64ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 1. Enfermagem - 7. Enfermagem
PERCEPÇÃO DE ESTUDANTES DE ENFERMAGEM NA REALIZAÇÃO DE COLETA DE DADOS COM O IDOSO EM DOMICÍLIO: RELATO DE EXPERIÊNCIA.
Ana Carolina de Oliveira Rocha 1
Lara Anísia Menezes Bonates 1
Jéssika Monteiro Araújo 1
Liana Monteiro Carvalho 1
Talita Matias Barbosa 1
Maria Josefina da Silva 2
1. Acadêmico de Enfermagem, Universidade Federal do Ceará - UFC
2. Profa. Dra./Orientadora - Depto.de Enfermagem - UFC
INTRODUÇÃO:
As Universidades além de proporcionar o ensino em áreas profissionais específicas também proporcionam a vivencia em pesquisa e extensão. Desse modo, o ensino superior torna-se não somente um local de aprendizado, mas também de produção. A pesquisa fornece ao aluno da graduação, principalmente por meio da coleta de dados, experiências que estimulam o desenvolvimento de senso crítico sobre a população entrevistada. A realização da entrevista em domicílio permite ao pesquisador uma observação do ambiente e das relações existentes na família. O entrevistador, em suas coletas, é capaz de detectar possíveis variáveis presentes no domicilio que podem exercer influencia sobre as respostas dadas e levantar hipóteses sobre os resultados obtidos na pesquisa. Desse modo a percepção do entrevistador deve ser valorizada e citada durante as produções de trabalhos científicos, já que a mesma enriquece e torna o trabalho mais próximo da realidade da população pesquisada. Objetivou-se relatar as percepções de estudantes de enfermagem adquiridas durante a realização da coletas de dados com a população idosa em domicílio, utilizando como instrumento o Mini-exame do estado mental (MEEM) e o Hwalek-Sengstock abuse screening test (H-S-EAST) na entrevista.
METODOLOGIA:
Trata-se de um estudo qualitativo do tipo relato de experiência desenvolvido por alunos da graduação em enfermagem da Universidade Federal do Ceará, sobre as percepções obtidas na realização de coleta de dados com os idosos em domicílio. As percepções foram formuladas com base no ambiente, estrutura familiar, relação familiar e estado emocional do idoso durante a aplicação dos instrumentos. Realizou-se 318 entrevistas de Dezembro de 2011 a março de 2012,em sete bairros da Regional I na cidade de Fortaleza por 14 estudantes da graduação. Foram aplicados dois instrumentos, o primeiro, Mini- exame do estado mental (MEEM) que avalia a capacidade cognitiva do idoso e o segundo instrumento, Hwalek-Sengstock abuse screening test (H-S-EAST), cujo propósito consiste em detectar a existência de abuso ao idoso. A coleta de dados pertence a pesquisa intitulada: Avaliação da presença de abuso/maus tratos segundo os olhares do idoso e seu cuidador, vinculada ao grupo de pesquisa Praticas cuidativas ao idoso. As percepções foram formuladas a partir do que foi observado na maioria das residências visitadas.
RESULTADOS:
Observou-se com relação ao ambiente que os idosos são donos de suas residências e que por isso aparentavam maior liberdade e poder de decisão sobre a casa. Além disso, muitos idosos se mostraram ativos na realização de trabalhos domésticos. Diante dessa autonomia, o cuidado prestado ao idoso se limitava ao aparecimento de doenças ou a manutenção de cuidado em caso de doença crônica. Quanto a estrutura familiar, observou-se principalmente idosos que moram com outros idosos, normalmente cônjuge ou irmãos, ou ainda famílias maiores que incluíam filhos e netos. Desses, os filhos e o cônjuge foram os que se apresentavam, geralmente, como cuidadores do idoso. Quanto às relações familiares, notou-se o afeto presente entre o idoso e os familiares e principalmente entre o idoso e o cuidador, gerando a impressão de que o cuidador era o membro da família cuja relação de vínculo com o idoso é a melhor entre os familiares. Ao aplicarmos o MEEM verificamos, sentimento de incapacidade por não conseguirem acertar algumas questões e também uma necessidade de superação a cada nova pergunta. Ao aplicarmos o H-S-EAST notou-se um estado de tristeza ao indagarmos se o idoso se sente só, e indignação e negação diante de perguntas que investigavam a ocorrência de violência contra o idoso.
CONCLUSÃO:
As percepções obtidas na realização da coleta de dados enriquecem o estudo e fundamentam os resultados obtidos, podendo até gerar novos projetos de estudo dentro da prática vivenciada a partir de um novo problema detectado. A experiência adquirida durante essa prática estimula o desenvolvimento científico na graduação e aumenta o interesse dos estudantes pela pesquisa. As percepções (aspectos qualitativos) obtidas durante as coletas de dados quantitativos funcionam como uma forma de triangulação informal, complementando as respostas obtidas e trazendo novas informações que enriquecem o estudo. Portanto, torna-se fundamental a elaboração de diários de campo com registros contextuais e de impressão do entrevistador valorizando a produção do conhecimento.
Palavras-chave: Idoso, Estudantes de enfermagem, Coleta de dados.