64ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 4. Geografia - 1. Geografia Humana
OCUPAÇÃO HISTÓRICA DE ÁREAS QUILOMBOLAS NO MARANHÃO, COM DESTAQUE PARA A SITUAÇÃO ECONÔMICA, SOCIAL E CULTURAL DE RECURSO, NO MUNICÍPIO DE SANTA RITA.
Eduardo Moscoso dos Santos 1
Bruno Lobão Fernandes 1
Gabriel dos Santos Silva 1
Marcos Paulo Ribeiro Garcez 1
Lucas Soares da Silva 1
Pedro Oliveira Dutra Neto 2
1. Alunos do Colégio Marista do Araçagy
2. Prof./Orientador - Colégio Marista do Araçagy
INTRODUÇÃO:
Durante o Colonialismo da Era Moderna, o europeu utilizou a escravidão africana para fins mercantilistas, onde o negro era visto como um bem, substituindo o nativo americano na produção agrícola. Por meio do tráfico, os negros trazidos ao Maranhão eram bantos, vindos do Congo e de Angola; e sudaneses, que eram jejês e nagôs, trazidos do golfo da Guiné.
Neste contexto, diante dos castigos e maus tratos, os quilombos ou mocambos funcionavam como núcleo de resistência à escravidão, conservando suas vivências econômicas, culturais e religiosas, em locais de difícil acesso, afastados dos centros urbanos.
O presente trabalho tem por objetivo analisar a formação histórica das diversas áreas quilombolas do Maranhão, destacando a atual situação econômica, social e cultural da comunidade quilombola “Nossa Senhora da Conceição”, conhecida popularmente como “Recurso”, situada no município de Santa Rita – Ma, a aproximadamente 70 km de São Luís.
Um grupo de alunos do Colégio Marista do Araçagy, a partir de visitas feitas à comunidade quilombola de Recurso, puderam perceber os graves problemas econômicos dessa comunidade, que acarretam os mais diversos distúrbios sociais, a saber: analfabetismo, deficiência de saneamento básico e mínimo apoio à questão cultural dos órgãos competentes.
METODOLOGIA:
O presente trabalho foi realizado por um grupo de alunos do Colégio Marista do Araçagy, que se deslocou para a comunidade quilombola “Nossa Senhora da Conceição”, conhecida popularmente como “Recurso” e, utilizando-se da investigação oral, colheram depoimentos dos moradores dessa comunidade. Por meio de tais depoimentos, o grupo observou questões inerentes à economia do lugar, aos indicadores sociais e à questão cultural.
Foram visitadas algumas residências, o campo de futebol da comunidade, a casa de cultura local, onde ocorrem as vivências culturais e religiosas. Os alunos visitaram ainda a antiga estação de trem de Recurso, que funciona atualmente como espaço de reuniões dos membros da Associação de Moradores de Recurso. A comunidade é formada por 158 famílias.
Durante os diálogos com os moradores, os alunos se encarregaram de filmar, fotografar e produzir pequenos textos a cerca do que viam para a composição de um pequeno documentário e a formação de um painel sobre a situação econômica, social e cultural da comunidade quilombola de Recurso.
RESULTADOS:
O grupo de alunos do Colégio Marista do Araçagy, em visita à comunidade quilombola “Nossa Senhora da Conceição”, conhecida popularmente como “Recurso”, constatou, através dos depoimentos colhidos junto aos moradores, que a fonte de renda dessa comunidade é a agricultura de subsistência, apoiada na produção de arroz, de milho, de feijão, tubérculos e hortaliças em geral. Quase todas as famílias criam galinhas, patos e porcos, e a criação também é voltada para a subsistência, isto, é para o próprio consumo das famílias.
As casas de taipa, fechadas com talo de babaçu e barro e cobertas de palha, estão sendo substituídas por casas de alvenaria, através do projeto Minha Casa, Minha Vida, do Governo Federal. O projeto prevê a entrega de 100 residências, construídas no sistema de cooperativa pelos próprios moradores. Segundo eles, isso trará mais conforto e qualidade de vida, pois resolverão um problema histórico de saneamento, com água encanada e construção de fossas sépticas, as unidades de tratamento primário de esgoto doméstico.
A estação de trem de Recurso, atualmente desativada, embora o trem passe todos os dias pela comunidade, deverá ser reformada e, no lugar, funcionará um Centro Cultural, que revitalizará as festas historicamente associadas ao povo do lugar.
CONCLUSÃO:
O presente trabalho conclui que, decorridos 124 anos da “libertação” dos escravos, pouca coisa mudou! As condições de vida dos negros na senzala e, depois dos maus tratos e das fugas, no quilombo, permanecem quase inalteradas nessas áreas remanescentes. Em Recurso, por exemplo, a economia ainda está apoiada na policultura de subsistência e as famílias fazem da criação de galinhas, patos e porcos um meio de garantir a alimentação básica.
A comunidade de Recurso continua isolada de tudo, no interior do município de Santa Rita, e se apóia em sua história e na questão cultural como meio de resistência, reafirmando os preceitos de liberdade e igualdade, inatos no ser humano.
Palavras-chave: comunidade quilombola, economia, indicadores sociais.