64ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 11. Ensino-Aprendizagem
EXPERIÊNCIA EXTENSIONISTA COMO REPARAÇÃO SOCIAL: ANÁLISE DE CRIANÇAS DE ESCOLA PÚBLICA EM PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO
Caroline Barros Gondinho 1
Dayane de Oliveira Martins Bringel 1
Marise Marçalina de Castro Silva Rosa 2
1. Depto.de Educação, Universidade Federal do Maranhão - UFMA
2. Profa. Dra./Orientadora - Depto.de Educação I, Universidade Federal do Maranhão – UFMA
INTRODUÇÃO:
A experiência apresentada ocorreu numa instituição de educação básica da Rede Estadual de Educação do Estado do Maranhão, teve uma duração de cinco meses aproximadamente e se fez vinculada ao Projeto Escola Laboratório que é parte do NEPROF – Núcleo de Estudos em Didática, Currículo e Processos Formativos do Curso de Pedagogia da UFMA. Tem-se como objetivo, ao realizar este trabalho, auxiliar alunos que apresentam dificuldades no processo de leitura e escrita a superar os obstáculos e chegarem à apropriação da linguagem escrita de forma desejável. Espera-se contribuir para que se desenvolvam como seres humanos e, assim, construam autoconfiança e possam transpor os obstáculos socioeconômicos capazes de contribuir negativamente para seu processo de aquisição da escrita. Esta experiência foi de grande importância, pois permitiu que circunstâncias de raízes socioeconômicas fossem remediadas de modo que alunos com pouco acesso a determinados bens culturais tiveram a oportunidade de dar um importante passo rumo ao mundo do saber, à construção do conhecimento e à conquista do seu espaço nesta sociedade tão desigual.
METODOLOGIA:
Participam da experiência alunas do curso de Pedagogia como tutoras e alunos em idade escolar entre 07 e 10 anos, oriundos de famílias de classe média a baixa, muitos com condições financeiras bem modestas e consequentemente com pouco acesso a bens culturais que exigem capital financeiro para tê-los. Centrou-se o trabalho no apoio às crianças que apresentavam dificuldades em desenvolver seu processo de alfabetização. Estas foram tiradas do lugar comum (sala de aula) para serem levadas a um ambiente alfabetizador, que lhes permita o contato com bens culturais como livros, revistas, jogos educativos, os quais lhes permitiam evoluir em seu processo. Além disso, utilizou-se estratégias já utilizadas pelo Projeto Escola Laboratório que se utiliza de alguns passos fundamentais, a criança escolhe um livro que lhes chame atenção, então a tutora lê para a criança, posteriormente lê-se com a criança e depois a criança lê sozinha, o que gera nesse aluno maior autoconfiança. O ambiente alfabetizador, o acesso a bens culturais e a afetividade ao realizar atividades junto com as crianças foram fundamentais para alcançar o objetivo tão desejado: os alunos evoluírem em seu processo de alfabetização.
RESULTADOS:
O processo de alfabetização não se inicia quando começa a vida escolar. Ao chegar à escola, já trazemos uma série de experiências capazes de contribuir de alguma forma para este processo. Estas experiências que trazemos estão diretamente relacionadas ao meio ao qual se está inserido, onde nossas experiências acontecem e se pode ter acesso, ou não, a determinados bens culturais. Segundo Bourdieu, o acesso a estes bens culturais dependem da condição financeira do sujeito (capital econômico), já que, para adquiri-los, são exigidos recursos financeiros. Estes determinam aquilo que será acessível a cada um, o que influenciará as experiências do processo educativo. Neste caso, tinha-se um universo de crianças de classe média a baixa e durante o desenvolver das atividades percebeu-se que os alunos que não apresentavam dificuldade alguma em seu processo de alfabetização, coincidentemente eram os de famílias de condições melhores (filhos de taxistas e funcionários públicos) e os alunos que apresentavam fragilidades no seu processo de evolução da escrita eram, em sua maioria, oriundos de classes menos abastardas. Durante cinco meses, trabalhou-se leitura e escrita com estes alunos e pôde-se, ao final, ver crianças que antes não liam, nem escreviam, sendo agora capazes de fazê-lo.
CONCLUSÃO:
Pôde-se, ao final, verificar que crianças, antes desprovidas de autoestima, agora mais seguras de si, acreditavam serem capazes de ler, bem como podiam além de ler, reproduzir oralmente aquilo que liam e também escrevê-lo em poucas palavras. Observou-se a alegria dos alunos ao sorrirem por conseguirem ler palavrinhas, juntar aquelas letrinhas e então dar sentido à vida através delas. Este resultado superou as expectativas e abriu as portas do mundo da leitura a estas crianças que trazem marcas da pobreza e da falta de acesso a determinados bens culturais. Ficou claro para nós que, aquilo que se objetivou com todo esse trabalho, superou as expectativas, pois antes do tempo que se esperava, estas crianças avançaram significativamente na aquisição da escrita e puderam dominar leitura e escrita de forma desejável. Assim, cada um deles pode agora ter em mãos a chave que abre as portas do mundo: o saber, independente de suas condições financeiras, sociais. Entende-se que agora tiveram o seu direito a ler e escrever assegurado, podendo, então, conhecerem o que desejar e ir aonde quiserem e tiverem coragem de alcançar.
Palavras-chave: Crianças de classes menos abastardas, Alfabetização, Tutoria.