IMPRIMIRVOLTAR
C. Ciências Biológicas - 9. Imunologia - 5. Imunologia
Passiflora edulis (MARACUJÁ): EFEITO ANTI- OU PRÓ INFLAMATÓRIO?
Walmir Cutrim Aragão Filho 1   (autor)   walmir22@hotmail.com
Lucilene Amorim Silva 2   (colaborador)   
Márcia Cristina Gonçalves Maciel 2   (colaborador)   
Mayara Tânia Pinheiro 3   (colaborador)   
Kamyla de Arruda Pedrosa 4   (colaborador)   
Paulo Roberto Alves de Sousa 5   (colaborador)   
Bárbara Tereza Fonseca da Silva 6   (colaborador)   
Rosane Nassar Meireles Guerra 7   (colaborador)   
Flávia Raquel Fernandes do Nascimento 7   (orientador)   nascimentofrf@yahoo.com.br
1. Graduando do Depto. de Biologia e bolsista do PET/SESu/MEC
2. Graduanda do Depto. de Biologia e bolsista do PIBIC/CNPq – UFMA
3. Graduanda do Depto. de Farmácia e bolsista do PIBIC/CNPq – UFMA
4. Graduanda do Depto. de Farmácia, Univ. Federal do Maranhão – UFMA
5. Graduando do Depto. de Biologia, Univ. Federal do Maranhão – UFMA
6. Profa. Ms. do Departamento de Ciências Fisiológicas – UFMA
7. Profa. Dra. adjunta do Departamento de Patologia – UFMA
INTRODUÇÃO:
O “maracujá”, como são conhecidas popularmente as espécies constituintes do gênero Passiflora, é consideravelmente utilizado por populares em tratamentos de doenças, tais como: dores de cabeça, inflamações cutâneas, feridas, dentre outras. Porém, este uso popular carece de confirmação ou refutação laboratorial, no que diz respeito às propriedades medicinais da planta em questão. Além disso, possíveis efeitos colaterais decorrentes da utilização do “maracujá” podem estar sendo ignorados. Através deste trabalho, tendo em vista o que foi exposto, buscamos investigar os possíveis efeitos de uma das espécies do gênero Passiflora, a Passiflora edulis, sobre a migração celular, bem como sua atuação sobre a inflamação aguda periférica. Buscamos, desta maneira, contribuir com o somatório de conhecimentos acerca da utilização medicinal efetiva e responsável da flora de nosso país.
METODOLOGIA:
Foram utilizados camundongos da linhagem Swiss (2-3 meses de idade) tratados ou não com extrato etanólico (E.E.) de Passiflora edulis. Os animais do grupo não tratado (CONTROLE) foram injetados via i.p. com 0,2 ml de solução salina (0,9 %)/Tween 80 (30:1) (Salina/T80) enquanto os animais do grupo TRATADO foram injetados via i.p. com 0,2 ml da fração aquosa do extrato etanólico (E.E.) de P. edulis (10 mg/kg) dissolvido em Salina/T80. Os animais foram pesados antes e após o tratamento. Após 52 horas foi feita a coleta e quantificação das células do baço, da medula óssea e do peritônio dos animais de ambos os grupos. Em outro experimento, foi realizado o modelo de edema de pata induzido por injeção de 50 µl de carragenina 1 % no coxim plantar. Este grupo foi subdividido em três subgrupos: CONTROLE (que não recebeu tratamento), E.E.30 que foi tratado por via i.p. com 0,2 ml do E.E. de P. edulis (10 mg/kg) em Salina/T80 30 minutos antes da indução do edema de pata e E.E.48 que foi tratado 48 horas antes da indução do edema. Após a indução do edema, as patas foram medidas de hora em hora durante as seis primeiras horas e após 24 e 48 horas, com o auxílio de um paquímetro. O teste t de Student bi-caudal foi utilizado sendo significante para P ≤ 0,05.
RESULTADOS:
O tratamento com E.E. de Passiflora edulis por via i.p. (10 mg/Kg), não possuiu efeito modulador do sistema imunológico no que se refere ao número de células do baço e da medula óssea, no entanto, apresentou um efeito significativo sobre a migração celular para a cavidade intraperitoneal (peritonite). A peritonite induzida pelo tratamento com E.E. de P. edulis foi caracterizada por apresentar aumento do número de células totais, tendo um aumento significativo no percentual de células polimorfonucleares do que aquele observado no controle. No experimento do edema de pata, ambos os grupos tratados com P. edulis apresentaram menor edema de pata durante todo o experimento quando comparados ao controle. Houve diferenças estatisticamente significativas entre E.E.30 e o controle às 5 horas e às 48 horas entre o controle e ambos os subgrupos tratados. Não houve diferenças significantes entre os dois grupos tratados com P. edulis.
CONCLUSÕES:
O E.E. de Passiflora edulis demonstrou ser um bom agente quimiotático de leucócitos polimorfonucleares para a cavidade intraperitoneal, sendo portanto, um potente agente indutor de peritonite. Por outro lado induziu efeito antiedematogênico. Estes fatos indicam um papel controverso do tratamento com P. edulis sendo em um momento pro e em outro antiinflamatório, de acordo com o modelo estudado. Maiores investigações são necessárias para avaliar o potencial do “maracujá” sobre o tratamento de inflamações conforme o preconizado pela medicina popular.
Instituição de fomento: PET/SESu/MEC, CNPq, UFMA
Palavras-chave:  Passiflora edulis; peritonite; edema de pata.

Anais da 56ª Reunião Anual da SBPC - Cuiabá, MT - Julho/2004