64ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 6. Nutrição - 3. Análise Nutricional de População
PERCENTUAL DE GORDURA E OBESIDADE ABDOMINAL EM MULHERES COM SÍNDROME DOS OVÁRIOS POLICÍSTICOS
Poliana Cristina de Almeida Fonsêca 1
Carolina Abreu de Carvalho 1
Simone Mayane Mendes dos Santos 1
Rosângela Maria Lopes de Sousa 2
Maria Bethânia da Costa Chein 3
Luciane Maria Oliveira Brito 3
1. Discente do curso de Nutrição da Universidade Federal do Maranhão
2. Mestranda em Saúde Materno-Infantil da Universidade Federal do Maranhão
3. Profa. Dra./Orientadora – Programa de Pós-Graduação em Saúde Materno-Infantil - UFMA
INTRODUÇÃO:
A Síndrome dos Ovários Policísticos é uma desordem endócrina que afeta de 6 a 10% de mulheres em idade reprodutiva, e é caracterizada pela ocorrência de pequenas bolsas contendo material líquido ou semi-sólido nos ovários. A síndrome é associada a sintomas como alterações menstruais, infertilidade, hirsutismo, entre outros. Além dos sintomas inerentes à SOP, são comuns a ocorrência de algumas desordens metabólicas, tais como a resistência à insulina (RI) e a obesidade central. A obesidade central encontra-se bastante relacionada com a RI e com o risco cardiovascular aumentado nessas pacientes. A obesidade generalizada também é um achado comum nessas pacientes, e grande parte das mulheres com SOP apresentam Síndrome Metabólica, o que também eleva o risco cardiovascular. Diante disso, as medidas antropométricas que avaliam obesidade generalizada, obesidade abdominal e risco cardiovascular se tornam indispensáveis na avaliação clínica de portadoras de SOP. O objetivo desse trabalho foi de avaliar a associação entre a obesidade generalizada avaliada pelo %GC e a obesidade abdominal, avaliada pelos indicadores antropométricos CC, RCQ e RCEST em mulheres que apresentam SOP.
METODOLOGIA:
A coleta ocorreu no Centro de Pesquisa Clínica (CEPEC) da Universidade Federal do Maranhão de outubro de 2009 a dezembro de 2010. A amostra foi do tipo não probabilística e fixou-se em 78 pacientes com média de idade de 26,30 anos e diagnóstico de SOP, segundo os critérios de Rotterdam. Para calcular o %GC, utilizou-se a fórmula de Durnin e Womersley (1974) e valores maiores ou iguais a 32% foram classificados como obesidade segundo Gallagher et al. (2000). Para avaliar gordura abdominal foram utilizados a CC, a RCQ e a RCEST. Para a medida da CC e CQ foi utilizada a fita métrica inelástica graduada em milímetros. Valores de CC maiores ou iguais a 87,5cm foram considerados de risco para doença cardiovascular (DCV), segundo proposto por Pitanga & Lessa (2006). A RCEST, calculada pela razão entre a CC e a estatura, obedeceu o ponto de corte proposto por Pitanga & Lessa (2006), que considera valores maiores ou iguais a 0,53cm como risco para DCV. A RCQ (razão entre a CC e a CQ) também obedeceu ao ponto de corte proposto Pitanga & Lessa (2006), onde valores maiores ou iguais a 0,84 cm representam risco de DCV. A análise estatística foi realizada no software Stata versão 10.0. Para investigar a associação utilizou-se o teste qui-quadrado e o nível de significância foi fixado em 5%.
RESULTADOS:
A frequência de obesidade abdominal segundo a CC, RCQ e RCEST, nas mulheres com SOP foi respectivamente, 41,03%, 42,31% e 44,87%. Segundo o %GC, 61,54% das mulheres apresentaram obesidade. Todos os indicadores de obesidade abdominal analisados apresentaram associação significativa com o % GC. Foram observadas as seguintes associações: 64,58% das mulheres apresentaram a CC alterada e obesidade segundo o % GC (p=0,000); 58,33% apresentaram a RCQ alterada e o % GC acima de 32% (p=0,000); 68,75% das mulheres mostraram a RCEST e o %GC alterados (p=0,000). De acordo com esses resultados, verifica-se que a obesidade generalizada definida segundo o %GC encontra-se associada à frequência de obesidade abdominal nessas pacientes. Os indicadores antropométricos de obesidade abdominal são medidas de fácil aquisição, capazes de distinguir a característica de deposição de gordura. Tais medidas tornam-se bastante úteis no acompanhamento de mulheres com SOP, tendo em vista que este subgrupo de mulheres parece ter uma maior deposição de gordura central e, consequentemente, maior risco cardiovascular.
CONCLUSÃO:
A partir dos resultados, foi possível aferir que a obesidade foi elevada nesses pacientes, tanto generalizada quanto abdominal. Este é um fato preocupante, tendo em vista que sabe-se que a gordura localizada na região abdominal e a obesidade generalizada são importantes fatores de risco para várias desordens metabólicas, tais como as doenças cardiovasculares. Estes resultados também mostraram a associação significante existente entre o %GC e os indicadores de obesidade abdominal analisados nessa amostra.
Palavras-chave: Síndrome dos Ovários Policísticos, Obesidade abdominal, Percentual de gordura corporal.