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G. Ciências Humanas - 7. Educação - 18. Educação
O PAPEL DAS COOPERATIVAS-ESCOLAS DO CENTRO-OESTE NA FORMAÇÃO DOS JOVENS
Ulisses Nascimento de Souza 1   (autor)   ulns@yahoo.com.br
Manoel Francisco de Vasconcelos Motta 1   (orientador)   mmotta@cpd.ufmt.br
1. Pós-graduação em Educação, Universidade Federal de Mato Grosso - UFMT
INTRODUÇÃO:
Esta pesquisa procurou compreender a importância político pedagógica da Cooperativa-Escola na formação de jovens que vivenciaram esta experiência durante sua vida acadêmica.
Existem Cooperativas–Escolas nas instituições federais de ensino classificadas como cooperativas de alunos, cuja característica principal na formação do quadro social é a presença de jovens devidamente matriculados no estabelecimento de ensino e que através de normalizações, ingressam, participam das decisões, administram a empresa cooperativa e se envolvem em todo o processo produtivo. Esta modalidade de cooperativa foi extremamente difundida nas Escolas Agrotécnicas Federais e Centros Federais de Educação Tecnológica, à partir da década de 1970, pela facilidade de viabilização da mesma e por fazer parte do currículo escolar, além do incentivo do Ministério de Educação na sua implantação, tendo em vista o resultado prático possibilitado pela sua realização. Na região Centro Oeste do país as Cooperativas–Escolas passaram por momentos diferentes de atuação prática, trazendo em cada fase situações distintas de acordo com a vocação e capacidade de produção da instituição de ensino. Nesta região encontram-se quatro Instituições Federais de Ensino, sendo uma Escola Agrotécnica Federal no município de Cáceres-MT, e três Centros Federais de Educação Tecnológica, com ênfase no setor agropecuário e industrial, sendo dois em Goiás, nos municípios de Urutaí e Rio Verde e um em Mato Grosso no município de Cuiabá.
METODOLOGIA:
Este estudo foi realizado nas Cooperativas-Escolas da Escola Agrotécnica Federal de Cáceres-MT, Cooperativa-Escola do Centro Federal de Educação Tecnológica de Cuiabá-MT, Cooperativa-Escola do Centro Federal de Educação Tecnológica de Rio Verde-GO e Cooperativa-Escola do Centro Federal de Educação Tecnológica de Urutaí-GO, nos meses de novembro e dezembro de 2003 e janeiro e fevereiro de 2004. A pesquisa abrange as contribuições da perspectiva qualitativa adotando como estratégia inicialmente de um levantamento e análise documental relativa as Cooperativas-Escolas selecionadas e a seleção de egressos que ocuparam cargos na diretoria da Cooperativa-Escola durante sua vida acadêmica. Foram realizadas entrevistas semi-estruturadas composta de vinte e quatro egressos que ocuparam estas funções no período de 1978 a 2000, sendo seis por instituição. O levantamento e análise documental possibilitaram dados relativos à fundação, constituição, importância e acompanhamento das cooperativas, além, de indicar os egressos no período estabelecido. As entrevistas semi-estruturadas, a investigação e compreensão dos egressos frente às cooperativas e a influência em sua própria formação profissional e enquanto empreendedor.
RESULTADOS:
Os dados levantados evidenciaram que as Cooperativas-Escolas têm em seu quadro social, jovens na faixa etária entre 15 e 20 anos. Desses, 70% são provenientes do meio rural.
Todo o quadro administrativo é composto por jovens discentes (cooperados), democraticamente eleitos anualmente e com o objetivo de conduzir os trabalhos da empresa cooperativa. No caso de um ocupante da diretoria não desempenhar adequadamente suas funções, o conselho pode substitui-lo por um suplente, nesse caso o cooperado não é retirado da diretoria, apenas do cargo. O professor coordenador tem a responsabilidade de orientar as atividades do conselho e dar suporte aos estudantes para a execução de suas funções. Do total dos egressos contatados para a realização das entrevistas, após agendamento das mesmas, 8,33%, se recusaram a realizá-la. Os demais prontamente participaram. Os entrevistados apontaram que a experiência de participar administrativamente nas cooperativas trouxe um amadurecimento pessoal e profissional. Outro fator citado foi a oportunidade de desempenhar com segurança suas atividades profissionais e visão de gestão e empreendedorismo. Também ficou evidenciado como aspectos positivos o desenvolvimento de liderança e o intercâmbio com empresários e pessoas envolvidas no meio agro industrial.
CONCLUSÕES:
Percebe-se, portanto o contexto didático–pedagógico das cooperativas, enquanto instrumento de aprendizagem da prática cooperativista. Entretanto um dos aspectos principais do seu papel na formação conceptual e filosófica dos jovens é propiciar uma vivência cooperativista, onde os cooperados têm oportunidade de conviver com todos os benefícios do associativismo. A prática cooperativista vivenciada enquanto acadêmico, proporciona além do amadurecimento na experiência coletiva, a possibilidade de colocação no mercado de trabalho e a gestão do agronegócio em cargos de gerenciamento, este é um diferencial importante na formação destes jovens, priorizando o fazer cooperativo em seu sentido primordial, ou seja, não só estudar ou conhecer os fenômenos cooperativos, mas vivê-los e experimentá-los, através de pequenos grupos ou de uma cooperativa–escola, que conjugue o interesse pessoal, o trabalho em comum seguindo os princípios cooperativistas. Este estudo possibilitou a compreensão da importância política pedagógica da cooperativa-escola na formação dos jovens cooperados, bem como a relevância da sua existência na estrutura organizacional dos Centros Federais de Educação Tecnológica. Durante o estudo e nas análises realizadas, pode-se confirmar a importância desta oportunidade aos jovens, principalmente do meio rural, justificado pelo fato de encontrarmos egressos desempenhando papéis sociais de relevância além de conquistarem cargos públicos nos diversos municípios da região.
Palavras-chave:  Educação; Juventude; Cooperativismo.

Anais da 56ª Reunião Anual da SBPC - Cuiabá, MT - Julho/2004