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C. Ciências Biológicas - 5. Ecologia - 4. Ecologia
ASPECTOS ETNOECOLÓGICOS DE QUINTAIS, TERREIROS OU JARDINS EM ALTA FLORESTA-MT.
Solange dos Santos 1   (autor)   ssantos@florestanet.com.br
Germano Guarim Neto 2   (orientador)   gguarim@terra.com.br
1. NEAD/IE/UFMT, município de Alta Floresta- MT.
2. Departamento de Botânica e Ecologia, Instituto de Biociências/UFMT.
INTRODUÇÃO:
Os estudos etnoecológicos têm levantado conhecimentos acerca da relação humana com o ambiente circundante em determinado tempo e lugar, possibilitando subsidiar planos de manejo que visem a conservação da diversidade biológica e cultural. Através de levantamentos do conhecimento popular, esses saberes são registrados e sistematizados, ficando acessíveis às futuras gerações e abrindo possibilidade de novos estudos nesta área. Tendo em vista a localização geográfica de Alta Floresta, assim como a diversidade cultural de sua população, pretendeu-se investigar a percepção do Alta-florestense sobre o quintal.
METODOLOGIA:
Trata-se de um Estudo de Caso para o qual utilizou-se a abordagem etnoecológica com análise qualitativo-descritiva dos dados. Ao informante responsável pelo manejo do quintal, dirigiu-se entrevistas semi-estruturadas e abertas e questionários contendo perguntas abertas e fechadas. Utilizou-se também observação participante com registro em diário de campo durante e após os relatos; gravação de entrevistas em fita k-7 quando permitido pelo informante e registros fotográficos. Os quintais estudados localizam-se em três bairros adjacentes a Alta Floresta: Vila Nova, Boa Esperança e Cidade Bela. Em cada bairros estudou-se oito quintais, totalizando vinte e quatro. A escolha dos quintais deu-se por meio de amostragem intencional ou de julgamento. A fase de coleta de dados no campo teve início em novembro de 2002, prosseguindo até julho de 2003. Elaborou-se croquis de alguns quintais para melhor representação de sua estrutura e composição.
RESULTADOS:
Dos informantes, dezessete são mulheres, sete são homens e todos residem em casa própria. A idade varia entre 25 e 82 anos e 59% são aposentados. A maioria é oriunda de estados do Sul do Brasil, com maior percentual de paranaenses. Quando questionados sobre o que é o quintal e o que ele representa para cada um, ficou evidente a importância desse espaço para a realização de um misto de atividades. É no quintal que as crianças brincam, que se dorme na rede, se planta de tudo, trabalha, colhe, experimenta, recebe os amigos, parentes e vizinhos. É no quintal que fica o fogão de lenha, o forno, o poço, a rede; é o lugar onde alguns ainda fazem as festas. Cerca de 92% dos informantes admitem possuir um quintal, utilizando também outros termos como lote, jardim e terreiro como sinônimo para designar esse espaço. Para 58,3% dos informantes, o quintal é o espaço de terra que circunda a residência quer seja na porção frontal, laterais e fundos do terreno, sendo geralmente delimitado por cercas. Já 41,7%, consideram ainda como extensão do quintal áreas de domínio público como as passarelas frontais, laterais e áreas verdes que delimitam com o mesmo. Os homens associam primariamente o quintal à plantação de espécies vegetais, estabelecendo relação direta com roças e lavouras, e posteriormente reconhecem esse espaço como local de moradia e trabalho. As mulheres em sua maioria, também concebem o quintal como espaço associado à plantação, valorizando-o como de fundamental importância para o lazer e trabalho respectivamente.
CONCLUSÕES:
Os quintais são espaços dinâmicos, constituídos em grande parte pelas representações sócio-culturais dos proprietários. Representam para os entrevistados, um espaço nobre, apropriado para a realização de atividades, sejam relacionadas a plantio, lazer, cultura e descanso. O uso, organização e manutenção desses espaços envolve o estabelecimento de relações entre elementos bióticos e abióticos. Áreas de domínio público adjacentes aos quintais são vastamente utilizadas principalmente para o plantio, sendo manejadas tanto quanto os quintais.
Palavras-chave:  quintais urbanos; biodiversidade; Alta Floresta.

Anais da 56ª Reunião Anual da SBPC - Cuiabá, MT - Julho/2004