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G. Ciências Humanas - 7. Educação - 18. Educação
JUVENTUDE E ORGANIZAÇÃO POLÍTICA: GRÊMIOS ESTUDANTIS NA ESCOLAS PRIVADAS DE CUIABÁ- MT
Nara Teixeira Souza 1   (autor)   naratsouza@hotmail.com
Maria Aparecida Morgado 2   (orientador)   
1. Mestranda do Programa de Pós-graduação, Instituto de Educ,Universidade Federal de Mato Grosso - UFMT
2. Prafa. Dra. do Programa de Pós-educação, Instituto de Educação, UFMT.
INTRODUÇÃO:
Este trabalho apresenta os resultados de uma pesquisa sobre a organização e funcionamento de grêmios estudantis no Ensino Médio. A produção de pesquisas sobre juventude e educação é, segundo alguns levantamentos, ainda tímida, e em sua grande maioria enfoca questões relacionadas aos jovens enquanto “problemas” sociais, não como a protagonistas. Os estudantes brasileiros, da Colônia à contemporaneidade, participaram ativamente de diversas lutas no país. Lutaram, principalmente, por liberdade, democracia, e por mudanças nas velhas estruturas econômicas, políticas, sociais e culturais. Dentro do Movimento Estudantil Secundarista, os grêmios são fundamentais: estão na base da organização dos estudantes, sendo entidades autônomas, que representam os interesses dos alunos do ensino fundamental e médio dentro da escola. Muitas escolas e educadores têm debatido a importância de educar os alunos para serem sujeitos críticos e participativos, responsáveis e democráticos. Para tanto se constroem propostas curriculares, projetos educacionais e tantos outros recursos pedagógicos que visam propiciar aos estudantes uma formação democrática e cidadã.No entanto, a sua política parece ficar deslocada dentro de estabelecimentos onde a organização estudantil, garantida por Lei Federal, e contemplada no Estatuto da Criança e do Adolescente, não é respeitada.
METODOLOGIA:
Este estudo está inserido dentro do projeto de pesquisa Educação da Juventude em Mato Grosso: Impasses e Perspectivas Político-Pedagógicas, desenvolvido pelo Grupo de Pesquisa “Educação, Jovens e Democracia” ligado ao Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal de Mato Grosso, e situa-se dentro da abordagem qualitativa, embasada em análise de documentos, boletins informativos de entidades, entrevistas realizadas com integrantes da Secretaria de Educação do Estado de Mato Grosso, alunos, professores, coordenadores e proprietários das escolas, representante da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas - UBES, e um referencial teórico sobre educação, juventude e democracia. A fim de realizar este estudo foram selecionadas as dez maiores escolas públicas e privadas do município, nestas escolas levantou-se quantas possuem ou não os grêmios.Posteriormente, delimitou-se a pesquisa em três escolas da rede privada, em duas que possuem o grêmio e uma que não possui.
RESULTADOS:
Os dados coletados indicam que existem mais grêmios nas escolas privadas do que nas escolas públicas de Cuiabá.Nas escolas da rede privada quando existem grêmios, na maioria da vezes, sofrem o controle por parte da administração da escola. Durante o desenvolvimento do trabalho verificou-se que embora a existência do Grêmio seja interessante para estimular a cidadania, , existem poucos funcionando na rede privada de Cuiabá. Diretores alegam que os estudantes não sabem tomar decisões pertinentes, que eles são incapazes de tomarem decisões de forma autônomas. Na verdade, ocorre que os estudantes são tolhidos em sua estrutura organizativa. Parece haver da parte dos dirigentes o temor de que, organizados os estudantes passem a reivindicar discussões no projeto político-pedagógico e, o que talvez seja o mais relevante, quanto à tomada de decisão sobre as mensalidades escolares, uma vez que há respaldo para isso na Lei nº 9.870.
CONCLUSÕES:
Há vários fatores que produzem a violência dentro, e fora das escolas; a tendência ao individualismo; e conseqüentemente a despreocupação com o coletivo. A diminuição da participação na vida política é um deles. Isso concorre para que os jovens percam a perspectiva de resolverem seus problemas dentro de um grupo, numa visão coletiva, interessando-se somente por assuntos de interesse pessoal em detrimento das questões sociais. Verifica-se que nas escolas onde os jovens estão organizados no Movimento Estudantil, através do Grêmio, a formação da consciência política e a sociabilidade criam uma percepção de valores coletivos, fazendo com que percebam que as dificuldades relacionadas à educação, à economia, à sociedade brasileira são problemas sociais, e que eles podem, e devem, opinar. A participação política da juventude pode contribuir para o aprofundamento da democracia em nosso país.
Palavras-chave:  Juventude; Educação; Movimento Estudantil.

Anais da 56ª Reunião Anual da SBPC - Cuiabá, MT - Julho/2004