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G. Ciências Humanas - 5. História - 2. História do Brasil
O CENTENÁRIO DA IGREJA EVANGÉLICA LUTERANA DO BRASIL (1904-2004): A EPOPÉIA EM TRÊS MOMENTOS DE SUA HISTÓRIA
Luiz Antônio Pinto Cruz 1   ()   lapcruz@terra.com.br
Carlos Heinz Moris 1   ()   
José Santos Lima 1   ()   
Germana Souza Coelho 1   ()   
Carlos Alberto Hand 1   ()   
1. Instituto Histórico da Igreja Evangélica Luterana do Brasil (IELB)
INTRODUÇÃO:
Durante o século XIX, os primeiros imigrantes alemães chegaram ao Brasil trazendo consigo a esperança de uma vida melhor na América do Sul. Entre sonhos e desilusões da nova terra, foram proibidos de professar sua fé, já que a liberdade de culto foi conquistada somente nos tempos republicanos. Em vista à programação especial do centenário da IELB – Igreja Evangélica Luterana do Brasil, resolvemos estudar três momentos marcantes na memória do luterano: as primeiras impressões dos imigrantes alemães no Rio Grande do Sul; os reflexos da Primeira Guerra Mundial no cotidiano das comunidades luteranas; e por fim, a disciplinarização do estado novo nos cultos luteranos no tempo da Segunda Guerra Mundial. Estes momentos embora distintos e difíceis, têm muito a dizer aos historiadores, áreas afins e sociedade em geral.
METODOLOGIA:
Por que a experiência vivida por grupos religiosos ainda são poucos estudados? Por que esse silêncio na historiografia nacional? Como podemos refletir sobre o processo de nacionalização dos “luteranos alemães” em “luteranos brasileiros”? As indações são ainda bem mais numerosas do que as respostas. A abordagem de um tema como esse, muito mais do que oportuna, torna-se até mesmo essencial. A antiga e nova historiografia não conseguem dar conta destas questões, apenas cedem espaços, lacunas a serem preenchidas com novas pesquisas. Através da pesquisa qualitativa, colhemos importantes informações nos depoimentos orais, na revisão literária e na análise do rico acervo documental do Instituto Histórico da IELB. Dentro de uma metodologia da compreensão, procuramos com acuidade, refletir sobre alguns preconceitos que cercam o tema como se todos luteranos fossem: nazistas, integralistas, espiões, quinta-coluna, etc.
RESULTADOS:
Os olhares de desconfiança, as perseguições nos anos de guerra, a censura do alemão e a interferência na ordem litúrgica dos cultos se tornaram visíveis nesta pesquisa por serem bastantes lembrados pelos entrevistados. Embora semelhantes em alguns aspectos, havia grandes diferenças etnico-religiosas entre o brasileiro católico e o alemão luterano, ocasioando atritos e discussões nas colônias. Nos três momentos estudados verificamos que os luteranos tiveram muitas dificuldades de adaptação e de superação. O processo de nacionalização ocorreu ora de maneira natural ora de maneira brusca. Diante deste contexto, novos caminhos foram traçados de acordo com a necessidade de superar obstáculos e planejar novos desafios.
CONCLUSÕES:
O estudo e a comparação dos três momentos vividos pelos luteranos nos informa que a importância desse grupo para sociedade brasileira foi muito além às questões religiosas ou à ocupação territorial, a título de ilustração poderíamos exemplificar as escolas construídas ao lado das igrejas numa época que os órgãos públicos não demonstravam uma política educacional clara e defina para todo o país. As técnicas agrícolas européias mais avançadas do que as rusticamente aplicadas aqui. Outro aspecto importante, não podemos associar o luterano somente ao povo alemão, como também aos norte-americanos e brasileiros que foram envolvidos por ela. O exercício da história comparada sempre foi um bom caminho para elucidar, através do jogo de espelhos, aspectos instigantes de momentos históricos distintos, mas envolvendo um grupo social de destaque na sociedade brasileira, especialmente na região sul do país: os luteranos.
Palavras-chave:  luteranos; imigração; contribuição.

Anais da 56ª Reunião Anual da SBPC - Cuiabá, MT - Julho/2004