64ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 6. Farmacologia - 4. Farmacologia
Efeito do extrato hidroalcoólico de Morus nigra L. no metabolismo e no sistema reprodutor de ratas ooforectomizadas
Caroline Castro Vale 1
Renata Ohana Benevides 1
Elaine Mendes Gonçalves 2
Selma do Nascimento Silva 2
Antônio Carlos Romão Borges 2
Marilene Oliveira da Rocha Borges 2
1. Depto. de Farmácia- UFMA
2. Depto. de Farmácia-UFMA
3. Depto. de Ciências Fisiológicas-UFMA
4. Depto. de Ciências Fisiológicas-UFMA
5. Depto. de Ciências Fisiológicas-UFMA
6. Profa. Dra/ Orientadora-Depto. de Ciências Fisiológicas, Universidade Federal do Maranhão-UFMA.
INTRODUÇÃO:
A menopausa é definida como a última menstruação e o climatério como o período de transição entre a fase reprodutiva para a não reprodutiva. Este período é caracterizado por mudanças endócrinas devido ao declínio da atividade ovariana, logo diminuição dos níveis de estrogênio e progesterona, causando mudanças biológicas e clínicas devido às alterações do ciclo menstrual. Consequentemente, são desencadeados vários sintomas, tais como: fogachos, sudorese, irritabilidade e nervosismo. Sendo estes um marco inicial de um longo processo de alterações do metabolismo ósseo, dos lipídeos e de modificações quanto ao funcionamento dos sistemas urogenital, psíquico e cutâneo. Para tratamento se utiliza a terapia de reposição hormonal (TRH), porém a segurança desta terapia ficou abalada após publicação de estudos que sugeriram que os riscos excediam os benefícios, perante a isto as mulheres têm buscado formas naturais de tratamento livres de efeitos colaterais e contraindicações. No Brasil, chá das folhas de Morus nigra é utilizado na medicina popular como repositor hormonal. O presente estudo objetiva avaliar os prováveis resultados estrogênicos do extrato hidroalcoólico de Morus nigra L. no peso corpóreo, efeito uterotrófico, tecido adiposo e epitélio vaginal de ratas Wistar ooforectomizadas.
METODOLOGIA:
As folhas secas foram pulverizadas e maceradas em etanol a 70% na proporção 1:3 (v/v), para obtenção do extrato hidroalcoólico EH (21,90%). Foram utilizadas ratas adultas (70 dias) da espécie Rattus norvegicus, distribuídas em 4 grupos (n=8-10): Falso-Operado (FO), administrado com solução fisiológica de NaCl 0,9% (salina) em volume de 0,1ml/100g; ooforectomizado (OOF), administrado com salina (0,1ml/100g); ooforectomizado estro-progestativo (OOF-EP), administrado com solução estroprogestativa 50µg/Kg; e ooforectomizado tratado com extrato hidroalcoólico (EH) de Morus nigra L. 500mg/kg (OOF-EH), diariamente, por via oral, no período de 14 semanas. Durante todo o período de tratamento, foram avaliados o peso corpóreo e a ingestão de alimentos. No final do tratamento analisou-se o desenvolvimento uterino, epitélio vaginal e o tecido adiposo.
RESULTADOS:
A ooforectomia causou aumento na massa corporal, sendo revertido pelo tratamento com EH500mg/kg e solução estroprogestativa (EP). O peso do tecido adiposo foi menor nos grupos OOF-EP e OOF-HE, comparado ao grupo OOF, devido à influência dessas substâncias no metabolismo lipídico das ratas, já que a redução de peso corporal não foi associado à redução do consumo alimentar. As médias de ração consumida pelos grupos FO, OOF, OOF-EP e OOF-EH foram: 17,91±1.47g/dia, 17,70±1.67g/dia, 16,16±1,26g/dia e 0,68±16,095 g/dia, respectivamente (p>0,05). Houve atrofia do tecido uterino (Grupo OOF) comparado com grupo FO (p<0,01), indicando êxito no procedimento cirúrgico, e administração de EP aumentou o peso do útero comparado com o grupo OOF (p<0,01). A média do peso uterino do grupo OOF-EH foi maior que o grupo OOF (p<0,05). Na histologia do epitélio vaginal, observou-se que as características do epitélio escamoso, quanto à espessura, do grupo OOF-EP (57.79±1.49µm), se assemelha ao grupo FO (50.66±1.60µm). Após 14 semanas de administração de EH500mg/kg, houve reversão parcial da atrofia vaginal (37.34±1.77µm), comparado ao OOF (12,92±0,53µm). Vacuolizações citoplasmáticas do epitélio vaginal foram observadas em ratas FO, OOF-EP e OOF-HE, demonstrando um efeito na maturação deste tecido.
CONCLUSÃO:
Frente ao exposto, o estudo demonstrou que o extrato hidroalcoólico de Morus nigra L. preveniu o ganho de peso corpóreo induzido pela ooforectomia, visto que este procedimento induz aumento de massa corporal, tal efeito pode ter sido alterado pela reposição do estradiol ou de possíveis substâncias de caráter fitoestrogênico presentes na planta, assim como ocasionou atrofia do tecido uterino, mostrando a interdependência entre o equilíbrio homeostático da musculatura uterina e a presença dos hormônios estrogênicos, pois na falta deste, processos indutores de atrofia são desencadeados. Houve também diminuição da deposição de tecido adiposo, além de ter promovido moderada maturação do epitélio vaginal em ratas ooforectomizadas; portanto, podendo ser útil como terapia alternativa no manejo de sintomas da menopausa.
Palavras-chave: Morus nigra L., Ratas ooforectomizadas, Terapia de reposição hormonal.