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F. Ciências Sociais Aplicadas - 12. Serviço Social - 6. Serviço Social do Trabalho
A CONSTRUÇÃO DO MASCULINO E DO FEMININO NO TRABALHO DOS COMISSÁRIOS DE MENORES - SERGIPE
Clezeneire Santa Rosa Carvalho 1   (autor)   
Ana Maria Vasconcelos Melo 1   (autor)   
Priscilla Fontes de Góes Vasconcelos 2   (autor)   piugoes@hotmail.com
Míriam Coutinho de Faria Alves 3   (autor)   miriamfaria2002@yahoo.com.br
Amy Adelina Coutinho de Faria Alves 1   (orientador)   
1. Depto. de Serviço Social, Universidade Federal de Sergipe - UFS
2. Depto. de Comunicação Social, Universidade Tiradentes - UNIT
3. Mestrado em Ciências Sociais, Universidade Federal de Sergipe - UFS
INTRODUÇÃO:
O estudo objetiva refletir, sob a ótica do gênero, identidade e trabalho a construção/desconstrução do masculino e feminino no desenvolver das atribuições dos Comissários de Menores lotados no Juizado da Infância e da Juventude/SE - 16ª Vara Cível, visando trazer à tona aspectos peculiares no processo de atendimento ao público e como eles em seus discursos reafirmam suas identidades socialmente construídas e ainda quais formas de subjetividades fazem parte da construção do masculino e do feminino. Tomar como objeto de estudo as complexas relações de gênero, identidade e trabalho no cotidiano desses Comissários, pressupõe analisar suas vivências, emoções, hábitos e subjetividade tão presentes nas propostas teóricas de Lebfevre (1981); Heller (1985); Antunes (1995); Seligmam (1994); Codo (1995); Redor (2002); Scavone e Batista (2000) e Alves (1995).
METODOLOGIA:
Valendo-se de análise documental: a) ocorrências; b) análise de referenciais teóricos a partir dos seguintes subtextos de gênero, trabalho e identidade: pesquisa de gênero - entre o público e o privado, imaginário na construção/desconstrução da identidade, cultura e subjetividade, objetivando desvendar como essas formas de subjetividade vinculadas ao gênero, trabalho e identidade refletem e reproduzem relações de poder desiguais. A análise de dados estruturou-se através do estudo de conteúdos dos discursos, objetivando, além da descrição dos aspectos da fala, a tentativa de extrair conclusões relacionadas com as dimensões da categoria gênero a partir de um roteiro de entrevista de história de vida previamente elaborado. Como método de pesquisa, a investigação privilegiou o discurso como modo de prática ideológica, que naturaliza, mantém e transforma os significados do cotidiano nas diversas situações em que surgem as relações e poder.
RESULTADOS:
Os Comissários de Menores em relação às categorias gênero, trabalho e identidade revelam as várias facetas do preconceito como reflexos de uma identidade objetivamente construída através das relações estabelecidas com o meio em que vivem, pela sua prática, rechaçado de conteúdo ideológico reproduzidos na vida cotidiana do trabalho, reforçando a manutenção da hegemonia de um projeto político opressor e explorador.Quanto às relações entre gênero, trabalho e identidade da infância à adolescência constatou-se que: a) subsiste uma naturalização da imagem feminina culturalmente forjada; b) que a figura masculina é percebida como fonte de autoridade, disciplina do lar. A materna está associada a idéia central do lar, fonte de amor e ternura; c) participação do homem no contexto do cuidado. Quanto a trajetória de ingresso no comissariado constatou-se que todos ingressaram na função via concurso público. O cotidiano e condições de trabalho comprovaram: a) ausência de condições objetivas de trabalho; b) as condições subjetivas de trabalho causam sofrimento e prejuízos para o corpo e a mente. A divisão sexual do trabalho no cotidiano e as imagens do público e do privado no atendimento a população usuária revelaram que: a) os esteriótipos masculino/feminino dos comissários servem para naturalizar as diferenciações de gênero; b) a divisão sexual do trabalho por afinidade e por necessidade constituem uma construção social, ideológica e, sobretudo cultural.
CONCLUSÕES:
As verbalizações dos Comissários estão intimamente ligados à construção da identidade e do desenvolvimento da consciência social que não podem ser pensadas como abstrações isoladas da historicidade. Em sua maioria eles reproduzem uma formação cultural preconceituosa imposta por uma sociedade patriarcal machista, fixando papéis e posições para homens e mulheres, sob parâmetros excludentes de discriminação. As análises sobre as relações de poder, que envolvem homens e mulheres, a dominação de classe e a dominação de gênero foram alvo de reflexões mais inovadoras das problemáticas entre identidade cultural envolvendo a noção de gênero e o exame do movimento histórico de construção e desconstrução de identidade feminino/masculino. Para o Serviço Social, as categorias de análises pesquisadas são fundamentais para o alcance da cidadania. O Assistente Social deve orientar sua ação e a contribuição do seu saber de tal maneira que seu compromisso deve ser intransigente quanto ao direto ao exercício da liberdade e igualdade ampla e irrestrita, contribuindo assim, no processo de trabalho nas estruturas organizacionais, promovendo o bem estar dos trabalhadores. Tentamos contribuir no sentido de refletir para transformar as questões de gênero, trabalho e identidade que permeiam o cotidiano dos Comissários de Menores do Juizado da Infância e da Juventude.
Trabalho de Iniciação Científica
Palavras-chave:  Gênero; Trabalho; Identidade.

Anais da 56ª Reunião Anual da SBPC - Cuiabá, MT - Julho/2004