IMPRIMIRVOLTAR
A. Ciências Exatas e da Terra - 2. Ciência da Computação - 5. Informática na Educação
ADIÇÃO E SUBTRAÇÃO DE FRAÇÕES: INVESTIGANDO O POTENCIAL DO SOFTWARE FRAÇÃO
Adegundes Maciel da Silva 1   (autor)   admaciel1@terra.com.br
Alex Sandro Gomes 2   (orientador)   asg@cin.ufpe.br
Verônica Gitirana 3   (orientador)   vggf@ufpe.br
1. Pós-Graduando, UFRPE, Prof. da Rede Municipal de Ensino do Recife  PR
2. Prof. Dr. do Centro de Informática, Universidade Federal de Pernambuco-UFPE
3. Profa. Dra. do Centro de Educação, Universidade Federal de Pernambuco-UFPE
INTRODUÇÃO:
Com a chegada das novas tecnologias, a escola ganhou mais alternativas para inovar seus projetos pedagógicos. O computador e os softwares educativos, por exemplo, influenciaram consideravelmente à aprendizagem significativa no exercício da educação matemática, diferenciando das práticas tradicionais - centralizadas no "quadro e giz". Com objetivo de aperfeiçoamento do professor quanto ao ensino da matemática com as novas tecnologias, o Curso "Ensino de Matemática e Tecnologia Educacional" (oferecido pela UFPE -Centro de Educação / Informática), que integra a Pesquisa AMADeuS , nos proporcionou ensaios sobre diversos softwares, com destaque neste artigo para o "Fração". Este aplicativo, ainda em fase de desenvolvimento, é baseado em uma metáfora do jogo "Bloco de Cuisenair" que existe em sua versão de mesa. Deseja-se construir um ambiente a proposição de diferentes situações para o ensino do conceito de frações. Esta apresentação resulta de uma pesquisa com alunos do 3º Ciclo da Rede Municipal de Ensino do Recife, elaborada como atividade do curso. Considerando a dificuldade nas operações com frações, apontada pelo SAEPE (Sistema de Avaliação Educacional de Pernambuco), decidimos investigar o desempenho dos alunos na Adição e Subtração de Frações usando o software "Fração". Em nossa proposta, os alunos procurarão descobrir, através da manipulação dos "blocos virtuais" necessários para tanto, resolverem expressões como: 2/3 + 5/2 ou 9/10 - 3/5.
METODOLOGIA:
Acompanhando o estudo de caso realizado no laboratório de informática da Escola Octávio de Meira Lins, foram utilizados quatro computadores e quatro alunos escolhidos aleatoriamente: A, B, C e D. Optamos por dois momentos: no primeiro, fizemos uma preleção de 30 minutos com o intuito de apresentar os objetivos do trabalho e apresentação do software, não deixando os alunos começarem qualquer atividade; no segundo, subdividimos em duas tarefas - adição e subtração de frações (filmadas). A princípio, mostramos a proposta do software para a realização da adição: dada a unidade 1 representada pelo segmento de cor x, procurar outros segmentos oferecidos abaixo, que deveriam ser testados e necessários para designar se era 1/2, 1/3 ou 1/4, etc, da unidade de cor x, propondo assim, que se montasse a expressão do desafio e continuando através da soma dos segmentos (de cores), encontrasse a resposta, que seria digitada pelo jogador, na qual o soft confirmaria resposta "correta" ou "errada"; de forma similar fizemos com a subtração. Perguntas foram liberadas além de algumas intervenções necessárias (por nós) para provocar maior raciocínio nas crianças. Procuramos não abrir tanto espaço para não perdermos o entusiasmo nas construções mentais nos alunos que levariam à soma ou à diferença nas operações propostas pelo "Fração".
RESULTADOS:
Percebemos um comportamento de competição entre os alunos como se estivessem diante de videogames, comumente quando estão no computador. Os alunos B e D não apresentaram dificuldade em suas tarefas; o aluno C só conseguiu realizar a adição em 17 minutos, mas por outro lado, conseguiu a subtração em 7 minutos e o aluno A não conseguiu sozinho efetuar a adição, pedindo ajuda aos colegas, conseguindo, sozinho, a subtração. Percebemos que 3 alunos insistiam em dizer que a fração correspondente de determinado bloco em relação a unidade de cor x era sempre o inteiro "inverso da fração correspondente", ou seja, 2 ao invés de 1/2, 5 ao invés de 1/5 e assim por diante.Mas, de imediato, corrigiam. Todos perceberam que o menor bloco (branco) trazia o melhor caminho para encontrar a solução em ambas as operações. Entretanto, nenhum aluno percebeu que mais de uma resposta poderia ser encontrada em alguns casos, caracterizando, assim, mais uma oportunidade de trabalhar o conceito de frações equivalentes. O aluno C comentou que "foi fácil entender frações com gráfico".
Outro desempenho esteve nas explicações das crianças em justificar as diferenças das frações com os blocos virtuais, utilizando a propriedade inversa "a adição". Graficamente, os alunos se sentiram mais seguros em usar tal estratégia. O aluno B foi indagado: como justificaria sua resposta na subtração igual a 9/10? E o mesmo colocou pois, somando 9 blocos brancos com 3 vermelhos dá 3 amarelos, ou seja, 9/10+6/10=15/10.
CONCLUSÕES:
O "Fração" mostrou competência no exercício conceitual de frações: ágil na reformulação dos problemas, interativo com o usuário e a manipulação dos blocos coloridos na formação das expressões gráficas (linguagem apropriada às frações), caracterizou-o como uma forte ferramenta no desenvolvimento de saberes. Ainda em fase de desenvolvimento, os autores do software devem acrescentar em sua interface com o usuário, no momento da conclusão e digitação de sua resposta correta, a pergunta: "existe mais outra resposta?", pois caracterizaria a oportunidade de o aluno entender que quando isto fosse possível, estaria conhecida uma outra fração, equivalente a primeira, colocando ao aluno a chance de entender mais um conceito por descoberta. Ressaltamos, também, a presença constante da cor branca no menor bloco-fração da unidade de cor x. É mais estratégico, por partida, o soft alternar a cor dos blocos, não condicionando o educando em partir logo para o branco, achando que seria a melhor iniciativa.
Os melhores alunos preparados nas estruturas aditivas foram mais ágeis nas operações, não encontrando dificuldade em aplicar a propriedade inversa da subtração, quando foram solicitados em justificar suas respostas. A interface gráfica do "Fração" foi o ponto mais forte nas construções mentais das crianças. Este estudo de caso deixou evidente que é possível mudarmos as ferramentas de ensino para tornar o conceito de frações menos enigmático e com mais entretenimento.
Palavras-chave:  frações; software fração; software educativo.

Anais da 56ª Reunião Anual da SBPC - Cuiabá, MT - Julho/2004