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A. Ciências Exatas e da Terra - 4. Química - 2. Química Ambiental
ANÁLISE DE RISCO DE CONTAMINAÇÃO POR RESÍDUOS DE PESTICIDAS DAS ÁGUAS SUPERFICIAIS E SUBTERRÂNEAS UTILIZADAS PARA ABASTECIMENTO URBANO DA CIDADE DE DOURADOS/MS
Mara Nilza Teodoro Lopes 1   (autor)   maranilza@uol.com.br
Maria Lúcia Ribeiro 2   (orientador)   mlucia@iq.unesp.br
Mary Rosa R.M.Santiago Silva 1   (co-orientador)   mssqam@iq.unesp.br
Sandro Navickiene 3   (colaborador)   sandnavi@ufs.br
1. Depto. de Analítica, Instituto de Química, Universidade Estadual Paulista- Unesp
2. Depto de Orgânica, Instituto de Química, Universidade Estadual Paulista - Unesp
3. Depto de Química, Universidade Federal de Sergipe - UFS
INTRODUÇÃO:
A microbacia do rio Dourados faz parte da rede hidrográfica do rio Paraná e situa-se ao sul de Mato Grosso do Sul, em uma região de intensa exploração agropecuária, favorecida pelas condições edáficas e de relevo. A instalação das monoculturas, principalmente de soja e milho, levou a perda da biodiversidade, aumentando assim, a necessidade de maiores quantidades de pesticidas e diferentes formulações. Onze municípios estão parcial ou totalmente inseridos na área da microbacia, concentrando ali uma parcela significativa da população de Mato Grosso do Sul. O potencial de contaminação de águas superficiais e subterrâneas tem sido determinado mediante parâmetros físico-químicos dos pesticidas, tais como: coeficiente de adsorção à matéria orgânica do solo (Koc), solubilidade, constante de Henry (K H), meia-vida do composto no solo e na água (DT 50), especiação e propriedades do solo. Três procedimentos têm sido utilizados para esta avaliação: o índice da Agencia de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (EPA), o índice de vulnerabilidade de águas subterrâneas (GUS) e o método de Goss (Ferracini et.al., 2001). Neste trabalho, foram empregados estes índices para avaliar o risco de contaminação, por pesticidas mais usados na região, em águas superficiais e subterrâneas utilizadas para abastecimento urbano da cidade de Dourados/MS.
METODOLOGIA:
Foi efetuado um levantamento detalhado dos pesticidas utilizados nas culturas da região, por meio de entrevistas com gerentes de venda e responsáveis técnicos das principais casas comerciais de produtos agropecuários da cidade de Dourados/MS; os pesticidas selecionados foram: herbicidas (trifluralina, imazaquim, bentazona, 2,4-D, glifosato, paraquate, atrazina, fluazifope-butil, pendimetalina, imazapir, metolacloro, lactofem e flumetsulam) e os inseticidas (metamidofós, endossulfam, permetrina, deltametrina, monocrotofós, fipronil, clorpirifós, parationa metílica, cipermetrina e tiodicarbe). Em seguida as propriedades físico-químicas dos princípios ativos selecionados, levantadas na literatura, foram aplicados aos modelos permitindo a avaliação preliminar de risco potencial em função das características destas substâncias. Os critérios da EPA envolvem os valores de solubilidade em água (25°C), constante de adsorção à matéria orgânica do solo (Koc), K H, a especiação e DT 50 no solo e na água. O índice GUS inclui o DT 50 no solo e o Koc. Já o método de Goss considera a DT 50 no solo, a solubilidade em água e Koc.
RESULTADOS:
A classificação dos pesticidas de acordo com o potencial de contaminação de águas superficiais e subterrâneas depende da interpretação das propriedades físico-químicas destes compostos. O índice de GUS, utilizado para medir a contaminação de águas subterrâneas, se menor que 1,8 indica que o pesticida não sofre lixiviação, entre 1,8 e 2,8 faixa de transição e acima de 2,8 provável lixiviação (Brito et.al. 2001). O índice de GUS para os princípios ativos avaliados, imazaquim (4,8), bentazona (3,2), atrazina (3,2), metolacloro (3,5), flumetsulam (4,9), monocrotofós (5,9), imazapir (3,9), podem ser lixiviados, fluazifope-butil (2,4), 2,4-D (2,2), glifosato (2,8) e parationa metílica (2,1) encontram-se na faixa de transição e os demais compostos apresentam valores abaixo de 1,8. O índice de GUS não foi calculado para paraquat, pendimetalina e fipronil uma vez que a literatura não apresenta alguns dados necessarios para estes pesticidas. São considerados como possíveis contaminantes de águas subterrâneas pelo índice da EPA: imazaquim, bentazona, atrazina, glifosato, imazapir, metolacloro e monocrotofós. Segundo o índice de Goss, que indica o potencial de contaminação de águas superficiais associados ao sedimento ou não, os princípios ativos com alto potencial de transporte associado são: trifluralina, endossulfam e permetrina, enquanto imazaquim, glifosato, atrazina, Imazapir, metolacloro e monocrotofós apresentam alto potencial de transporte dissolvido em água.
CONCLUSÕES:
Considerando as propriedades físico-quimicas e os índices calculados para os princípios ativos estudados, os resultados obtidos sugerem que o risco de contaminação de águas superficiais e subterrâneas da microbacia do rio Dourados utilizadas para abastecimento urbano na cidade de Dourados/MS, não pode ser desprezado para os pesticidas imazaquim, bentazona, atrazina, metolacloro, flumetsulam, monocrotofós e imazapir; no entanto, outros pesticidas também merecem uma atenção especial, como é o caso do 2,4-D e a parationa metílica que apesar dos valores de GUS encontrarem-se na faixa de transição, a intensidade de uso justifica o seu monitoramento. A trifluralina apresenta um alto potencial de transporte associado a sedimento o que indica uma provável contaminação em águas superficiais, devido principalmente, ao regime de chuvas associado ao seu uso na região em estudo. Porém, a contaminação de águas subterrâneas por este pesticida é pouco provável, uma vez que esta substância apresenta forte interação com a matéria orgânica do solo. Um outro fator importante a ser considerado é a correlação entre estes resultados e o tipo de solo predominante na região em estudo: o latossolo, pobre em matéria orgânica pode propiciar a lixiviação destes compostos, e contaminar águas subterrâneas, o que mostra a necessidade de investigações para monitorar a presença destes contaminantes em matrizes de solo e água.
Instituição de fomento: Capes, FAP-SE/FUNTEC e MCT/CNPq
Palavras-chave:  águas superficiais e subterrâneas; avaliação de risco; pesticidas.

Anais da 56ª Reunião Anual da SBPC - Cuiabá, MT - Julho/2004