64ª Reunião Anual da SBPC
E. Ciências Agrárias - 3. Recursos Florestais e Engenharia Florestal - 2. Manejo Florestal
ASPECTOS FITOSSOCIOLÓGICOS DE UMA FLORESTA ANTROPIZADA NO MUNICÍPIO DOM ELISEU, PARÁ.
Ana Paula Abade Smoginski 1
Ademir Roberto Ruschel 2
Débora Monteiro Gouveia 1
Edson Ruy Velasco Piedade Filho 1
Helton Bastos Machado 1
Wheriton Fernando Moreira da Silva 3
1. Graduando em Engenharia Florestal/Universidade Federal Rural da Amazônia/UFRA
2. Pesquisador Dr./Orientador-EMBRAPA-Amazônia Oriental
3. Engenheiro Florestal/Bolsista DTI-EMBRAPA-Amazônia Oriental
INTRODUÇÃO:
A Amazônia é o maior reservatório natural da diversidade vegetal do planeta. Sendo, cerca de 65% dessa região é coberta por um tipo florestal denominado floresta de terra firme (Oliveira et al., 2003), caracterizada principalmente pela elevada riqueza e diversidade de espécies. No atual contexto o manejo florestal vem se destacando por ser a utilização de práticas de planejamento e princípios de conservação visando a redução do impacto ambiental e recuperação de seus recursos naturais, dessa forma, a análise de parâmetros fitossociológicos possibilita avaliar a importância das espécies na estrutura de uma determinada comunidade, suas características ecológicas, e sua dinâmica no desenvolvimento sucessional de uma floresta. O objetivo do trabalho foi o de realizar o levantamento dos aspectos fitossociológicos de um trecho de Floresta Ombrófila de Terra firme na Fazenda Shet, no Município Dom Eliseu, Pará.
METODOLOGIA:
Localizada no Município Dom Eliseu, Pará (47° 39’ 41’’-41’ 19’’ W; 4° 28’ 25’’ - 29’ 54’’ S) próximo a Rodovia BR 010, a Fazenda Shet apresenta uma área de 535 ha destinados ao manejo florestal, da qual 8,64 ha são de área de preservação permanente. Abrange o bioma Amazônia e a tipologia é denominada Floresta Ombrófila Densa de terra firme. Na área florestal foi realizada a colheita de madeira no ano de 1984 e realizou-se o enriquecimento das clareiras geradas pela exploração com a espécie nativa, Paricá (Schizolobium parahyba var. amazonicum (Huber ex Ducke) Barneby). Foi realizado o inventário amostral de todos os indivíduos arbóreos com DAP ≥15 cm (diâmetro a 1,30m acima do solo). Para o presente estudo foram demarcadas 50 parcelas permanentes de 50x50m, sistematicamente localizadas. Das árvores inventariadas foram coletadas as informações: localização geográfica de cada indivíduo (GPS), identificação botânica da espécie, DAP, qualidade do fuste quanto à sanidade, forma do fuste (torto/reto) e presença/ausência de cipós na árvore. Os dados foram tabelados em planilhas eletrônicas e análises como densidade e dominância por hectare foram realizadas.
RESULTADOS:
Foram amostrados 15.893 indivíduos arbóreos, as quais representaram 1.271,4 árvores/ha, essas totalizaram uma área basal de 22,8 m²/ha. Contudo, a densidade do presente estudo está acima da relatada para a Floresta Ombrófila Densa na Amazônia, que geralmente está próximo de 1.000 indivíduos por hectare (Reis et al., 2010). Um agrupamento de seis espécimes de maior valor de cobertura (IVC) correspondeu a 41% do total, indicando a forte dominância de poucas espécies na comunidade. As espécies com maiores participação no grupo das dominantes foram respectivamente: Cecropia spp. (13,1%), Inga spp (9,4%), Pausandra racemosa (5,5%), Schizolobium parahyba var. amazonicum (7%), Cordia spp. (4,6%), Pouteria spp. (4,2%) e Guatteria poeppigiana (1,7%). Através dos dados obtidos constatou-se que a maioria dos indivíduos está concentrada nas primeiras classes de diâmetro, localizada entre 5 a 30 cm encontram-se 95% da população, enquanto que os indivíduos maiores (>45 cm) corresponderam aproximadamente 0,4% da população, caracterizando uma floresta de estágio sucessional secundário – floresta em construção.
CONCLUSÃO:
O fato de esta floresta ter sido explorada e estar passando por um processo de recuperação, a maioria dos indivíduos inventariados estão nas primeiras classes de tamanho, caracterizando um processo de regeneração da floresta. Analisando a fitossociologia da área, as espécies que mais se destacaram foram Cecropia spp, Inga spp, Pausandra racemosa, Schizolobium parahyba var. amazonicum, Cordia spp, Pouteria spp e Guatteria poeppigiana. Sendo que uma única espécie, o Schizolobium parahyba var. amazonicum, representou 7% do IVC total. Isso se deve à pratica de enriquecimento de clareira realizada na área. O que gerou um novo aspecto para a estrutura da floresta, que antes se encontrava degradado, aumentando o seu potencial madeiro. Outra espécie que apresentou um alto valor de IVC foi a Pausandra racemosa, essa do contrário, vem a identificar a alta intensidade de exploração ocorrida no passado, por se tratar de uma espécie sem valor comercial, não sofreu exploração, o que favoreceu ao aumento da sua dominância nessa floresta.
Palavras-chave: Espécies heliófitas, Dominância florestal, Estádio sucessional secundário.