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C. Ciências Biológicas - 8. Genética - 1. Genética Animal
CITOGENÉTICA DE CHARACIFORMES: CARACTERIZAÇÃO CROMOSSÔMICA DE TRIPORTHEINAE (PISCES CHARACIDAE) DO MÉDIO ARAGUAIA
Alessandra Bartimachi 1   (autor)   bartimarchi@yahoo.com.br
Paulo Cesar Venere 2   (orientador)   pvenere@uol.com.br
Issakar Lima Sousa 3   (co-orientador)   issakar.souza@bol.com.br
1. Depto. de Ciências Biológicas e da Saúde, ICLMA-UFMT
2. Depto. de Ciências Biológicas e da Saúde, ICLMA-UFMT
3. Universidade Estadual de Maringá
INTRODUÇÃO:
A fauna de peixes de água doce da América do Sul é muito rica, comportando diferentes grupos, com uma grande variação de formas, biologia alimentar e reprodutiva. Em sua maioria, são representados pelas ordens Characiformes e Siluriformes, sendo os Characiformes, dominantes. Essa ordem abriga formas herbívoras, omnívoras, iliófagas e carnívoras, estando, a maioria delas, incluídas na família Characidae. Várias subfamílias compõem os characídeos, dentre as quais merece destaque os Triportheinae. São peixes de pequeno porte, tendo como o gênero mais importante Triportheus. Estes são conhecidos popularmente como sardinhas, e se caracterizam por apresentar o peito expandido e comprimido, formando uma quilha. A maioria é omnívora, com distribuição ampla nas águas continentais da região Neotropical. Os estudos citogenéticos realizados no gênero revelaram 2n=52 cromossomos dos tipos meta (M), submeta (SM), subtelo (ST) e acrocêntricos (A), e a presença de um sistema de cromossomos sexuais do tipo ZZ/ZW. Dentre as espécies de Triportheus existentes no rio Araguaia, apenas Triportheus elongatus foi estudada até o momento. Deste modo, objetivou-se o presente trabalho, ampliar os conhecimentos sobre as informações cromossômicas desse grupo, já que o mesmo representa um potencial enorme a ser explorado em nível citogenético.
METODOLOGIA:
Foram analisadas três espécies da subfamília Triportheinae: 04 fêmeas e 09 machos de Triportheus angulatus, 3 fêmeas e 2 machos de Triportheus elongatus e 02 fêmeas de T. albus , coletadas no rio Araguaia, próximo aos municípios de Aragarças-GO e Barra do Garças-MT. As coletas foram realizadas com tarrafas e anzóis. Imediatamente após as coletas, os exemplares foram acondicionados em caixas de isopor e transportados para o Laboratório de Ictiologia do ICLMA/UFMT. Para a obtenção dos cromossomos mitóticos, foi utilizada a metodologia de suspensão celular de rotina em citogenética de peixes e para a análise das regiões organizadoras de nucléolos, utilizou-se da metodologia de impregnação pelo nitrato de prata (AgNO3).
RESULTADOS:
As espécies analisadas apresentaram um número diplóide 2n=52. Triportheus elongatus tem 18 cromossomos M, 16SM, 16ST e 2A. Em Triportheus angulatus, os cariótipos se mostraram organizados com 20M, 20SM e 12ST; entretanto, alguns indivíduos apresentaram uma pequena variação, com a detecção de cariótipos com 20 cromossomos M, 20SM, 10ST e 2A. Finalmente, para T. albus os cariótipos se apresentaram com 18M, 16SM, 14ST e 4A. Em relação à impregnação pelo AgNO3, Triportheus angulatus e Triportheus elongatus apresentaram um número modal de sete e seis nucléolos, respectivamente, e um número predominante de quatro cromossomos portadores de sítios DNAr. Nos espécimes de T. angulatus, com cromossomos A, e em T. albus, não se obteve resultados satisfatórios de Ag-RONs, não se podendo afirmar com exatidão o número de nucléolos por núcleo interfásico e de cromossomos portadores desses sítios para esses espécimes. As espécies Triportheus angulatus e Triportheus elongatus revelaram um sistema de cromossomos sexuais do tipo ZZ/ZW, sendo o cromossomo W de tamanho inferior ao Z. Ainda que só se tenha estudado duas fêmeas de T. albus, os resultados também sugerem a ocorrência de cromossomos sexuais nessa espécie, pois, nos indivíduos analisados, ocorre um cromossomo M grande e um de tamanho inferior, que não possui homologia no cariótipo.
CONCLUSÕES:
Os resultados do presente trabalho reforçam dados anteriores sobre a ocorrência de cromossomos sexuais nos Triportheinae.Triportheus angulatus e Triportheus elongatus podem ser colocadas entre as espécies caracterizadas pela posse de um sistema múltiplo de regiões organizadoras de nucléolos. A existência de alguns exemplares de Triportheus angulatus com um par de cromossomos acrocêntricos sugerem a existência de citótipos distintos entre os indivíduos analisados, o que demanda uma análise minuciosa específica para a confirmação dessa hipótese. A presença de um sistema de cromossomos sexuais tão característico para o grupo reforça a hipótese de que Triportheinae representa uma unidade filogenética independente dentro da família Characidae.
Instituição de fomento: CNPQ e IBAMA
Trabalho de Iniciação Científica
Palavras-chave:  Citogenética; Triportheus; Cromossomo Sexual.

Anais da 56ª Reunião Anual da SBPC - Cuiabá, MT - Julho/2004