IMPRIMIRVOLTAR
D. Ciências da Saúde - 3. Saúde Coletiva - 1. Epidemiologia
IMPACTO DE MEDIDAS DE CONTROLE SANITÁRIO NA PREVALÊNCIA DE ENTEROPARASITOSES NA COMUNIDADE DE MIGUEL RODRIGUES, DIOGO DE VASCONCELOS, MINAS GERAIS 2001-2003
Bráulio Marcone de Castro 1   (autor)   brauliomarcone@yahoo.com.br
Carla Costa e Silva Scarpa 1   (autor)   
Elton Luís da Silva 1   (autor)   
Enyara Rezende de Moraes 1   (autor)   
Joice Tavares de Magalhães 1   (autor)   
Mírian Conceição de Souza 1   (autor)   
Nancy Scardua Binda 1   (autor)   
Stêfany Bruno de Assis Cáu 1   (autor)   
George Luiz Lins Machado Coelho 2   (orientador)   Prof. Dr.
Rogelio Lopes Brandão 3   (co-orientador)   Prof. Dr.
1. Bolsista do PET-Farmácia, Departamento de Farmácia, Escola de Farmácia-UFOP
2. Prof. Dr. do Departamento de Farmácia, Escola de Farmácia-UFOP
3. Tutor do PET-Farmácia, Prof. Dr. do Departamento de Farmácia, Escola de Farmácia-UFOP
INTRODUÇÃO:
As enteroparasitoses constituem importante problema de saúde pública na maioria dos países em desenvolvimento, onde geram desde problemas no desenvolvimento das crianças a comprometimento da capacidade produtiva dos adultos. No controle destas doenças, dependente das condições sanitárias da comunidade, é necessária a aplicação de medidas, que vão desde a educação e o tratamento da população à engenharia sanitária. Deste modo o grupo PET Farmácia/UFOP, com o patrocínio da ALCAN Alumínio do Brasil, propôs determinar o impacto das medidas de controle sanitário sobre a prevalência das enteroparasitoses no distrito de Miguel Rodrigues, município de Diogo de Vasconcelos, Minas Gerais.
METODOLOGIA:
O estudo foi realizado na área de entorno do reservatório da PCH Fumaça, onde está localizado o distrito de Miguel Rodrigues. O tipo de estudo epidemiológico foi o inquérito de prevalência. A população alvo foi a residente no entorno do reservatório da PCH Fumaça, que se concentra, em sua totalidade no distrito de Miguel Rodrigues. A população foi caracterizada segundo o número de pessoas por domicílio, grupo etário, sexo e nível sócio-econômico. Ao chefe da família foi aplicado um questionário contendo questões sobre o nível sócio-econômico da família e características do domicílio. A todos os indivíduos da família foi aplicado questionário pré-codificado de hábitos comportamentais e de higiene pessoal. Foram distribuídos recipientes para coleta da amostra biológica. O teste realizado foi o Hoffman Pons Janes. As informações demográficas e clínicas coletadas foram revisadas e digitadas no Programa Epi Info 2002 (CDC). O perfil dos indivíduos, segundo variáveis demográficas (idade, sexo, cor da pele, escolaridade, nível sócio-econômico, tipo de habitação, ocupação), foi determinado pela análise descritiva. As taxas de prevalência das parasitoses foram calculadas para uma base de 100 habitantes. As medidas de controle sanitário adotadas foram educação em saúde através de palestras e manuais de orientação, tratamento clínico com dispensação de medicamentos anti-helmínticos e construção de uma estação de tratamento de água e esgoto.
RESULTADOS:
No ano de 2001, foram observados 35,4% de indivíduos parasitados, sendo os parasitas patogênicos mais freqüentes na comunidade aqueles transmitidos pela via fecal-oral (Ascaris lumbricoides – 11,9%) e pela via hídrica (Entamoeba hystolitica/E. díspar – 7,6% e Giardia duodenalis – 12,9%). No ano de 2003, foram observados 34,69% de indivíduos parasitados, com uma redução significativa para alguns dos parasitas. O A. lumbricoides (8,16%) teve uma redução de 31,4%. A E. hystolitica/E. dispar (2,04%) e G. duodenalis (8,84%) apresentaram reduções significativas de 73,2% e 31,5%, respectivamente.
No ano de 2001, o percentual de infecção por helmintoses para indivíduos menores de 1 ano foi igual a 0,0%, de 1 a 4 anos, 6,67%; 5 a 9 anos, 17,39%; 10 a 18 anos, 21,43%; 19 a 49 anos, 13,36% e de 50 anos ou mais igual a 17,65%. Em relação às protozooses patogênicas, os percentuais de infecção para estes mesmos grupos etários foram, respectivamente, iguais a 0,0%, 53,33%, 43,48%, 28,57%, 17,11% e 29,41%. No ano de 2003, o percentual de infecção por helmintoses para indivíduos menores de 1 ano foi igual a 0,0%, de 1 a 4 anos, 0,0%; 5 a 9 anos, 20,0%; 10 a 18 anos, 10,0%; 19 a 49 anos, 14,55% e de 50 anos ou mais igual a 11,54%. Em relação às protozooses, os percentuais de infecção para estes mesmos grupos etários foram, respectivamente, iguais a 0,0%, 0,0%, 20,0%, 35,0%, 25,45% e 15,38%.
CONCLUSÕES:
A construção tanto de uma rede de esgoto pública quanto de um sistema de tratamento de água,
capazes de melhorar a captação e tratamento da água da localidade, foram importantes na redução da transmissão de parasitoses por essa via. As orientações sanitárias, fornecidas à população e seus líderes, estimularam a adoção de medidas cotidianas de prevenção das enteroparasitoses pelos indivíduos da comunidade, que se estendam a gerações vindouras. O diagnóstico e tratamento clínico foram providências úteis para a recuperação da saúde e redução da transmissão através de indivíduos parasitados. As medidas de controle adotadas em conjunto (educação, tratamento e saneamento básico) reduziram de forma significativa as taxas de prevalência das enteroparasitoses na região.
Instituição de fomento: ALCAN, SeSu
Palavras-chave:  Enteroparasitoses; Controle sanitário; Prevalência.

Anais da 56ª Reunião Anual da SBPC - Cuiabá, MT - Julho/2004