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H. Artes, Letras e Lingüística - 3. Literatura - 2. Literatura Comparada
PARÓDIA E NATURALISMO MITOLÓGICO NO Ulysses DE JAMES JOYCE
Márcia Maria Ribeiro Sales 1   (autor)   salesmarcia@uol.com.br
Nelma de Lourdes Oliveira Gomes 1   (orientador)   nelmagomes@uol.com.br
1. Centro de Humanidades, Fundação de Ensino Superior de Olinda – FUNESO
INTRODUÇÃO:
Sabe-se que a arte literária é, em si, uma manifestação de expressão cultural e de conhecimento. Desta forma, torna-se importante desvendar obras eternas assim como autores ímpares que instigam curiosidades com seus diferenciais. Um desses aparece na Literatura Inglesa, em específico no final do século XIX, James Joyce, um dos maiores escritores da modernidade, um dos grandes representantes da vanguarda do romance moderno, que nasceu em Dublin, em 1882, e faleceu em Zurique, em 1941. A obra analisada foi o Ulysses como o foco da pesquisa. “Cada capítulo de Ulysses desempenha várias funções simultaneamente: conta uma história, denota uma arte ou ciência, representa um órgão do corpo humano tendo um símbolo apropriado, e até mesmo dominado por uma cor apropriada” (BURGESS, 1994). A partir desta magnífica obra que encerra em cada episódio um estilo diferente e da ousadia do próprio procedimento joyceano, torna-se prazeroso tentar desvendar o labirinto de Ulysses. O objetivo principal da pesquisa foi analisar o paralelo entre a obra épica de Homero e o romance moderno de James Joyce e, em específico, avaliar o emprego dos elementos mitológicos paralelos entre as sagas do herói do primeiro autor em sua Odisséia e do segundo em sua obra Ulysses.
METODOLOGIA:
O delineamento do projeto da pesquisa foi iniciado a partir da leitura e análise da Odisséia, de Homero, como ponto de partida para a obtenção dos resultados, prosseguindo com a leitura da obra central de James Joyce, Ulysses. O tratamento utilizado nas duas obras engloba uma leitura atenciosa para as narrativas bastante distintas: uma da época da Grécia Clássica e sua mitologia, o fantástico épico a Odisséia, e a outra, na fase inicial do romance moderno da Literatura Inglesa, na quase incompreensível obra de Joyce, que retrata uma gama de conhecimentos diversificado sobre a vida e natureza humana. Foram desenvolvidas paralelamente, as análises dos elementos mitológicos destas duas obras incluindo diversas leituras de crítica literária para maior aprofundamento. Em específico, a comparação foi realizada sobre as 3 partes do livro de Joyce (Telemaquia, Odisséia e Nostos) nos seus 18 episódios, analisando em cada um o desenvolvimento da paródia baseada no naturalismo mitológico. Ainda foi possível participar de um grupo de leitura de Psicanalistas que estudam o Ulysses, possibilitando assim, trocar idéias e materiais sobre o autor e a obra.
RESULTADOS:
Após a análise paralela da natureza mitológica nas duas obras, de Homero (com XXIV rapsódias) e de James Joyce (com 852 páginas), evidenciam-se os pontos essenciais de cada uma. A Odisséia, que é a narração das aventuras de Ulisses desde a sua partida de Tróia, até a chegada em Ítaca, apresenta três personagens principais que são: Ulisses (homem guerreiro), Penélope (mulher fiel) e Telêmaco (filho prodígio). Paralelamente, no Ulysses de James Joyce têm-se: Bloom que é o Ulisses vivendo suas aventuras em Dublin; o jovem Stephen Dedalus como o Telêmaco em busca de um pai; Molly Bloom que é ao mesmo tempo a iludida Calipso e a fiel Penélope. Ítaca e Dublin, Ulisses e Bloom, Penélope e Molly, Telêmaco e Stephen são os focos centrais das duas fantásticas obras. Sem o conhecimento do propósito de Joyce de parodiar Homero, torna-se quase imperceptível qualquer um dos paralelos. Um dos exemplos interessantes para o entendimento é: “Joyce, como era de se esperar, achou que o assassinato dos perseguidores no final da Odisséia era sangrento e grandioso demais. O único derramamento de sangue no final do Ulysses é menstrual. Joyce faz Bloom derrotar seu rival, Blazes Boylan na mente de Molly Bloom, sendo o primeiro e último nos pensamentos dela quando ela adormece” (ELLMANN, 1989). Toda a obra Ulysses é desenvolvida neste parâmetro: com a presença de seres mitológicos da Odisséia de uma forma bastante ousada numa saga moderna sem par.
CONCLUSÕES:
Paródia e Naturalismo mitológico são as chaves para entender o labirinto joyceano presente em toda esta pesquisa literária, com o paralelo entre as duas obras citadas: a Odisséia, o universalmente famoso poema do regresso de Ulisses à sua Ítaca, uma aventura em terra e no mar e o Ulysses de James Joyce, a vida numa única cidade, Dublin, no período de 24 horas, recheado de pensamentos e reflexões sobre a vida humana. A paródia ulyssiana desenvolvida por Joyce é uma obra literária intencionalmente associada, passo a passo, nas suas quase infinitas relações mitológicas com a Odisséia de Homero. É o naturalismo mitológico na associação aos mitos ou deuses com que Joyce recheia seu Ulysses. O nível naturalista em Ulysses é de uma realidade perfeita, descrita em fatos cotidianos do homem que Joyce desenvolve em seus episódios, cenas, cores, símbolos, técnicas, arte e partes do corpo humano. Todos esses elementos têm sua representação específica, exclusivamente montada por Joyce no desenvolvimento da sua narração e que estão diretamente associados diretamente à inserção dos seres mitológicos da obra. A paródia e o naturalismo inspirados na mitologia grega, em específico na obra de Homero, a Odisséia, resultam num mundo fantástico que é a história em comum, num único dia em Dublin, 16 de Junho de 1904, que nada mais é que o labirinto do Odisseu de James Joyce.
Instituição de fomento: PIBIC/ FUNESO/ UNESF
Trabalho de Iniciação Científica
Palavras-chave:  Literatura: James Joyce - Ulysses; Mitologia Grega: Homero- Odisséia; Paródia e Naturalismo Mitológico.

Anais da 56ª Reunião Anual da SBPC - Cuiabá, MT - Julho/2004