na sintaxe da língua, o presente trabalho desenvolvido no âmbito do projeto Novos meios para antigas fontes: sintaxe diacrônica em corpus eletrônico do português visa apresentar os resultados da investigação do uso do clítico SE em estruturas com interpolação da negação (se-neg-verbo) e estruturas com adjacência (neg-se-verbo); nos textos portugueses do século XVI (Corpus Histórico do Português Tycho Brahe), investigando o fator tipo de SE.
METODOLOGIA:
Para este trabalho, selecionamos sete textos escritos por autores nascidos no século XVI os quais foram retirados do Corpus Histórico do Português Anotado Tycho Brahe. Este é um Corpus eletrônico anotado, composto de textos em português escritos por autores nascidos entre 1380 e 1845 e disponibilizado na rede mundial de computadores. Fizemos o levantamento dos dados com clíticos e buscamos as sentenças com o clítico SE através da busca automática (Corpus Search) nos contextos de próclise em estruturas com interpolação da negação e adjacência SE-verbo. Posteriormente, separamos os textos, analisamos os clíticos SE quanto sua função indeterminativo, passivo, inerente ao verbo, reflexivo, ambíguo ou inerente/ reflexivo das respectivas estruturas. Finalmente, os avaliamos quantitativamente com a ajuda das ferramentas do EXCEL.
RESULTADOS:
Comparando a estrutura de interpolação da negação (se-neg-verbo) em relação à de adjacência (neg-se-verbo), observamos um comportamento diferente dos tipos de SE em cada uma. O SE indeterminativo se realiza com maior frequência em estruturas com interpolação da negação do que nas de adjacência. Diferentemente do SE reflexivo que é bastante encontrado nas sentenças com adjacência. Já o SE passivo não é muito produtivo em nenhuma das estruturas, enquanto o SE inerente é assíduo em ambas. O SE ambíguo ocorre frequentemente na interpolação e na adjacência e o inerente/reflexivo, dentro de nossa amostra de texto, é quase inexistente.
CONCLUSÃO:
Concluindo, de acordo com os dados obtidos observamos que o Clítico SE é bastante encontrado no século XVI sendo o SE passivo bem mais produtivo nos textos do início e meados do século XVI. Já a frequência do indeterminativo é alternada. Quanto ao inerente e reflexivo, estes comportam-se de maneira semelhante, comparado um ao outro, com uma frequência que, também, é alternada ao decorrer desse mesmo século. O SE ambíguo é proeminente no início, enquanto o inerente/ reflexivo aparece apenas no final.
Palavras-chave: Clítico SE, Interpolação, Adjacência.