64ª Reunião Anual da SBPC
E. Ciências Agrárias - 1. Agronomia - 3. Fitossanidade
SUSCETIBILIDADE DE TOMATEIRO ‘SANTA CLARA’ EM DIFERENTES IDADES À INFESTAÇÃO COM Meloidogyne spp.
Fabiana de Albuquerque Amarante 1
Aurigéli de Morais Almeida 1
Hemerson Ferreira de Albuquerque 1
Juliana Maria Viana Barros 1
Silvana Maria da Costa Correia 1
Carmem Dolores Gonzaga Santos 2
1. Depto. de Fitossanidade - UFC
2. Profa. Dra./Orientadora – Depto. de Fitossanidade - UFC
INTRODUÇÃO:
O tomate (Lycopersicon esculentum Mill.) é uma das hortaliças mais consumidas e pode desenvolver-se em climas tropical, subtropical e temperado, permitindo seu cultivo em diversas regiões do mundo. No Brasil, as maiores regiões produtoras são o Sudeste e Centro-Oeste. No Ceará, a região da Ibiapaba detém a maior produção de hortaliças incluindo o tomateiro. Pequenos produtores de tomate frequentemente têm sérios prejuízos na sua produção em virtude da ocorrência do nematóide das galhas (Meloidogyne spp) afetando as raízes. O patógeno provoca tumores ou galhas no sistema radicular, o que dificulta a absorção de água e sais minerais. Por esta razão, são comuns sintomas de clorose, murcha e subdesenvolvimento da planta. A larga importância do patógeno para as culturas resulta dos danos à produção, os quais são tanto maiores quanto mais jovens forem as plantas infestadas pelo parasita. Em razão da importância econômica do tomate, uma das hortaliças mais consumidas em todo o mundo e na nossa região, tornou-se objetivo desta pesquisa investigar até que idade o tomateiro ‘Santa Clara’ é susceptível a Meloidogyne spp. Esta informação é importante ao produtor para ressaltar os cuidados no cultivo de tomate em áreas infestadas, mesmo que sejam com plantas já bem desenvolvidas.
METODOLOGIA:
Os ensaios foram conduzidos em casa de vegetação a 34 + 2°C, empregando-se mudas de tomate ‘Santa Clara’ e uma mistura autoclavada de esterco e solo na proporção 1:2. As mudas de tomate foram produzidas em bandejas de isopor de 128 células e posteriormente transplantadas para vasos com 2 kg de capacidade contendo a mistura autoclavada. As plantas foram inoculadas com as seguintes idades: 14, 17, 20, 23, 26, 29, 32, 35, 38, 42, 45, 61, 80, 90 e 100 dias, compondo um total de 15 tratamentos. Adotaram-se 8 repetições para cada idade, num total de 120 plantas testadas. Plantas não inoculadas foram mantidas como testemunhas. As plantas foram individualmente inoculadas com 4.000 ovos/J2, extraídos de raízes de tomateiros infestados pelo método de Coolen e D’Herd (1972). As suspensões usadas como inóculo foram devidamente calibradas em câmara de Peters. Passados 45 dias da inoculação, o sistema radicular de todas as plantas foi removido, lavado e examinado em laboratório avaliando-se o número de galhas e de massa de ovos com auxílio do microscópio estereoscópio. As médias do número de galhas e de massas de ovos de cada tratamento foram submetidas à análise estatística empregando-se o teste de Tuckey ao nível de 5%.
RESULTADOS:
Em todas as raízes examinadas, obtidas das plantas inoculadas dos 14 aos 100 dias de idade, constatou-se a presença de galhas e de massas de ovos. Individualmente ocorreram diferenças nas médias de números de galhas e de massas de ovos, visualizadas na análise estatística. Considerando-se todas as contagens de número de galhas/massa de ovos dentro dos 15 tratamentos verificou-se uma variação de 48 a 267 galhas e de 5 a 91 massas de ovos/planta. Adicionalmente, observaram-se galhas maiores, comumente de 8 a 10 mm, em plantas inoculadas na fase jovem (14 a 35 dias). Em plantas com 100 dias de idade, tidas como mais resistentes a fitonematóides em razão da maturidade natural conhecida por resistência da planta madura, as raízes infestadas por Meloidogyne spp, apresentavam ainda numerosas galhas (>200) embora de tamanho reduzido (1 a 2 mm) e melhor visualizadas em microscópio estereoscópio, apresentando também fêmeas em seu interior. Ao final do ensaio, verificou-se que as plantas mais velhas não exibiram os sintomas secundários da infestação pelo nematóide, apresentando aspecto semelhante às testemunhas não inoculadas. Contudo estas plantas, já com 145 dias de idade, estavam multiplicando a população do patógeno em suas raízes.
CONCLUSÃO:
O tomateiro ‘Santa Clara’ com 100 dias de idade ainda é suscetível à infestação pelo nematóide das galhas. Os pequenos produtores devem ser alertados quanto à importância da infestação e multiplicação do nematóide em plantas maduras, pois isso representa ameaça a novos plantios. O aumento da população do fitopatógeno no solo compromete seriamente o desenvolvimento e a produção de novos tomateiros quando cultivados em áreas infestadas pelo nematóide das galhas.
Palavras-chave: Nematóide das galhas, Fitonematóides, Lycopersicon esculentum Mill..