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F. Ciências Sociais Aplicadas - 2. Economia - 7. Economia Regional e Urbana
QUESTIONAMENTOS SOBRE A INFLUÊNCIA DAS MIGRAÇÕES NO APROFUNDAMENTO DAS DESIGUALDADES INTER-REGIONAIS NO BRASIL
Guilherme Porto Alves 1   (autor)   gp_alves@yahoo.com.br
Sandro Pereira Silva 1   (autor)   sandroecbr@yahoo.com.br
José Luiz Alcantara Filho 1   (autor)   zezo_filho@yahoo.com.br
Evaldo Henrique da Silva 1   (orientador)   
1. Depto. de Economia, Universidade Federal de Viçosa - UFV
INTRODUÇÃO:
Segundo os economistas dos Ciclos reais de Negócios a propagação dos ciclos econômicos é desencadeada por acontecimentos ou perturbações que alteram os níveis de equilíbrio do produto e emprego em mercados específicos e na economia em geral. As perturbações mais importantes são os choques sobre produtividade ou choques da oferta, e choques sobre a despesa pública. Alguns economistas justificaram isto através de trabalhos econométricos, argumentando que os migrantes no contexto brasileiro possuem uma disposição a enfrentar custos monetários e não-monetários, maior que os não-migrantes, ou seja, para estes economistas existe um choque de produtividade negativo em regiões nas quais existem um êxodo populacional para outras áreas do Brasil, justificando assim o atraso dessas regiões através destes choques. Este trabalho busca mostrar que não existe essa maior disposição, através de dados especificamente do estado de Minas Gerais de migração. E deste modo afirmar que o que leva as regiões com êxodo populacional a serem mais atrasadas não são os ditos “choques de produtividade” e sim a falta de políticas públicas eficientes e investimentos privados nestas regiões.
METODOLOGIA:
Foram utilizados dados econométricos do trabalho de Ferreira (2003) e dados do PNAD (1999). Os dados de Ferreira (2003) foram calculados através de uma análise de regressão que comparou a renda dos migrantes com os não-migrantes para o estado de Minas Gerais, levando-se em considerações fatores passíveis de controle. Nessa regressão foram calculados os coeficientes, erro padrão, estatístico t, P>|t|, e intervalo de confiança-95% , das informações e características dos migrantes como: com carteira, sem carteira, idade, empregador, funcionário público, sindicalizado, com conta própria, gênero, raça entre outros. E através destes dados, foi possível fazer uma análise sobre as conseqüências dos valores obtidos e uma comparação com projetos anteriores, já citado neste, referente às disparidades inter-regionais no país.
RESULTADOS:
Os valores obtidos mostram que o coeficiente para o estado de Minas Gerais é igual a – 0,332951, ou seja, isto significa que a renda do migrante é 3,32% menos do que os não migrantes, ceteris paribus, revelando assim um coeficiente com sinal invertido aos valores obtidos nos trabalhos dos economistas dos ciclos reais de negócios. Além disso, foram obtidos os valores do erro padrão: 0,0081982, estatística t que é igual a –4,06 e o intervalo de confiança de 95 % que é de –0.0172268. Destaca-se entre esses dados o coeficiente associado ao dummy de migração que não é altamente significativo, devido ao seu valor negativo encontrado. Verificamos assim que as pessoas que moram em Minas Gerais, ou seja, seus estados de origem, possuem em média renda maior que as pessoas oriundas de outros estados. Os resultados obtidos demonstram que os imigrantes no estado de Minas Gerais não são positivamente selecionados em relação aos nascidos no estado.
CONCLUSÕES:
Através dos dados econométricos e dados do PNAD/1999, pode-se concluir que no estado de Minas Gerais os migrantes não são positivamente selecionados em relação aos não-migrantes. Assim, este trabalho nega as conclusões obtidas por economistas dos ciclos reais de negócios que dizem que pessoas oriundas de outros estados têm maior disposição para enfrentar os custos monetários e não-monetários associados à migração. Com isso conclui-se que, o fato de migrantes saírem de estados com menor renda para estados com renda mais elevada não é o principal fator que está agravando as desigualdades inter-regionais de renda no país e sim outros fatores como falta de investimento, poupança, políticas públicas de distribuição de renda entre outros fatores endógenos e exógenos à economia brasileira, outra conclusão chegada é que nem se quer existem choques de produtividade devido à migração entre os estados como preferem acreditar os economistas desta corrente para justificar o atraso destas regiões.
Palavras-chave:  Migração; desigualdade inter-regional; choque de produtividade.

Anais da 56ª Reunião Anual da SBPC - Cuiabá, MT - Julho/2004