64ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 12. Ensino de Ciências
CIÊNCIA E LITERATURA: VIAJANDO JUNTAS NOS ÔNIBUS DE BELO HORIZONTE
Joyce Padilha de Melo 1
Gustavo Santos Silva 2
Thuane Sales Gonçalves 3
Lucas Oliveira Gonçalves 4
Maria Antonieta Pereira 5
Adlane Vilas-Boas 6
1. Instituto de Ciências Biológicas – UFMG
2. Instituto de Ciências Biológicas – UFMG
3. Instituto de Ciências Biológicas – UFMG
4. Instituto de Ciências Biológicas – UFMG
5. Associação Teia de textos
6. Profa. Dra./Orientadora - Depto. Biologia Geral - ICB - UFMG
INTRODUÇÃO:
Acreditando no rádio como um excelente veículo de comunicação e difusão da ciência, o programa "Na Onda da Vida" vem sendo produzido desde 2004 e veiculado na Rádio UFMG Educativa da UFMG. São veiculadas informações sobre pesquisas do Instituto de Ciências Biológicas, e assuntos afins, em programetes de 2-3 min feitos a partir de entrevistas com pesquisadores do Instituto numa linguagem descontraída. Devido à nossa preocupação em ampliar o público alvo, constituído por ouvintes da rádio e internautas, foi criado o projeto "Ciência para todos" que tem como objetivo popularizar a ciência, de maneira que as pesquisas realizadas nos laboratórios das universidades e instituições de pesquisa possam ser compreendidas pelo público não-especializado. Em parceria com o projeto "Leitura para Todos", textos científicos escritos a partir dos programas de rádio ("Na Onda da Vida" e outros) foram levados para usuários do transporte coletivo de Belo Horizonte na forma de lâminas plastificadas presas ao encosto da poltrona. Neste trabalho apresentamos o resultado de pesquisas feitas junto a estes usuários com relação a vários pontos de interesse para avaliar o sucesso do projeto: caracterização do público-alvo, recepção do projeto na comunidade e percepção da ciência em diferentes mídias.
METODOLOGIA:
Para esta pesquisa foram avaliados 482 questionários semi-estruturados onde se avaliou inicialmente o perfil dos usuários com dados sobre idade, escolaridade, uso das linhas de ônibus, frequência de leitura dos textos do projeto; em seguida, o questionário apresenta perguntas sobre o interesse e compreensão dos assuntos abordados, a comparação da preferência dos textos literários ou científicos. Finalmente procurou-se conhecer os meios onde o usuário se informa sobre ciência.
RESULTADOS:
Os entrevistados foram em maioria do sexo feminino (67%), formados ou cursando o Ensino Médio (45%), Ensino Superior (33%) ou Ensino Fundamental (8%). A grande maioria já tinha conhecimento sobre o projeto Leitura para todos (74%) que já existe há 8 anos na capital mineira, sendo que 48% dos usuários afirmaram ler os textos muito frequentemente, 33% de vez em quando, 10% raramente e 7% nunca (3% não responderam). Além disso, 62% dos entrevistados declararam compreender muito sobre o conteúdo dos textos enquanto 13% afirmaram ter compreendido pouco, e apenas 2% não compreenderam nada (23% não leram os textos ou não responderam ao item). Quanto ao acesso dos entrevistados a informações científicas pela imprensa, destaca-se o percentual de 64% que leem frequentemente ou esporadicamente notícias científicas em jornais, revistas e internet, e 33% nunca ou raramente (2% não se posicionaram). A TV se mostra o maior difusor da informação com cerca de 56% dos entrevistados declarando que a utilizam muito frequentemente ou de vez em quando para se informar sobre assuntos científicos. Estes dados indicam que a ciência pode ser compreendida pelo público não-especializado mesmo que a informação pela mídia escrita não seja a principal forma de percepção da ciência.
CONCLUSÃO:
As entrevistas mostraram que o projeto cumpre seu papel de disseminar a leitura e a informação científica, já que vem sendo bem aceito nas linhas de ônibus onde foi implantado em 2011. O sucesso, em parte, deve-se ao fato de o projeto “Leitura para todos” já ter se consagrado nos 8 anos de existência. O esforço da equipe do “Ciência para todos” para fazer um texto de fácil leitura e compreensão também deve ser mencionado pois a oralidade do rádio, inicialmente utilizada, exige esta prática. Apesar de a TV ser a forma mais usada para a informação científica, as outras mídias devem ser exploradas para esse fim. Acreditamos que a divulgação científica torna-se, com projetos como esse, uma democratização do saber e, assim como o transporte faz parte do dia a dia, a ciência também está fazendo e sua execução deve ser, assim, continuada.
Palavras-chave: Divulgação científica, Transporte urbano, Rádio universitária.