64ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 6. Farmacologia - 4. Farmacologia
Efeitos do treinamento hipóxico intermitente sobre a atividade pro-oxidante e antioxidante do tecido hepático de ratos intoxicados por acetaminofeno.
Letícia dos Santos Petry 1
Alessandra Bridi 2
Eliane Maria Zanchet 3
Róli Rodrigues Simões 4
1. Aluna do curso de Medicina Veterinária da UFSM- autora
2. Aluna do curso de Medicina Veterinária da UFSM- co-autora
3. Profa. Dra/ orientadora do Depto de Fisiologia e Farmacologia da UFSM
4. Doutoranda da farmacologia na UFSM- co-autora
INTRODUÇÃO:
O acetaminofeno (N-acetil-p-aminofenol), conhecido como paracetamol, é um fármaco do grupo dos antiiflamatórios não-esteroidais (AINES).
Este fármaco é hepatotóxico, sendo descritos diversos casos de intoxicação com desenvolvimento de hepatite. A mortalidade descrita na intoxicação por paracetamol está entre 6 e 25%, sendo um dado alarmante, considerando que muitos casos de intoxicação ocorrem por falta de informação dos usuários.
O acetaminofeno é 80-90% conjugado no fígado, produzindo metabólitos como o N-acetil-p-benzoiminoquinona (NAPQI) que reage com a glutationa formando um metabólito inativo. Quando há excesso de NAPQI ou falta de glutationa ocorre o acúmulo de NAPQI, levando à produção de efeitos adversos como hepatoxicidade e necrose nos túbulos renais (NEWTON et al., 1986; RAY et al., 1996; McCONNACHIE et al., 2007).
O treinamento hipóxico intermitente (THI) é caracterizado por uma regular e repetida exposição às condições hipóxicas, intercaladas com períodos de respiração normal durante um determinado período. (ANDERSON, HONIGMAN, 2011). O THI é usado no tratamento e/ou profilaxia de várias doenças e apresenta papel protetor sobre vários tecidos (SEREBROVSKAYA, 2002, NEUBAUER , 2002; RYBNIKOVA et al., 2008).
Os objetivos deste trabalho foram:
Verificar se 10 sessões de THI interferem na atividade das enzimas pró e antioxidante do tecido hepático em ratos Wistar intoxicados com acetaminofeno.
METODOLOGIA:
Foram utilizados 20 ratos Wistar, machos (244g ± 14,39), adultos. Os ratos eram mantidos em um ambiente com temperatura controlada (22 – 25°C) e com ciclo claro-escuro de 12 horas. Foram alimentados com ração comercial na quantidade recomendada para a espécie e água ad libitum.
Os animais foram divididos em 2 grupos, de dez animais e submetidos a sessões de hipóxia intermitente (IH) ou normóxia (N). Denominados: Grupo 1 (hipóxia+acetaminofeno); grupo 2 (normóxia+acetaminofeno). Ambos os grupos, foram gavados diariamente com 750 mg/kg de solução de acetaminofeno (Tylenol®) diluído em solução salina antes das sessões de IH ou N. Durante o experimento três animais do grupo hipóxia vieram à óbito. O THI foi realizado em uma câmara de acrílico com quatro compartimentos, sendo que para tornar o ambiente hipóxico utilizou-se o equipamento GO2 altitude Hypocator. O protocolo do THI consistiu de dez sessões de hipóxia por duas horas consecutivas diárias, onde a concentração de oxigênio foi diminuindo de forma gradativa (14-10%) a cada dois dias.
Os animais do grupo normóxia, foram submetidos as mesmas condições, porém com cencentrações normais de O2 (21% de O2).
No décimo primeiro dia, os ratos foram anestesiados com isoflurano para a retirada do tecido hepático e demais órgãos. Todos os órgãos removidos foram pesados. No tecido hepático foram analisados os níveis de TBARs e Tióis. Os níveis de TBARs foram determinados pelo de WILLS (1966), e Tióis, conforme ELLMANN (1959).
RESULTADOS:
O THI reduziu significativamente os níveis de TBARS (nmol/mg proteína), onde os resultados foram: HI+acet. 0,14±0,02 e N+acet. 0,26±0,14.
Na medida de tióis (nmol/mg proteína) também houve diferenças significativas comparando os grupos HI com N, porém o THI reduziu os níveis desta medida antioxidante, onde os resultados encontrados foram: H+acetaminofeno
33,34±5,10 e N+acetaminofeno 49,93±13,94.
O efeito do THI sobre o estresse oxidativo já foi demonstrado em vários experimentos onde se verificou, aumento das defesas antioxidantes, diminuição ou manutenção dos níveis normais dos produtos de peroxidação lipídica e aumento da atividade das enzimas antioxidantes.
Nossos resultados mostram que a hipóxia intermitente reduziu os níveis de TBARS (medida de substâncias reativas ao ácido tiobarbitúrico), que são um dos principais marcadores biológicos de lesão em membranas celulares, o que é bom, pois o TBARS avalia o dano oxidativo na membrana celular. Assim, o THI ao diminuir os níveis de TBARS mostra uma ação antioxidante.
Os tióis não-protéicos são antioxidantes não-enzimáticos que protegem as células,
o fato de não ter ocorrido aumento de tióis no grupo HI pode indicar que o número de sessões foi insuficiente, considerando que os primeiros antioxidantes a serem ativados são as ezimas a serem ativados são as enzimas superóxido dismutase e a catalase, ou os tióis podem não aparecer aumentados pois já foram utilizados pelo fígado prevenindo a lipoperoxidação do mesmo.
CONCLUSÃO:
Nosso estudo mostrou que 10 sessões de THI possuem papel protetor sobre o dano hepático, pois reduziu os níveis de TBARS de forma significativa, embora não tenha mostrado um aumento na atividade antioxidante, medida pelo níveis de Tiós. É uma pesquisa promissora pois não existem referências publicadas até momento sobre o uso do THI na proteção/tratamento contra intoxicação hepática por acetaminofeno.
Palavras-chave: Acetaminofeno, Intoxicação, Treinamento Hipóxico Intermintente.