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G. Ciências Humanas - 4. Geografia - 2. Geografia Regional
A DINÂMICA DO ESPAÇO URBANO E AS QUESTÕES AMBIENTAIS EM CUIABÁ - MT
Jandyra Luz Teixeira 1   (autor)   jandyra@cpd.ufmt.br
Elídia de Abreu 1   (autor)   elidiaabreu@terra.com.br
Rita de Cássia O. Chiletto 1   (autor)   rchiletto@terra.com.br
Selma V. Borges Gonçalves 1   (autor)   selmavbg@terra.com.br
Tânia Regina Kinasz 1   (autor)   Bcarlos@vsp.com.br
Gilda Tomasini Maitelli 1   (orientador)   maitelli@terra.com.br
1. Departamento de Geografia  Universidade Federal de Mato Grosso-UFMT
INTRODUÇÃO:
O ambiente urbano é exemplo significativo das alterações que as atividades humanas causam no ambiente natural gerando, na maioria das vezes, problemas que interferem na qualidade de vida da população. A cidade de Cuiabá, em Mato Grosso, passou por intensa urbanização, tendo praticamente dobrado sua população, num curto espaço de tempo. Tal fato, aliado às dificuldades do poder público em gerenciar esse processo, gerou problemas ambientais de grande amplitude, e suas conseqüências são bastante perceptíveis, notando-se a maior concentração de poluentes do ar e da água, a degradação do solo e subsolo, a falta de tratamento adequado de resíduos, a produção de micro-climas desconfortáveis, alterações no regime de chuvas e ventos, formação de ilhas de calor, impermeabilização do solo, retirada da vegetação de avenidas e praças, queimadas urbanas, depredação do patrimônio natural, trânsito caótico, enchentes, desabamentos, assentamentos em áreas de risco e de proteção permanente. Torna-se importante o estudo desses problemas e variáveis, pois afetam diretamente toda a população, que por sua vez se concentra cada vez mais no ambiente urbano, respondendo ao estímulo do modelo econômico eleito. Sendo assim, este trabalho tem como objetivo analisar aspectos da dinâmica do espaço urbano, relacionados a alguns problemas ambientais decorrentes desse processo, em Cuiabá, discutindo a questão das enchentes urbanas, das queimadas, da formação de ilhas de calor e da favelização incessante.
METODOLOGIA:
Para tanto, adotou-se a pesquisa bibliográfica como base da fundamentação teórica; identificação e delimitação da área analisada; realização de entrevistas em campo; análise e interpretação das informações obtidas - com a finalidade de observar e avaliar as condições atuais e os impactos produzidos no ambiente urbano-.
RESULTADOS:
As enchentes urbanas em Cuiabá ocorrem, via de regra, devido a canalização de córregos, ao desmatamento e urbanização das margens e assoreamento dos canais, a construção de avenidas e loteamentos populares ao longo dos mesmos, suprimindo a área de preservação permanente. Também contribuem as ocupações em áreas de risco e o grande volume de lixo jogado nos corpos hídricos, principalmente pela população de baixa renda, concorrendo para deteriorar a paisagem e tornar o Pantanal um contraditório cartão de visitas. As altas taxas de concentração de poluentes por coliformes fecais, nas águas superficiais, submetem a população a grande risco de contaminação por doenças de veiculação hídrica. Outro grave problema acontece no período da seca, quando as queimadas urbanas se multiplicam, intensificando a poluição atmosférica e propiciando o surgimento de doenças respiratórias, atingindo todas as camadas da população. O espaço construído sem a observação das condições adequadas, garantidas pela legislação existente, muito contribui para a criação de micro-climas desconfortáveis e a formação de ilhas de calor, fenômeno climático com influência negativa para a população que habita uma cidade situada em baixa altitude e na zona tropical. Estudos feitos em Cuiabá comprovam que as áreas de maior densidade de construções, ausência de superfícies vegetadas e grande circulação de veículos, são até 6ºC mais aquecidas do que áreas com menor densidade de construção ou áreas de preservação.
CONCLUSÕES:
Em virtude da intensa e desordenada expansão urbana de Cuiabá tornam-se cada vez mais graves as alterações no quadro ambiental, visto que a transgressão da Legislação vigente é muito freqüente. Diante da realidade social, e da visão restrita do poder público, que observa apenas uma parte da cidade, considerada legal, torna-se inviável a aplicação de leis e estas também se tornam ineficazes. Esta situação continuará a existir enquanto não se estabelecer, entre outras prioridades, uma política habitacional mais justa e de desenvolvimento urbano coerente com a realidade local. A preservação ambiental deve ser compatível com o desenvolvimento social e urbano. A educação ambiental surge com o papel de promover a mudança de postura através da sensibilização, participar na formação de cidadãos capazes de compreender as relações entre o homem e o meio, necessárias para a participação ativa na solução de problemas, onde cada cidadão pode ser um agente transformador, se estiver eticamente comprometido com as questões sociais e ambientais.
Concluindo, indagamos o papel do poder público nos novos métodos de planejamento e gestão das políticas públicas e qual sua contribuição para a formação de cidadãos agentes sociais, capazes de compreender essas relações e ter participação realmente ativa numa nova conduta? Estes questionamentos buscam dar subsídio e respaldo na procura por uma melhor qualidade de vida para toda a população, preservando a dignidade humana e o equilíbrio ambiental.
Palavras-chave:  Enchentes urbanas; Queimadas urbanas; Ilhas de calor.

Anais da 56ª Reunião Anual da SBPC - Cuiabá, MT - Julho/2004