64ª Reunião Anual da SBPC
F. Ciências Sociais Aplicadas - 12. Educação Física e Esportes - 1. Educação Física e Esportes
CAPOEIRA E SEUS ENTRAVES SOCIAIS: diálogo com mestres do Centro Histórico de São Luís do Maranhão
Rayanne Passos Ribeiro 1
1. Rayanne Passos Ribeiro/ Acadêmica - Curso de Educação Física - UFMA
INTRODUÇÃO:
A trajetória histórica da capoeira foi marcada por um longo processo de discriminação, pois esta manifestação surgiu de um caldeirão cultural, da mistura de africanos e brasileiros, é oriunda de “berço escravo” e também por estas razões foi repreendida, seus praticantes insultados e no início do século XIX até 1890 sofreu contravenção penal, sendo criminalizada. A pesquisa tem o intuito de investigar se existem, atualmente, resquícios destes entraves sociais enfrentados por esta prática corporal, discriminação seja étnico-racial, de gênero e outras, a relação mulher/capoeira, dialogando com Mestres da região do Centro Histórico.
METODOLOGIA:
A pesquisa caracteriza-se por ser de cunho explicativo, exploratório e, além disso, qualitativa, desenvolveu-se em duas etapas, a primeira constituiu-se na pesquisa bibliográfica e a segunda de campo, ocorreu no mês de dezembro de 2010. Os instrumentos de coleta de dados foram a observação e entrevistas. O Centro Histórico foi escolhido devido a sua riqueza em bens culturais materiais e imateriais, entre eles a capoeira. Os estabelecimentos analisados foram selecionados por sua melhor referência no desenvolvimento da capoeira e maior frequência na realização de roda, estudou-se três locais cujos nomes não podem ser revelados. Os critérios de inclusão dos mestres que foram entrevistados foram: a presença destes no estabelecimento no horário das rodas de capoeira e sua disposição em dar entrevista, entrevistou-se cinco mestres. Os dados obtidos foram analisados e relacionados a outras produções científicas existentes.
RESULTADOS:
As informações coletados mostram que a capoeira ainda sofre discriminação seja relacionada a dimensão étnico-racial ou religiosa ou de gênero, comprovada por comentários do tipo “capoeira é coisa de preto”, “lá vai o marginal”, e além disso é tachada de macumba, coisa do “capeta” como citado nas entrevistas, quando trata-se da mulher na capoeira foi possível notar sua presença em todas as rodas analisadas, porém sua quantidade ainda é bastante inferior comparada ao número de indivíduos do sexo oposto, mas em conversa com os mestres constatou-se que há preocupação na inserção e no estímulo da participação das mulheres na capoeira.
CONCLUSÃO:
De acordo com os dados obtidos foi possível detectar que as hipóteses foram, em parte, confirmadas, pois realmente a capoeira, em pleno século XXI ainda enfrenta barreiras/entraves sociais por seu vínculo religioso, por estar enraizada na cultura africana, negra e possuir os escravos como precursores, classe menosprezada na época e discriminada até hoje, e também se depara com obstáculos em sua prática pelo público feminino, pois ainda se encontra homossexual, ou seja, é praticada majoritariamente por homens, porém há preocupação de estimular este público aproximando-o da capoeira.
Palavras-chave: Capoeira, Entraves sociais, Mestres.