64ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 3. Saúde Coletiva - 4. Saúde Pública
PACIENTES RENAIS CRÔNICOS EM HEMODIÁLISE: DIREITO DE ACESSO E GARANTIA DE CONDIÇÕES FRENTE Á ROTINA DO TRATAMENTO
Nair Portela Silva Coutinho 1,2,3
Maria Clotilde Henriques Tavares 1,2,4
Maria Lúcia Holanda Lopes 1,3
Luciene Veloso da Silva Coutinho 6
Valéria Portela Silva de Carvalho 5
Gisele Andrade da Silva 5
1. Profª
2. Drª
3. Departamento de Enfermagem da UFMA
4. Departamento de Ciências Fisiológicas da UnB
5. Hospital Universitário- HUUFMA
6. SES- Secretaria do Estado da Saúde
INTRODUÇÃO:
A doença renal crônica é uma síndrome progressiva e consequente à perda irreversível de parte da função renal que produz elevado impacto epidemiológico e alto custo social. As doenças crônicas não transmissíveis e a pobreza criam um círculo vicioso nos países de renda média e baixa e são responsáveis pelo maior custo econômico para as famílias, sistema de saúde e sociedade. Tais custos ocorrem tanto de forma direta, como os relacionados à internações, medicamentos, tratamentos ambulatoriais, quanto indireta, pela perda de produção associada a essas doenças e aposentadorias precoces. É relevante conhecer o perfil dos pacientes para prestação de cuidados integrais que atendam realmente suas demandas possibilitando um atendimento de qualidade. Objetivos. Descrever as características sociodemográficas dos pacientes em hemodiálise. Identificar os desafios enfrentados pelos pacientes para assegurar seu tratamento e direitos fundamentais.
METODOLOGIA:
Método. Estudo transversal descritivo, realizado com 350 pacientes, em oito unidades de atenção aos renais crônicos, no Estado do Maranhão. Os dados foram obtidos por meio de um questionário estruturado, submetido à avaliação de conteúdo por três profissionais da área de saúde, especialistas em nefrologia. Realizou-se a aplicação dos questionários com os pacientes na sala de espera ou nas salas de hemodiálise, durante as sessões. A análise dos dados foi feita por meio dos softwares Excel® 2003 para Windows® e SPSS® 13 para Windows®.
RESULTADOS:
Quanto ao perfil sociodemográfico, os pacientes eram, na maioria, do sexo masculino (57,7%), tinham idade média de 57 anos; 39,1% possuíam ensino fundamental enquanto que 17,3% eram analfabetos. 82,9% recebiam de 1 a 2 salários mínimos, 45,1% tinham benefício do INSS e 34,3% da aposentadoria. Quanto à garantia de seus direitos relativos a acesso ao serviço: 81,7% informaram não ter realizado tratamento para a doença renal anteriormente à hemodiálise, 49,4% tiveram como problema inicial hipertensão arterial, 15,1% diabetes, 33,4% dos que chegaram aos serviços de hemodiálise procediam de unidades de urgência e emergência. 87,6% disseram que as informações prestadas pela enfermagem eram claras e que compreenderam as informações; 75,6% informaram que compreenderam as informações prestadas pelos médicos, embora 12,4% e 24,4%, respectivamente, as tenham considerado confusas pelo tipo de linguagem e termos que não entendiam; 53,6% não realizavam nenhuma atividade durante as sessões, enquanto que 45,6% informaram que faziam algumas, como ver televisão, ouvir rádio, ler livros ou revistas que os próprios pacientes traziam; 92,0% dos pacientes recebiam alimentação no serviço, a dificuldade reside na repetição do mesmo cardápio. 6,7% afirmaram não ter transporte garantido por seu município de origem; 44,9% constataram necessidade de descentralização dos serviços, uma vez que o deslocamento para outro município, é penoso, pela distância, qualidade dos veículos e das rodovias.
CONCLUSÃO:
Os dados evidenciaram baixos níveis de escolaridade e renda familiar. A média de idade de mulheres, em hemodiálise, foi menor que a dos homens o que pode indicar que as mesmas têm buscado os serviços de saúde e identificado seus problemas mais precocemente. Pacientes afastados da vida produtiva pelo caráter crônico da doença e especificidade do tratamento, levando a alterações da qualidade de vida. Evidenciadas a hipertensão e diabetes, como doenças de base referidas, de maior freqüência. Alguns direitos devem ser garantidos, como o transporte gratuito, orientações adequadas, atividades terapêuticas, diagnóstico e tratamento precoces e implantação de novos serviços para melhor distribuição regional da atenção ao paciente. As unidades de diálise bem como os profissionais de saúde têm potencial para intervir, com planejamento estratégico e ações multiprofissionais, para promoverem melhoria da atenção aos pacientes. Espera-se que este estudo permita a ampliação do conhecimento, possibilite novas investigações e práticas profissionais associadas à DRC e possa contribuir para políticas sociais locais voltadas para garantia dos direitos dos pacientes em tratamento hemodialítico.
Palavras-chave: Doença Renal Crônica, Hemodiálise, Direitos dos Pacientes.