IMPRIMIR VOLTAR G. Ciências Humanas - 7. Educação - 7. Educação Infantil EDUCAÇÃO INFANTIL: REPENSANDO O TRABALHO DOCENTE COM A ORALIDADE Denise Silva 1   (autor)   denisepedagogia@hotmail.com Claudete Cameschi de Souza 2   (orientador)   cameschi@terra.com.br 1. Acadêmica do Curso de Pedagogia da UFMS/CPAQ 2. Profª Drª do Departamento de Educação da UFMS/CPAQ INTRODUÇÃO: Tomando como objeto de estudo o texto Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil e o tratamento dado, neste conjunto de documentos, à importância da linguagem oral no processo inicial de aquisição da leitura e da escrita, por crianças de 4 a 6 anos, e , tendo como perspectiva teórica às orientações da Análise do Discurso, esta pesquisa tem por objetivo estudar o discurso oficial sobre o trabalho com a língua portuguesa contido nestes documentos, enfatizando questões relativas `a fundamental importância do trabalho com a oralidade nesse nível de ensino, especialmente no período Pré-Escolar. METODOLOGIA: Optamos por realizar uma pesquisa de abordagem qualitativa, de caráter bibliográfico e empírico, cujos procedimentos incluem: levantamento bibliográfico, leitura e interpretação da produção sobre a importância do trabalho com a oralidade na Educação Infantil; análise documental — Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil; entrevistas com os professores sobre o trabalho que realizam, especialmente com a oralidade, em salas de Pré-Escola; observação direta do trabalho do professor em salas de Pré-Escola; elaboração de relatórios de resultados parciais e finais. RESULTADOS: Durante a realização da pesquisa, pudemos perceber que nas tematizações sobre a educação infantil e sobre o trabalho docente nela realizado, há quase que uma ausência da preocupação com o exercício da oralidade. Em relação as normatizações, percebe-se que direcionam-se de maneira geral, sem, portanto, preocupar-se com as especificidades. Fato perceptível também em relação às concretizações, uma vez que nos Referenciais Curriculares Nacionais, o trabalho com a língua, na modalidade oral é descrito em apenas quatro parágrafos, não havendo um aprofundamento das discussões sobre as sua importância. A análise dos dados coletados mediante entrevista com os professores que atuam neste nível de ensino nos municípios de Aquidauana e Anastácio, bem como nas observações feitas nos sete centros de Educação Infantil em funcionamento nestes municípios apontaram o descaso dos profissionais com o “falar”, com o uso que a criança faz da língua na modalidade oral, embora em seus planos apontem tal preocupação. CONCLUSÕES: Após análise dos dados coletados e partindo da premissa que o ensino da escrita passa, necessariamente pelo trabalho com a língua na modalidade, oral, pois, “bons leitores surgem a partir de bons falantes”, uma vez que a oralidade e a escritura convivem lado a lado no lar, na escola, no lazer, e que o modelo de texto que a criança, inicialmente possui é o modelo de texto oral que se manifesta em suas produções textuais espontâneas, pudemos constatar que há uma pressa excessiva com o ensinar a grafar as vogais, empilhar blocos lógicos, ilustrar histórias, ouvir o professor ler histórias sem deixar espaço para que a criança construa a sua história enquanto sujeito do seu discurso. Parece ser necessário, portanto, um repensar no trabalho docente realizado nesta etapa da Educação Básica, pois o que se pode inferir a partir da análise dos dados coletados é que, a criança é induzida a acreditar que existem duas línguas: aquela que usa cotidianamente no ambiente escolar ou fora dele, e, aquela exclusiva da escola: a escrita. Fato preocupante já que a função social da língua — oral e escrita — e suas variações não são discutidas e nem mesmo apresentadas e exercitadas nas salas de Educação Infantil, especialmente na Pré-escola, momento em que o processo de alfabetização se inicia. Instituição de fomento: PIBIC/UFMS/CNPq 2003/2004 Trabalho de Iniciação Científica Palavras-chave:  Educação Infantil; Trabalho docente; Oralidade. Anais da 56ª Reunião Anual da SBPC - Cuiabá, MT - Julho/2004