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G. Ciências Humanas - 9. Sociologia - 6. Sociologia Urbana
AS DUAS FACES DO MODERNO EM SÃO LUÍS: O BAIRRO DO SÃO FRANCISCO E A OCUPAÇÃO URBANA NA LAGOA DA JANSEN NA ATUALIDADE
Ana Néri Macedo Lopes 1   (colaborador)   
Carlos Eduardo Ferreira Santos 1   (colaborador)   
Márcio Rogério Pereira Fonseca Santos 1   (colaborador)   
Thaís Ramos de Sousa 1   (autor)   
Vivian Régia Pereira Fonseca Santos 1   (colaborador)   vivian.fonseca@bol.com.br
Flávio Antônio Moura Reis 1   (orientador)   freis@elo.com.br
1. Depto. de Sociologia e Antropologia, Universidade Federal do Maranhão-UFMA
INTRODUÇÃO:
O presente trabalho pretende analisar algumas questões urbanas em São Luís, destacando as contradições sociais trazidas por um processo de urbanização que dividiu a cidade em antiga e moderna. O projeto de modernização da cidade tem início na década de 1960 com a construção do primeiro prédio residencial da cidade, o Edifício Caiçara. A ligação da construção desse conjunto de apartamentos residenciais com outras obras como a ponte do São Francisco nos anos 1970 faz parte dessa concepção de cidade moderna, em que não deveria haver disparidades em sua organização social e geográfica. Segundo Valdenira Barros em Imagens do Moderno em São Luís(2000), esse projeto modernizador tem por objetivo fornecer a São Luís o aspecto de cidade desenvolvida que vive uma nova fase histórica. Até então o São Francisco era um bairro ocupado por pescadores, pequenos comerciantes e lavradores que viviam sem água encanada, energia elétrica ou rede de esgoto. No entanto, de uma concepção urbana modernizadora que pretendia construir uma cidade moderna e homogênia ergueu-se uma cidade em que coexistem o moderno e a pobreza. Como exemplo dessas contradições sociais destacaremos nesse trabalho o processo de urbanização promovido no Igarapé da Jansen, uma ocupação urbana que se localiza no bairro nobre do São Francisco.
METODOLOGIA:
Como fundamentação teórica a este trabalho baseamo-nos em livros, revistas, jornais, dados extraídos do último censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e visitas realizadas no segundo semestre de 2002 ao bairro do São Francisco.
RESULTADOS:
Constatou-se com base em dados do IBGE que há uma grande concentração de renda em São Luís. O contingente populacional da cidade corresponde a 870.028 habitantes, sendo que apenas 118.347 possuem trabalho e moradia com acesso a rede de esgoto e água tratada. A construção de conjuntos residenciais não consegue evitar a proliferação de ocupações urbanas. Isto ocorre em virtude da baixa remuneração da maioria da população da cidade, que vivem em palafitas ou ocupações urbanas distantes dos serviços fornecidos pela cidade. Por outro lado, as pessoas que migraram do campo ocupam, na cidade, a sua área periférica, em que não há a menor infra-estrutura. As famílias que residiam na lagoa da Jansen (localizada no bairro nobre do São Francisco), foram deslocadas para uma área residencial construída pela prefeitura denominada Residencial da Jansen. Em nossas visitas de campo, observamos a presença de palafitas erguidas sobre o mangue nas proximidades do residencial da jansen, também conhecido como Igarapé da Jansen pela prefeitura e invasão do Residencial da Jansen pelos seus moradores. Através de entrevistas percebemos indícios de prostituição, de consumo de drogas e de crianças vasculhando o lixão.
CONCLUSÕES:
Podemos dizer que a concepção de uma cidade moderna sem disparidades em sua organização geográfica e social não se consolidou. As construções modernas convivem com as palafitas. Estas últimas, moradias precárias que acabam por simbolizar a segregação não só territorial, mas social de número considerável da população. O projeto modernizador, jamais se propôs a incluir socialmente os excluídos, mas veio para delimitar espaços entre uma cidade nova (moderna) e uma outra marcada pela exclusão e desigualdade social indicadora de conflitos e problemas antigos.
Palavras-chave:  ocupação urbana; urbanização; contradições sociais.

Anais da 56ª Reunião Anual da SBPC - Cuiabá, MT - Julho/2004