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G. Ciências Humanas - 7. Educação - 11. Ensino-Aprendizagem
AULA DE CAMPO COMO PRÁTICA METODOLÓGICA NA GEOGRAFIA DO ENSINO MÉDIO
Antonia Ieda Delfino 1   (autor)   antoniaieda@hotmail.com
1. Escola Estadual São Luiz - MT
INTRODUÇÃO:
O Trabalho de Campo sempre foi uma metodologia muito defendida no ensino da Geografia. Ao mesmo tempo, a prática de Trabalho de Campo sempre foi desenvolvida nas universidades, buscando a formação de um profissional capaz de identificar e refletir sobre a realidade observada, com embasamento teórico sustentado para construir suas reflexões. Sendo assim, qual seria o papel das práticas da aula de campo no Ensino Médio? Onde, segundo estatísticas, o nível de ensino não permite ao professor exigir dos alunos o mínimo de teoria, o que dificulta qualquer prática reflexiva. Partindo dessa realidade, com um grupo de alunos do Ensino Médio foi planejada uma aula de campo no quarto bimestre para analisar um determinado espaço em suas várias dimensões, a partir das teorias discutidas ao longo do ano letivo. O objetivo do trabalho, foi analisar a estrutura geológica do relevo e sua influência no aproveitamento econômico, levando o aluno a compreender a dinâmica homem-natureza, a configuração espacial e as conseqüências ambientais resultantes dessa interação. A importância da aula de campo foi mostrar ao aluno uma realidade “in loco” e não levar a informação em “segunda mão”, possibilitando ao aluno a chance de tomar decisões, procurar respostas que podem ou não serem respondidas, possibilitá-lo a reflexão e a uma posterior ação.
METODOLOGIA:
Os sujeitos desse estudo foram os alunos do Ensino Médio vespertino da “Escola Estadual São Luiz” no município de Cáceres-MT. Escola localizada no perímetro urbano. A população se distribuía em cinco salas, três primeiros anos, um segundo e dois terceiros, com as seguintes características: alunos de ambos os sexos, idade variando entre catorze e vinte anos, com alguns casos excepcionais acima de vinte anos, e variados níveis econômicos. O desenvolvimento do estudo ocorreu entre a cidade de Cáceres e a vila Sadia, no mesmo município em três momentos, com a média de 25 alunos por viagem. Antes das aulas, os alunos fizeram uma pesquisa bibliográfica e cartográfica da região, identificando: clima, relevo, vegetação, formação geológica, hidrografia e exploração econômica. Os materiais utilizados foram a máquina fotográfica e blocos de anotações. As aulas se desenvolveram através de um roteiro previamente estabelecido junto com as classes, enfatizando os lugares que ocorreriam as paradas e os por quês das mesmas, sendo que ao todo foram quatro: a primeira na Camill, mineradora que extrai calcário no município; a segunda na serra do Mangaval, onde se analisou a formação de falhas e dobramentos; a terceira na vila Sadia, na qual foi observado as serras residuais e a pecuária extensiva; e a última parada no córrego do Facão para identificar a mata ciliar existente. Foram feitos relatórios individuais e depois debates por salas para democratização das análises obtidas.
RESULTADOS:
Inicialmente os resultados dos relatórios foram analisados a partir das localidades visitadas, dos objetivos de cada parada e das observações feitas individualmente no momento do debate. Os resultados revelaram que os alunos, a partir do momento que analisaram “in loco” o espaço com um mínimo de embasamento teórico prévio, apresentaram maior confiança e segurança no momento de discutir a percepção do trabalho de campo. As fotos tiradas na viagem, foram analisadas em sala de aula com o intuito de serem identificadas e comentadas, enfatizando a formação geológica e a área de exploração econômica, bem como o relevo e a vegetação que são expressivos na área. A análise dos resultados foi essencialmente qualitativa e permitiu fazer a seguintes observações: a) os alunos em uma aula de campo planejada têm seu aprendizado multiplicado; b) a interação aluno-meio ocorre de forma espontânea, bastando ao professor orientá-los ou questioná-los nas observações; e c) a aula de campo no ensino da geografia é fundamental, pois possibilita ao aluno fazer reflexão teoria-prática necessária a uma educação voltada para um ser ativo e participante, socialmente capaz de contribuir positivamente para a sociedade. Nesse contexto, a escola assume o seu real papel de contribuição social, que é a formação de um sujeito voltado para o seu meio e não apenas uma instituição que cumpre um papel burocrático de “formar” pessoas.
CONCLUSÕES:
Os resultados dessas aulas de campo, enfatizaram a necessidade de se trabalhar com mais aulas práticas no ensino da Geografia. Foi impactante as discussões em sala, pois a proximidade que eles tiveram com os objetos de estudo quebrou a timidez (relacionadas a debates em sala de aula). O aluno sujeito ativo foi despertado e levado a fazer reflexões sobre o meio no qual está inserido. Nesse processo, a Geografia ajudou o aluno em seu crescimento, a compreender a realidade que o cerca, processo este iniciado com o “olhar” da realidade imediata. Para logo em seguida, compreender e captar a inter-relação do homem com o seu meio e com meios diferentes e, também, as formas como essas relações acontecem. As questões econômicas e sociais foram muito enfatizadas nos debates, por serem muito expressivas, suas manifestações na paisagem de forma negativa. Sendo assim, os alunos após de algumas reflexões, sentiram a necessidade de saberem mais a respeito dos temas discutidos para apresentarem soluções. A ocupação espacial foi outra questão muito discutida, pois as observações levaram os alunos a refletirem sobre as formas de relevo e sua utilização econômica, como no caso estudado da pecuária extensiva, da agricultura de subsistência nas áreas baixas, da exploração de minério em formação de relevo mais altas e da relação humana estabelecida no processo de ocupação.
Palavras-chave:  Ensino de Geografia; Trabalho de Campo; Ensino-Aprendizagem.

Anais da 56ª Reunião Anual da SBPC - Cuiabá, MT - Julho/2004