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G. Ciências Humanas - 7. Educação - 14. Ensino Superior
UM ESTUDO DE CASO SOBRE AS TRANSFORMAÇÕES NO MERCADO DE TRABALHO E A POLÍTICA DE EDUCAÇÃO DAS INSTITUIÇÕES PÚBLICAS DE ENSINO SUPERIOR
Francilene Soares de Medeiros 2   (autor)   francilenesoares@yahoo.com.br
Maria Arlete Duarte de Araújo 1   (orientador)   dfb@digi.com.br
Nuara de Sousa Aguiar 2   (autor)   nuara_aguiar@hotmail.com
1. Depto. de Ciências Administrativas, Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN
2. Depto. de Serviço Social, Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN
INTRODUÇÃO:
O processo de reestruturação produtiva e a inserção do modelo flexível de organização da produção, associada à expansão da globalização e das políticas neoliberais têm exercido forte impacto sobre o mundo do trabalho. Como resultante dessas transformações, figuradas ao longo do séc. XX, novos paradigmas de formação profissional vêm sendo firmados. O mercado que rege a sociedade pós-industrial (acelerada e competitiva) passa a exigir profissionais polivalentes, multifuncionais, competentes. O atual paradigma das competências laborais tem quebrado o padrão rígido no que se refere à qualificação. Ou seja, os talentos humanos, tais como memória, raciocínio, atitudes, habilidades, capacidade de comunicação, assumem um lugar de importância no processo de formação que delineará o perfil do profissional do século XXI. Sendo assim, surge a necessidade de se avaliar as políticas educacionais desenvolvidas nas instituições de formação profissional e qual a sua sintonia com as novas concepções e exigências de qualificação. Neste sentido, a pesquisa ora apresentada tem seu foco na formação profissional de nível superior, especificamente no âmbito da Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN. Trata-se de um estudo descritivo, cujo objetivo é avaliar a percepção dos egressos de 2000.1, dos cursos de Ciências Contábeis e Direito, quanto à formação profissional recebida e sua relação com as exigências sentidas na experiência de inserção no mercado de trabalho.
METODOLOGIA:
A pesquisa foi desenvolvida com os egressos, do período 2000.1, dos cursos de Ciências Contábeis e Direito da UFRN. Somando-se os dois cursos, contabilizava-se um universo de 40 alunos graduados, dos quais obteve-se a participação de 21, uma amostra equivalente a 52%. O instrumento de coleta de dados utilizado foi o questionário, cuja aplicação foi realizada via e-mail e correios. O questionário era composto por questões abertas e fechadas, as quais foram orientadas pelas seguintes variáveis: dados pessoais; atual situação profissional; sobre o mercado de trabalho (exigências, fatores mais e menos valorizados, avaliação do mercado acerca do profissional oriundo da instituição em questão) e sobre a formação acadêmica (conhecimentos, habilidades, atitudes, avaliação da formação).O procedimento utilizado para a análise dos dados foi a estatística descritiva.
RESULTADOS:
Algumas habilidades e atitudes foram apontadas pelos egressos como sendo as mais requisitadas pelo mercado de trabalho a um profissional. Dentre as habilidades destacam-se criatividade, visão crítica e sistêmica, raciocínio lógico, crítico e analítico, capacidade de identificar e gerenciar riscos, flexibilidade e capacidade de comunicação verbal e escrita. Quanto às atitudes, as mais citadas foram busca contínua por atualização e aperfeiçoamento, experiência prática, iniciativa, sensibilidade, capacidade de refletir e atuar criticamente, rapidez nas ações e espírito empreendedor. 71% dos entrevistados avaliam sua formação como sendo suficiente para ingressar no mercado de trabalho, mas insuficiente para disputar um bom cargo. Questionou-se acerca do nível de preparação dos egressos logo após a conclusão do curso. 52% responderam que se sentiam pouco preparados para iniciar sua carreira profissional, após a formação adquirida nos anos de curso. Com base na experiência vivenciada de inserção no mercado de trabalho, respondendo sobre qual seria a avaliação que este fazia acerca do profissional que a UFRN forma, 62% afirmaram que esses profissionais atendem parcialmente às exigências do mercado.
CONCLUSÕES:
O paradigma das competências laborais flexibiliza a formação com o objetivo de adequar os profissionais à nova lógica produtiva. Tal fato evidencia-se nas habilidades e atitudes requisitadas, cujo enfoque está no conjunto de competências que vão além do simples conhecimento cognitivo. Segundo os entrevistados, a instituição formadora não trata oficialmente do assunto e tem uma concepção de formação um tanto desarticulada dos novos parâmetros e exigências que se apresentam na atualidade. Este dado é preocupante, como é também a avaliação que fazem quanto ao grau de preparação e de capacitação para a disputa de um bom cargo e a concepção do mercado acerca dos profissionais formados por essa instituição. Diante do que se constata, algumas lacunas precisam ser preenchidas e uma atualização com os processos dinâmicos de transformação do mundo do trabalho, faz-se necessária. Esse desafio é posto às universidades, e no caso à UFRN, afetando seus vários atores. Assim, o Estado deve assumir a responsabilidade de fomentar a política educacional, fornecendo os recursos humanos, materiais e financeiros necessários para a garantia de uma formação de qualidade, baseada no tripé ensino-pesquisa-extensão. Aos docentes fica o desafio do comprometimento com a instituição e da busca constante por atualização e qualificação. E aos discentes, a missão de acompanhar as transformações, desenvolver suas habilidades e sistematizar a maior quantidade de conhecimentos, potencializando sua formação.
Instituição de fomento: PIBIC/CNPq
Trabalho de Iniciação Científica
Palavras-chave:  Política de ensino público superior; Formação profissional; Mercado de trabalho.

Anais da 56ª Reunião Anual da SBPC - Cuiabá, MT - Julho/2004