64ª Reunião Anual da SBPC
E. Ciências Agrárias - 2. Engenharia Agrícola - 3. Engenharia Agrícola
Remediação de solos contaminados por petróleo utilizando tensoativos derivados de oleaginosas regionais
Diego Angelo de Araújo Gomes 1
Laís de Jesus Souza 2
1. Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia – Simões Filho/ Ba
2. Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia – Simões Filho/ Ba
INTRODUÇÃO:
O uso exacerbado do petróleo comprova o quanto a nossa sociedade é movida por esta matéria prima que se insere desde a roupa que vestimos até o remédio que usamos pra combater alguma doença. É quase impossível listar, todos os setores que utilizam o petróleo ou alguns dos seus derivados. O crescimento populacional esta entre os fatores determinantes para o aumento da demanda de hidrocarbonetos e seus derivados. A nossa sociedade ainda mantém uma grande dependência destes recursos não renováveis. Acredita- se que a maior forma de contaminação de solos por hidrocarbonetos e seus derivados estão relacionadas com a sua exploração, transporte, produção e armazenamento. Deste modo, faz-se necessária a inserção da variável ambiental no planejamento e nas operações da indústria do petróleo, para manter os níveis de agressão ao meio ambiente em patamares consideráveis e de acordo com as normas e leis vigentes. O projeto possui um cunho social e econômico para o estado da Bahia, pois atribui mais uma aplicação para as oleaginosas, além da produção de biodiesel e alimentos.
METODOLOGIA:
Os tensoativos que serão utilizados nesse trabalho são provenientes da reação de saponificação de óleos regionais: pindoba, licuri e dendê. O óleo bruto utilizado nos experimentos de adsorção e remediação foi coletado no campo de produção da Petrobras, na fazenda Bélem no Rio Grande do Norte. Na preparação das microemulsões serão utilizados os seguintes solventes: aguarrás como cotensoativo; tolueno como fase oleosa e água como fase aquosa. Estes últimos também foram utilizados nos ensaios de adsorção. De forma a simular em laboratório uma contaminação acidental, será realizada a adição do óleo cru a um solo sem contaminação, ambos provenientes de campo de exploração e produção de petróleo em terra do Recôncavo baiano. A primeira etapa do trabalho consiste na obtenção dos sistemas microemulsionados que serão utilizados nos experimentos de solubilização de frações pesadas de petróleo. Para determinarmos as regiões de microemulsão, foi necessária a construção de diagramas de fases. De posse dos diagramas de fases, a próxima etapa consiste na aplicação desses sistemas no processo de remediação das frações do óleo adsorvidas nos solos.
RESULTADOS:
Através da curva de calibração Absorbância x Concentração e por cálculos de balanço de massa, foi possível quantificar o quanto de óleo foi adsorvido e a eficiência das microemulsões. A figura representa a curva de calibração da solução de petróleo e aguarrás (solvente). A partir dessa curva foi obtida uma relação entre a absorbância e concentração.
A tabela 1 apresenta a composição das microemulsões utilizadas no processo de remediação da amostra contaminada.
Tabela 1. Composição da microemulsão utilizada na remediação do solo.
Cotensoativo/Tensoativo - 40%
Fase Aquosa - 40%
Fase Oleosa - 20%
A tabela 2 abaixo apresenta as eficiências das microemulsões na solubilização do petróleo adsorvido na amostra de arenito.
Tabela 2. Eficiência de solubilização dos sistemas microemulsionados.
Óleo Eficiência de solubilização (%)
Dendê - 99,55
Licuri - 96,38
Pindoba - 96,55
CONCLUSÃO:
Com a finalização do projeto, foi possível observar que a eficiência de solubilização da microemulsão preparada com o tensoativo produzido a partir do óleo de dendê foi de 99,55%, a partir do óleo de licuri foi de 96,38 e para o óleo de pindoba a eficiência foi de 96,55%. É importante observar também que os sistemas microemulsionados solubilizaram o petróleo bruto adsorvido no solo com apenas 20% de solvente (aguarrás) em sua composição. Ou seja, os tensoativos obtidos a partir dos óleos de dendê, licuri e pindoba apresentaram grande potencial para serem aplicados na remediação de solos contaminados por petróleo a um baixo custo, já que podemos preparar uma microemulsão com alta concentração de água e com alto poder solubilizante. Além disso, foi possível obter um sistema com alto poder solubilizante utilizando, como fase oleosa, um efluente da indústria do petróleo nos campos de produção: aguarrás. As eficiências foram superiores a 96% em todos os sistemas estudados com apenas 20% fase oleosa na composição.
Palavras-chave: Petróleo, Solos, Técnicas de Remediação.