64ª Reunião Anual da SBPC
E. Ciências Agrárias - 1. Agronomia - 3. Fitossanidade
SELEÇÃO DE INIMIGOS NATURAIS DE ÁCAROS-PRAGA DE PINHÃO-MANSO: TESTANDO AS TEORIAS DE COMPETIÇÃO APARENTE E PREDAÇÃO INTRAGUILDA.
Renata Vieira Marques 1
Marçal Pedro Neto 1
Renato de Almeida Sarmento 2
1. Universidade Federal do Tocantins - UFT
2. Prof. Dr./Orientador - Universidade Federal do Tocantins - UFT
INTRODUÇÃO:
O pinhão-manso (Jatropha curcas L.) apresenta excelentes perspectivas para a produção de biodiesel (Nóbrega et al., 2007). No entanto, a possibilidade de plantio em larga escala, tem gerado grandes problemas, como o ataque de pragas, e conseqüentes prejuízos. O principal problema fitossanitário tem sido o ataque de duas espécies de ácaros fitófagos: o ácaro Polyphagotarsonemus latus Banks (Acari: Tarsonemidae), e o ácaro Tetranychus bastosi Baker & Pritchard (Acari: Tetranychidae).
Foram identificados os ácaros predadores Euseius concordis Chant (Acari: Phytoseiidae) e Iphiseiodes zuluagai Denmark & Muma (Acari: Phytoseiidae) em associação com os ácaros-praga acima descritos em plantas de pinhão-manso. A ocorrência simultânea dos predadores pode causar a predação intraguilda, que pode afetar negativamente o controle biológico. Por outro lado, o uso de um único inimigo natural para controlar mais de uma espécie de praga pode ocasionar a competição aparente (Bonsal & Hassell, 1987).
Sabe-se que a mistura de dietas normalmente resultam em efeitos positivos sobre a reprodução de espécies de inimigos naturais. O objetivo do trabalho foi estudar o efeito da mistura de dietas no desempenho dos ácaros predadores I. zuluagai e E. concordis, e a predação intraguilda.
METODOLOGIA:
Foi avaliado o efeito da mistura de fases de T. bastosi e P. latus sobre o desempenho de E. concordis e I. zuluagai. As taxas de oviposição e predação dos predadores foram acessadas nas dietas: 1 = 10 ovos+ 10 ninfas+10 adultos de P. latus; 2 = 10 ovos+10 ninfas+10 adultos de T. bastosi; como controle foi oferecido, separadamente, 30 ovos, 30 ninfas ou 30 adultos de P. latus e de T. bastosi.
Para avaliar o efeito da mistura de espécies de presa no desempenho dos predadores, foram fornecidas as dietas: 1 = 15 ninfas de P. latus+15 ninfas de T. bastosi; 2 = 30 ninfas de P. latus; 3 = 30 ninfas de T. bastosi. Na analise estatística foram usados modelos lineares generalizados mistos com erros de Poisson.
Para verificar se os ácaros predadores interagem por meio da predação intraguilda, dez fêmeas de cada espécie predadora foram colocadas em arenas separadas, com ampla quantidade de pólen. Após seis dias, foi quantificado o número de adultos, ninfas e ovos. Subsequentemente, os ácaros antes situados em arenas separadas, foram movidos, para uma mesma arena, permitindo que as duas espécies se misturassem. Em seguida, o número de ácaros foi contado até que uma das espécies fosse extinta. Os resultados foram analisados por meio de ANOVA e as médias foram comparadas usando o teste de Tukey.
RESULTADOS:
Os predadores I. zuluagai e E. concordis, apresentaram oviposição superior estatisticamente quando alimentados com uma mistura de espécies. Quando foram fornecidas ninfas de T. bastosi e P. latus juntas, a oviposição foi maior que quando oferecidas separadamente. Além disso, quando oferecidos juntos todos os estádios das duas presas em uma dieta única, a oviposição foi maior do que quando foram oferecidos ovos, ninfas e adultos de apenas uma espécie. Estes resultados mostram que a mistura de espécies das presas aumenta a oviposição dos predadores estudados.
O ácaro I. zuluagai ao interagir com o ácaro E. concordis, obteve crescimento populacional superior tanto na presença, quanto na ausência de alimento alternativo (pólen). Portanto, o ácaro E. concordis é denominado de presa intraguilda, e o ácaro I. zuluagai de predador intraguilda. Essa interação pode ser negativa para o controle biológico. Contudo, foi verificado que na presença de alimento alternativo, o efeito da predação intraguilda é reduzido. Sabe-se que no sistema estudado, existem os ácaros P. latus e T. bastosi, que são fonte de alimento para os ácaros predadores. Assim, experimentos devem ser realizados para avaliar se na presença de pólen e das 2 presas, ocorre a predação intraguilda.
CONCLUSÃO:
A mistura de fases de uma mesma espécie de presa não resulta no aumento do desempenho reprodutivo de E. concordis e I. zuluagai. No entanto, a mistura das espécies de presas (P. latus e T. bastosi) aumenta o desempenho reprodutivo de I. zuluagai e E. concordis.
O pólen minimiza o efeito da predação intraguilda entre os predadores I. zuluagai e E. concordis.
Palavras-chave: Jatropha curcas L., Phytoseiidae, Controle biológico.