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G. Ciências Humanas - 8. Psicologia - 7. Psicologia do Ensino e da Aprendizagem
PROGRAMA CATAVENTO: O PAPEL DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA PARA A EMPREGABILIDADE E INCLUSÃO SOCIAL
Juliana Gomes de Figueiredo 1   (autor)   jujhufigueiredo@bol.com.br
Gustavo Souza 1   (autor)   
Jefferson José Azevedo 4   (autor)   
Nomara Guedes de Oliveira 1   (autor)   
Maria Angela Varella Cabral 3   (orientador)   programacatavento@yahoo.com.br
Elizabeth Fernandes 3   (orientador)   
1. Departamento de Psicologia, Universidade Federaldo Espírito Santo - UFES
2. Ciência da Computação, Fundação de Assistência e Educação - FAESA
3. Ação Comunitária do Espírito Santo - ACES
4. FAVI - Faculdade Vitoriana
INTRODUÇÃO:
Na presente pesquisa, promovemos um estudo dentro do campo da Educação Inclusiva, cujo principal propósito é promover a inclusão social, valorizando a diversidade e a qualidade de vida das pessoas com necessidades especiais, através da educação, da qualificação profissional e da empregabilidade. Percebe-se, na atualidade, o lugar central que o trabalho ocupa em nossa sociedade e em nossas vidas, sendo considerado um dos principais parâmetros para a construção de sentidos, de subjetividades, de existências. Para as empresas contratantes, as pessoas com necessidades especiais não estão habilitadas a ocupar cargos técnicos devido à falta de qualificação para o trabalho e, também, por tutela exagerada das famílias e instituições de apoio, dificultando a sua autonomia e o seu desenvolvimento. Além disso, há uma resistência exacerbada da sociedade, como um todo, em dar credibilidade à capacidade para o trabalho da pessoa com deficiência. Apesar desses inúmeros entraves, a intermediação para a empregabilidade tem sido viabilizada através de empresas, sindicatos e setores públicos com fundamentação na legislação e orientações da Delegacia e do Ministério do Trabalho. Nossa pesquisa visou, portanto, investigar se os cursos profissionalizantes oferecidos por um programa de Educação Inclusiva no município de Vitória-ES estão efetivamente cumprindo seu papel para a inclusão social dos portadores de necessidades especiais através de sua inserção no mercado de trabalho.
METODOLOGIA:
No decorrer da pesquisa, realizamos entrevistas estruturadas com 119 sujeitos com comprometimentos físicos, sensoriais, mentais ou múltiplos cuja escolaridade variou do analfabetismo ao ensino médio, numa faixa etária de 16 a 50 anos, durante os anos de 2002 e 2003. Os sujeitos entrevistados eram alunos matriculados em, pelo menos, um dos treze diferentes cursos profissionalizantes oferecidos por um programa de Educação Inclusiva no município de Vitória.
Outro instrumento metodológico foi um levantamento bibliográfico acerca da temática, visando ampliar nosso referencial teórico para discutir a relevância da inclusão social dos portadores de necessidades especiais. Fizemos observações sistemáticas no cotidiano dos educandos nas salas de aula. O conteúdo das observações, juntamente com alguns comentários e apontamentos de fundamental importância para a pesquisa, foi registrado em um diário de campo. Por fim, procedemos a uma análise dos relatórios de conclusão de curso que cada um dos educandos apresentou como requisito curricular.
RESULTADOS:
Entre os cento e dezenove educandos entrevistados na pesquisa, 25% recebia o Benefício de Prestação Continuada (BCP), que é uma renda mínima recebida por portadores de necessidades especiais incapacitados para o trabalho e com renda familiar per capita inferior a um quarto de salário mínimo; 44% não recebia o BCP e não estava empregado; 20% já estava empregado; e 11% não houve confirmação.
Observamos, no cotidiano das aulas, as inter-relações nos grupos constituídos por pessoas com diferentes necessidades especiais, o desejo de adquirir habilidades para uma profissão e as transformações atitudinais e dos espaços físicos gerados pela presença dos educandos.
Nos relatórios de conclusão de curso constavam os relatos das experiências dos educandos, bem como suas opiniões sobre o curso. Esses relatórios também continham suas expectativas com relação ao futuro e às perspectivas de conseguir emprego.
CONCLUSÕES:
Dentre os aspectos avaliados no desenvolvimento da pesquisa, destacamos alguns pontos principais. Consideramos relevante que 25% dos educandos sejam beneficiários do BCP, já que o benefício deixa de ser recebido quando a pessoa passa a trabalhar. Isto é, os educandos, mesmo habilitados pelo curso, sentem-se inseguros de sua inserção no mercado de trabalho, fato corroborado pelos relatórios de conclusão de curso. Segundo os resultados, 44% dos educandos não conseguiram emprego, um percentual bastante significativo. Podemos enumerar alguns aspectos que dificultam sua inserção no mercado de trabalho: a escolaridade em níveis iniciais de ensino fundamental, acrescida de aprendizagem insatisfatória; a ausência de adaptações arquitetônicas nos locais de trabalho e a expectativa dos empregadores em contratar pessoas com "comprometimentos leves".
Para transformar o contexto das pessoas com necessidades especiais é preciso propor mudanças nas atitudes sociais. Para tanto, faz-se necessário a superação de culpabilidades biológicas e a criação de experiências de vida que garantam a estimulação adequada e a maximização da sua inclusão social, valorizando a independência corporal, a maturidade emocional, atuando no sentido da promoção da sua cidadania e autonomia. É, pois, preciso muito mais que a educação profissional da pessoa com deficiência.
Instituição de fomento: Ação Comunitária do Espírito Santo - ACES
Palavras-chave:  Educação Inclusiva; Inclusão Social; Empregabilidade.

Anais da 56ª Reunião Anual da SBPC - Cuiabá, MT - Julho/2004