64ª Reunião Anual da SBPC
F. Ciências Sociais Aplicadas - 12. Educação Física e Esportes - 1. Educação Física e Esportes
A PROPOSTA CRÍTICO-SUPERADORA NO ENSINO DE ESPORTES EM PROJETOS SOCIAIS
Paula Emboava Ortiz 1
Felipe Francisco Insfran 2
Ângela Celeste Barreto de Azevedo 3
André Malina 4
1. Curso de Educação Física – CCHS – PREAE - UFMS
2. Curso de Educação Física – CCHS – PREAE - UFMS
3. Profa. Dra./ Orientadora - Curso de Educação Física - UFMS
4. Prof. Dr./ Orientador - Curso de Educação Física - UFMS
INTRODUÇÃO:
Na área de Educação Física (EF) é predominante uma visão tecnicista e reprodutivista de ensino, baseado em repetições motoras que levam o aluno a um aprendizado mecânico e um adestramento dos movimentos. Em contraponto a tal visão tecnicista, a partir da década de 1980, surge uma produção crítica da EF como a encontrada no livro Metodologia do Ensino da EF, denominada pedagogia crítico-superadora (SOARES et al., 1992). Com base nessa proposta metodológica de ensino, pautada na cultura corporal, foi desenvolvido nas dependências da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) um Projeto de Extensão denominado “COMUNA” (Projeto Social da Comunidade Acadêmica Universitária do Departamento de Educação Física), que ofereceu atividades esportivas voltadas para crianças e adolescentes. Dentre os objetivos propostos, foi investigado se o acesso a práticas corporais e culturais, orientadas a partir da proposta metodológica critico-superadora, influencia na formação crítica dos participantes do projeto. Um projeto organizado a partir de tais pressupostos se faz relevante porque através de conteúdos da cultura corporal – jogo, esporte, dança, ginástica –, integradas a outras atividades culturais, busca-se contribuir para uma formação de homem mais crítica e autônoma.
METODOLOGIA:
Inicialmente, foi elaborado um planejamento de ensino e de aulas a serem ministradas no projeto, após a primeira semana de aula. Foram ministradas aulas de futebol e futsal voltadas para 25 crianças e adolescentes, entre 8 e 14 anos, participantes do projeto, no período de abril a novembro de 2012. O conteúdo técnico-esportivo era dado com fins pedagógicos de provocar discussões relacionadas ao contexto social em que os alunos estavam inseridos. A partir dessa discussão, era solicitada aos alunos do projeto a seguinte tarefa: pesquisar e refletir a respeito do tema do contexto social pertinente à discussão trazida na aula; elaborar uma composição escrita para continuidade na aula seguinte. Além disso, eram realizadas e anotadas permanentemente pelos professores observações da participação dos alunos nas aulas. Por fim, foi aplicado um questionário aos participantes do projeto, com perguntas abertas e fechadas. Com base na pedagogia critico-superadora, analisamos as categorias estabelecidas de cooperação, transgressão e adaptação às regras do jogo nos dados coletados. A seleção dos alunos, participantes do projeto, ocorreu pela divulgação nas escolas públicas do entorno da universidade.
RESULTADOS:
Na primeira semana de aula, foi observado, preliminarmente, que muitos alunos jogavam de forma individualista; apresentavam dificuldades nos combinados estabelecidos; excesso de competitividade. Com a aplicação dos planos de aula e da observação da participação dos alunos nessas aulas, foram obtidos os seguintes resultados, confirmados ao fim do projeto, com o questionário aplicado: (1) Sobre a oposição entre cooperação X individualismo, os alunos passaram a jogar de forma colaborativa, especialmente em decorrência da participação efetiva de todos os praticantes, e ainda apresentando atitudes de cooperação, mesmo fora do contexto do jogo; (2) No aprofundamento da categoria transgressão e adaptação às regras do jogo, as regras oficiais foram problematizadas, e os alunos conseguiram criar diferentes formas de jogar, adaptando o esporte à sua realidade, e aos seus interesses. Além disso, os alunos criaram no jogo oficial táticas e estratégias próprias de jogo; houve incremento no exercício da sua autonomia; e problematizados temas sociais, como a mídia e a saúde do atleta, do telespectador e do torcedor.
CONCLUSÃO:
A partir da análise das categorias de cooperação, e de transgressão, em oposição à adaptação às regras do jogo, houve uma contribuição na participação sócio-crítica dos praticantes do projeto para além da aprendizagem de técnicas do futebol e do futsal, ou seja, os alunos aprenderam a realizar fundamentos do futebol e futsal como passes, chute ao gol, dribles e regras relacionadamente às discussões apresentadas do contexto social, produzindo reflexões acerca do jogo, das regras, e da sociedade.
Palavras-chave: Ensino, Pedagogia crítica, Prática pedagógica.