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G. Ciências Humanas - 4. Geografia - 2. Geografia Regional
AMAZÔNIA MATO-GROSSENSE: MIGRAÇÕES E DINÂMICA URBANA REGIONAL
Tereza Cristina Cardoso de Souza-Higa 1   (autor)   tccardoso@terra.com.br
1. Departamento de Geografia, Instituto de Ciências Humanas e sociais - UFMT
INTRODUÇÃO:
O adensamento de núcleos urbanos na parte sul da Amazônia brasileira, mas precisamente no norte do Estado de Mato Grosso, é resultado do vasto e rápido processo ocupacional desencadeado nas últimas décadas, concretizado pela construção de grandes eixos de ligação rodoviária, implantação de projetos de colonização e fixação de grandes empresas agropecuárias, empreendimentos estes que atraíram milhares de migrantes que se fixaram em torno de pequenas vilas pioneiras, muitas das quais se tornaram cidades sedes das dezenas de municípios posteriormente emancipados. Nesta perspectiva, buscou-se com a realização deste trabalho, analisar o processo político e econômico que orientou a ocupação da Amazônia mato-grossense, avaliando o papel das correntes migratórias na dinâmica urbana regional.
METODOLOGIA:
A linha condutora adotada foi respaldada na análise crítica sobre as políticas de expressão regional atuantes na produção do espaço, assim como sobre os fatores de caráter local, que não só absorvem e refletem as conseqüências dos processos sociais e produtivos, mas também interferem e conduzem os mesmos. Em outras palavras, buscou-se a compreensão das particularidades da produção do espaço geográfico no contexto dos interesses político-econômicos regionais. Com relação ao comportamento da dinâmica populacional, foram levantados dados a partir do Censo Demográfico do IBGE de 1950, pertinentes à população residente por sexo, grupos de idade, situação de residência urbana e rural, nível de escolaridade, mortalidade, população economicamente ativa, natureza da ocupação e dados relativos ao processo de migração. A partir dos dados levantados e tabulados gráficos e cartogramas que melhor evidenciaram a espacialidade do fenômeno, facilitando a análise frente às políticas de integração regional vigentes nas décadas de 1960, 1970 e 1980.
RESULTADOS:
Nos últimos 35 anos, a Amazônia mato-grossense foi submetida a um expressivo processo de urbanização desencadeado pela implantação de centenas de projetos de colonização que levaram à formação de uma dinâmica frente pioneira apoiada por políticas públicas de estímulo à interiorização, o que atraiu milhares de migrantes para a região, transformando totalmente seu quadro populacional. Ressalta-se que intenso processo de urbanização não pode ser entendido apenas como o resultado imediato do grande crescimento populacional, mas também, como decorrente da complexidade das relações produtivas, econômicas e sociais, vigentes na fronteira agropecuária. Assim, o processo ocorrido perpassa por dois momentos em sua trajetória: o da formação da cidade e, posteriormente, o de sua expansão. O primeiro diz respeito ao surgimento do núcleo urbano, vinculado, comumente, a um projeto de colonização, portanto, planejado e dimensionado para atender determinados propósitos. O segundo momento, o da expansão, está relacionado a duas condições: de um lado, a existência de infra-estrutura urbana básica e disponibilidade de serviços essenciais que atraem multidões em busca de oportunidades de trabalho e melhores condições de vida; do outro, a ocorrência de uma estrutura fundiária distorcida que expulsa milhares de famílias do campo. Acrescentas-se ainda o papel da atividade extrativista mineral e vegetal.
CONCLUSÕES:
O grande crescimento populacional e a forte urbanização ocorrida no Estado nos últimos 35 anos advém das medidas governamentais de estímulo ao avanço ocupacional implementadas nas décadas de 1960, 1970 e 1980, as quais foram decisivas para atrair capital empresarial e, conseqüentemente, correntes migratórias de várias áreas do país, dando lugar à formação de uma dinâmica frente pioneira agropecuária. No bojo deste processo o Estado foi submetido a contínuas divisões municipais, o que fez o número de municípios saltar de 34 unidades em 1970, para 142 em 2000, parte expressiva dos quais, cerca de 85% na área da Amazônia mato-grossense.
Instituição de fomento: CNPq
Palavras-chave:  Amazõnia Mato-grossense; Dinâmica urbana regional; População.

Anais da 56ª Reunião Anual da SBPC - Cuiabá, MT - Julho/2004